Unanimidade Amnésica

Os jornais desportivos de hoje são unânimes: não há memória de um jogador marcar um golo e, em vez de o comemorar, pedir desculpa ao público e ser aplaudido de pé.

São unanimemente amnésicos, claro! Quando Rui Costa marcou no Estádio da Luz pela Fiorentina, ainda a bola não tinha entrado na baliza e já o Rui Costa estava lavado em lágrimas. Em vez de comemorar, chorou. E foi aplaudido de pé.

E jogadores a serem aplaudidos pelos adeptos adversários são aos montes. O caso mais célebre talvez seja o de Maradona. No Itália 90 a Argentina de Maradona foi jogar contra a Itália, anfitriã da competição, em Nápoles. Nápoles onde Maradona jogava. Era praticamente o rei de Nápoles. A devoção dos napolitanos por Maradona era algo nunca antes visto. Sem Maradona o Nápoles era um clube de meio da tabela, com Maradona sagrou-se campeão e ganhou uma taça europeia, não me lembro se a UEFA se a Taça das Taças. Em vésperas do jogo Maradona pediu ao público de Nápoles que o apoiasse a ele e à Argentina em vez de apoiar a Itália. A resposta veio em forma de faixa no estádio: "Maradona: Nápoles é tua, mas nós somos italianos". A Argentina ganhou, em penalties, Maradona marcou o último e eliminou a Itália. No final foi aplaudido. De pé, claro.