30 junho 2008

Diário de viagem

Na quarta-feira, tinha eu chegado ao sítio X, onde era suposto ir, dirijo-me ao edifício A, que tinha cara de ser o que eu precisava e pergunto onde é o local Y, onde estariam à minha espera. A funcionária, chamemos-lhe Ermelinda, com ar solícito, diz-me que se calhar é no andar de cima. Subo as escadas, aquilo não se parece nada com um local do tipo Y, e pergunto a outra pessoa, essa com ar de estar mais informada. Ela diz-me que deve ser no edifício do lado. Vou para o edifício do lado, chamemos-lhe B, e pergunto onde é o local Y e dizem-me que deve ser no edifício C, em frente, onde já estarão as outras pessoas, chamemos-lhes P1, P2, ..., Pn. Chegado ao edifício C dou de caras com a funcionária Ermelinda, ao pé das pessoas P1, P2, ..., Pn, com cara de quem não percebe porque é que não fomos logo ao edifício C, em vez de termos andado às voltas...

Passado um pouco de tempo preciso que a funcionária Ermelinda me arranje uma extensão tripla para ligar coisas daquelas que precisam de quilowatts. A funcionária mostra um ar de pânico, como quem não faz ideia do que falo e não sabe onde arranjar (apesar de todas as pessoas me terem indicado a funcionária Ermelinda como a pessoa a quem deveria pedir a extensão eléctrica). Passado um quarto de hora (aquilo dá trabalho, han?) aparece a funcionária Ermelinda com uma extensão tripla de 2 metros de comprimento. A tomada mais próxima está a cerca de 8 metros e eu pergunto à funcionária Ermelinda onde é suposto eu ligar aquilo, porque a tomada está na outra ponta do local Y (que é um espaço aberto e eu estou precisamente no meio do espaço!). E ela diz-me com o seu ar cândido, característico das Ermelindas: Ah, olhe que não sei...

Coitada, o que é que eu estava à espera?

Diálogos para a posteridade

Menina com ar simpático: Bom dia, posso pedir-lhe um minuto de atenção?
Eu, a olhar para o relógio: Sim, um minuto.
Menina com ar simpático: É para lhe falar dos cartões de crédito do City Bank.
Eu, com ar de frete: Não estou interessado, obrigado.
Menina com ar simpático: Mas é grátis, para sempre.
Eu, com ar de quem pergunta se ela é parva ou faz-se: Sim, e os folhetos da IURD também são de borla e eu não fico interessado neles só por isso.

Tempo

Já voltei. STOP. Tenho de sair. STOP. Muito que fazer. STOP. Tou atrasado. STOP. Viva España. STOP.

25 junho 2008

Boas notícias e más notícias IV

As más notícias: vou-me embora, por isso o blog vai estivar (iria hibernar, só que não é Inverno e com temperaturas destas não dá para fingir)

As boas notícias: é só por três dias (agradece-se a quem discordar da classificação das notícias o favor de se remeter ao silêncio)

Boas notícias e más notícias III

As boas notícias, como bem indicou o RP (preguiça para links; muito tarde; falta de sono; acordo cedo amanhã; tenho de fazer a mala; etc.) num comentário à parte I desta saga, é que o AVG Free continua a ser Free.

As más notícias é que continua a não ser grande coisa. A ana b, que também comentou o mesmo post, passou cá por casa no outro dia. Passei-lhe uns ficheiros para o computador dela numa pen. O computador dela tem o AVG Free. Não voltei a precisar da pena até há bocado (ficheiros que tenho de levar; tou a fazer a mala; ver post seguinte). Penetrei a ficha USB com o penduricalho da pen (esta escolha de palavras fica mesmo bem, não fica?) et voila, eis o Bit Defender a reclamar, que tenho um daqueles ficheiros que se metem nas pens e afins para correrem qualquer coisa automaticamente e esse qualquer coisa era um IRC Bot. E não é que tava no raio da pen um ficheiro Start.exe, que não devia estar lá?

Nota: o computador da ana b tem o AVG Free devidamente actualizado.

24 junho 2008

Bom português

No noticiário da manhã da RTP têm uma rubrica que é o "Bom português", em que escolhem uma "palavra difícil" e perguntam às pessoas como acham que se escreve, dando duas opções. Claro que a maior parte das palavras escolhidas não são assim tão difíceis, uma ou outra pessoa erra, mas a maior parte das pessoas diz a resposta certa e sem grandes dúvidas. Mas nem é sobre a rubrica em si que me apetece falar, vem só a propósito.

A pergunta de hoje era: "Como se escreve ferrugem, com G ou com J?" (claro que isto escrito perde a piada, mas enfim...). O que me surpreende é que não apareça ninguém a dar respostas mesmo parvas. Há tanto parvo por aí e não aparece ninguém capaz de dar respostas parvas? Ou será que as respostas parvas são cortadas? Imaginem a cara da repórter com respostas destas:

Repórter: Bom dia! Como se escreve ferrugem? Com gê ou com jota?
Transeunte: Errrr... com xis!
R: Han? Não, com gê ou com jota?
T: Com dois?
R: ...
T: chaveta? cedilha? Não, espere, já sei! É com um acento circunflexo no jota!

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Repórter: Bom dia. Como se escreve hão-de ver? Tudo pegado ou com hífen?
Transeunte: Ah, eu já vi este programa ontem! É com xis!
R: Han? Não, não é essa a pergunta.
T: Ah, então é com jota.
R: Não, é tudo junto ou com hífen?
T: ACENTO CIRCUNFLEXO! Ganhei? Ganhei, não ganhei? YEEEEEEEEEE!!!!
(dito como se acabasse de ganhar o prémio final do Quem Quer ser Milionário)



Isto sim, seria serviço público de televisão!

2 pesos, 2 medidas

Já tínhamos ficado com uma ideia dos dois pesos aplicados pela UEFA para casos similares mas com protagonistas diferemtes quando foi anunciada a suspensão do Porto. Continuo a achar que o Porto deveria ficar 1 ano suspenso, porque não acho razoável que uma condenação por corrupção desportiva passe incólume e que o clube não sofra desportivamente por isso. O Porto safou-se da condenação apenas por um pormenor jurídico: a sentença ainda não transitou em julgado em Portugal. Mas não se livra de uma eventual suspensão na época 2009/2010.

E onde entram os dois pesos da UEFA? Bom, é que se para o Porto a regra de 2006 é aplicável mesmo em relação a factos ocorridos em 2003/2004, a Juventus, condenada no calciocaos nunca foi julgada pela UEFA (nem o será) e não vai sofrer quaisquer consequências. Claro que isto não admira muito: é que Platini, presidente da UEFA, foi durante largos anos jogador da Juventus.

Agora, em pleno Euro 2008, temos mais um episódio de justiça e equilíbrio por parte da entidade reguladora do futebol europeu: a Turquia, semi-finalista do Euro 2008, tem 9 jogadores indisponíveis: 5 lesionados e 4 castigados. Ora se a um plantel de 23 tiramos 9, ficamos com... 14. O que dá: 11 jogadores titulares e 3 suplentes. Entre eles o terceiro guarda-redes, que é bem capaz de vir a jogar como jogador de campo (a defesa lateral ou ponta-de-lança). Em 1996 a Alemanha foi autorizada a chamar um jogador em virtude do elevado número de indisponíveis. Veio a sagrar-se campeã europeia. Este ano, a UEFA não autorizou a Turquia a fazer o mesmo. O outro caso que me parece esquisito diz respeito às suspensões: Schweinsteiger viu o cartão vermelho directo no jogo contra a Croácia, mas a UEFA castigou-o por apenas 1 jogo (e nós bem sabemos disso!). Nem é assim tão estranho, o cartão foi algo exagerado, 1 jogo justifica-se. Mas o guarda-redes da Turquia foi suspenso por 2 jogos, num lance de gravidade similar, e a UEFA recusou o recurso turco para reduzir o castigo para 1 jogo.

Amanhã irei dar largas à minha simpatia de longa data pela Turquia (tirando 1 ou outra incursão por Espanha a minha primeira ida ao estrangeiro foi a Istanbul e fui muito bem recebido pelos turcos; e falou-se de futebol, até porque o Sporting jogava com o Trabzonspor para a Taça UEFA poucas semanas depois) e espero que os poucos que sobram sejam bons o suficiente.

23 junho 2008

Boas notícias e más notícias II

O Bit Defender é mesmo bom. Tão bom que até apagou algumas aplicações que não me dava jeito apagar. Não lhe posso levar a mal, as aplicações em questão não são... como hei-de dizer? Inofensivas, vá. Tão a ver aquelas aplicações que se usam para pôr a funcionar coisas que de outra forma não se podiam pôr a funcionar, porque a modos que não foram obtidas de forma... errr... ortodoxa? Pois, o gajo não gosta dessas aplicações e apaga-as. Eh pá, a chatice que deu recuperá-las... Mas pronto, mais chatice, menos chatice, o anti-virus, até ver, funciona bem!

Boas notícias e más notícias

Instalei um anti-virus novo.

As más notícias é que assim que o computador re-iniciou detectou logo um virus (ou melhor, um trojan). As boas é que pelos vistos este funciona melhor que o anterior.

Nota: eu tinha o AVG Free e a palavra Free fazia com que eu gostasse muito dele. Apesar do nível de protecção ser limitado. Só que o AVG Free deixou de ser Free e o Bit Defender, bastante melhor em todos os comparativos (considerado o melhor ou pelo menos um dos melhores da actualidade), está a um preço bastante interessante: 39,90 por 2 anos para 3 PCs. Ou seja, um gajo junta-se com 2 amigos e ficam os 3 computadores com anti-virus legal e actualizado durante 2 anos por uns módicos 13,30 cada!

A pirataria (às vezes, mas só muito raramente) não compensa...

Calma, chefe!

A coisa no Zimbabwe tá preta (piada racista não intencional). Há eleições e o Mugabe tem oposição. A coisa até iria bem, não fosse a possibilidade de derrota do actual presidente na segunda volta.

Vai daí, Mugabe disse, entre outras coisas, que o líder da oposição nunca governaria o país (enfim, pode ser só para alguns, mas ainda existe liberdade de expressão no país). Seguiu-se uma onda de violência governamentalizada, protestos, e o opositor de Mugabe (não sei o nome dele e tou com preguiça de procurar) acabou por se retirar das eleições.

A primeira reacção de Mugabe foi de alegria, congratulando-se com a retirada do seu rival. Passado poucas horas veio dizer que lamenta a desistência, e salientando a importância das eleições para o processo democrático no país. Entre uma declaração e outra alguém é capaz de ter dito ao ouvido do presidente: "Ó chefe, tenha lá calma. Pelo menos para manter as aparências devia dizer qualquer coisa a referir a importância das eleições e a saudar o combate político. Senão, ainda pensam que andou por aí a fazer pressões e a ordenar massacres para manobrar as eleições, e isso não nos dá jeito nenhum...". E assim o Mugabe até pode depois vir dizer que respeita o processo democrático e ganhou umas eleições livres! Que culpa tem ele que o seu adversário tenha desistido por causa de uma alegada "orgia de violência"? O homem é um santo, pá!

Aproveito para enumerar alguns dos princípios basilares de qualquer regime democrático em que o governo vê com alguma relutância a alternância no poder:

1. Defender a liberdade de expressão.
2. Defender a liberdade de associação.
3. Defender a realização de eleições livres e democráticas.
4. Defender o direito à vida.

Estes são os princípios oficiais. Quando alguém pedir um resumo das regras que regem o país, dizem-se só estas três. Se pedirem muito e ameaçarem com boicotes comerciais, fim da ajuda internacional ou invasão militar, então mostram-se as letras pequenas (como nas apólices de seguros).

Letras pequenas do ponto 1: claro que quem contrariar o princípio da liberdade de expressão, nomeadamente exprimindo-se contra o governo que a defende e luta por ela, deve ser preso. O governo defende a liberdade de expressão e não permite ataques a esta mesma liberdade veiculados por quem quer derrubar o governo para a limitar.

Letras pequenas do ponto 2: a liberdade de associação é feita com base num sistema de precedência. Ou seja, a liberdade de uma associação é limitada somente quando põe em risco a existência de uma associação pré-existente. Nomeadamente, o partido no poder foi a primeira associação a ser criada, pelo que qualquer associação que tenha como objectivo limitar a liberdade do partido oficial deve ser proibida e os seus responsáveis punidos. Em nome da liberdade de associação, claro.

Letras pequenas do ponto 3: A vitória de um partido rival nas eleições livres entra directamente em conflito com o que está defendido no ponto 2, logo ser ser impedida, se necessário recorrendo à força. Isto não entra em conflito com o que está expresso no ponto 4, como se pode ler de seguida.

Letras pequenas do ponto 4: o direito à vida dá origem a problemas quando há conflito entre o direito à vida de duas ou mais pessoas. Nomeadamente, os opositores do regime acreditam ter razões para atentar contra a vida do Presidente que, como chefe de estado, tem de ser protegido. Logo, para defender o seu direito à vida, estas pessoas devem ser executadas. A bem do direito à vida, pedra basilar da sociedade.

Pelo andar da carruagem...

O campeão europeu nem passou da fase de grupos. O vice-campeão mundial também não. O vice-campeão europeu (somos nós) ficou pelos quartos de final. O campeão mundial idem. A poderosa Holanda, favoritíssima a passar às meias-finais perdeu com uma fabulosa equipa russa. Já a Croácia, que venceu sem apelo nem agravo a Alemanha, perdeu contra a Turquia. E até a Espanha veio ajudar ultrapassando a maldição do dia 22 (já foram eliminados por 3 vezes nos penalties a 22 de Junho; ontem teria sido a quarta). Um a um, caem os favoritos. Acho que nas previsões iniciais só a Alemanha era considerada séria candidata a um lugar na meia final.

Pode-se dizer que as contas já sairam furadas a toda a gente, ninguém previa que as meias finais fossem Alemanha-Turquia e Espanha-Rússia. Pelo sim, pelo não, deixei de fazer prognósticos. Agora torço pela Espanha, já lá vão 24 anos da última vez que chegaram a uma meia final de uma grande competição e a qualidade das equipas que têm apresentado anda a justificá-lo.

Pelo andar da carruagem ainda vamos ter uma final Turquia-Rússia, querem ver?

Pode tirar-se, isso sim, uma grande lição deste europeu: jogar a terceira jornada com a equipa B para descansar jogadores não é grande vantagem quando se joga contra um adversário motivado. Que o digam Portugal, Croácia e Holanda, que tiveram 1 semana para recuperar as forças para o jogo dos quartos de final e não conseguiram. Sobretudo no caso holandês e croata, falharam as forças contra adversários mais fracos. Já no nosso caso falhou a concentração e fomos superados pela estratégia alemã que nos troucou as voltas. Quem sabe se uma nova teoria surge: em vez de fazer descansar a equipa toda, manter a espinha dorsal, mesmo correndo o risco de uma lesão, e trocar só 3 ou 4 jogadores. Manter os mecanismos a funcionar, a equipa rotinada, a motivação em alta.

19 junho 2008

Era pedir muito, era?

Era pedir muito passar às meias finais? Era? Era pedir muito que não sofrêssemos 2 golos exactamente iguais em lances de bola parada que deviam estar sobejamente estudados? Era pedir muito que o Moutinho decidisse a tempo se ia de cabeça ou de coxa? Era pedir muito que o Cristiano estivesse à altura do seu pedigree e marcasse um golo de livre? Era pedir muito que o árbitro tivesse assinalado falta sobre o Paulo Ferreira no lance do terceiro golo? Já agora, era pedir muito que da mesma forma que assinalou a obstrução do Pepe tivesse feito o mesmo na primeira parte no lance sobre o Simão? Era pedir muito que o Postiga não fizesse faltas na área a 2 minutos do fim quando não consegue chegar à bola? Era pedir muito que a defesa acertasse nas marcações? Era pedir muito que mais alguém além do Deco conseguisse descobrir linhas de passe? Era pedir muito que o Schweinsteiger (tou-lhe com um pó...) tivesse levado 2 jogos de suspensão pelo cartão vermelho no jogo contra a Croácia em vez de um?

E era pedir muito esperar pelo título europeu? A sério, era pedir muito? Ao menos uma vez? É que já chateia isto de sermos eternos candidatos à vitória e nunca ganharmos nada, não tarda nada parecemos a Espanha.

Vemo-nos em 2010. A ver se corre melhor. Para já, aguarda-se novo seleccionador. Quem vier será bem-vindo (a menos que seja o António Oliveira, que se vem esse desgraçado outra vez naturalizo-me espanhol, e começo a torcer por eles; e como o hino espanhol nem sequer tem letra até dá jeito).

Hoje, sim!

Acabou-se a fase de grupos.

Entre os mais e os menos destaco:
Os mais: Turquia, Croácia, Rússia, Espanha, Holanda.
Os menos: Suiça, Rep. Checa, França, Itália, Grécia, Polónia.
Os assim-assim: Portugal, Suécia, Áustria, Roménia, Alemanha.

E hoje começam os jogos de nervos. Eu já tou enervado só de pensar... olho para o relógio de 5 em 5 minutos a ver se já são horas.

Vem aí o Portugal-Alemanha. Não me parece que alguma selecção seja claramente favorita. Nas bolsas de apostas há ligeira vantagem para nós, muito ligeira. Duvido que se repitam os 3-0 do Euro 2000, duvido que se repitam os 3-1 do Mundial 2006. A ver vamos...

Depois há: Croácia-Turquia, Espanha-Itália, Holanda-Rússia. Não me parece que turcos e russos tenham qualquer hipótese. Quanto ao Espanha-Itália... bom, os espanhois estão mais fortes e os italianos apuraram-se à rasca. Mas os espanhois têm o hábito de perder o mais tardar nos quartos de final (há que tempos que não vão a umas meias finais de europeus ou mundiais, desde 1984!), ao passo que a Itália sempre que passa da primeira fase costuma chegar longe.

18 junho 2008

Transgénicos

(não confundir com transgénero, que isso é outra luta; até porque quem defende os primeiros costuma condenar os segundos e vice-versa, mas não necessariamente por esta mesma ordem)

A malta verde condena os vegetais transgénicos. Mas já os carros transgénicos são defendidos. Sim, um carro movido a hidrogénio e oxigénio é transgénico. É o mesmo esquema dos motores do vai-vem espacial e demais coisas que vão parar ao espaço por querer (os que vão parar ao espaço sem querer já não são bem assim).

Quando o pai, um carro, faz não sei o quê com a mãe, obviamente uma carrinha, nasce um carrinho. Depois de umas horas na linha de montagem está pronto para o mundo exterior e assim nasce um automóvel. Mas agora os senhores da HHonda (pus um H a mais que é por causa do hidrogénio, fica mais ambiental e assim; acho que até vou começar a chamar H2Onda a esta marca inimiga da Galp e Exxon e Shell e família real Saudita e Haliburton e afins) resolveram começar com isto dos carros transgénicos, que usam motores de coisas que vão ao espaço e os verdes gostam. Quando o embrião do carrinho está na linha de montagem metem-lhe uns genes de vai-vens espaciais e nasce um carro movido a hidrogénio. Já os vegetais transgénicos, ai Jesus, têm que dar cabo deles, que são o demo.

A propósito: um vegetal transgénico numa cadeira de rodas movida a hidrogénio é uma coisa ambientalmente boa ou má?

(obrigado Redus, pelo link)

17 junho 2008

Incobráveis

Os gajos que mandam na electricidade sugeriram à EDP que distribua pelos restantes clientes as dívidas incobráveis. E toda a gente ficou danada. O Manuel Pinho diz que é muito má ideia, os consumidores até espumam da boca de raiva, toda a gente fala em roubo, em injustiça, em não sei quê mais. Mas... não é já assim? Claro que é! Em qualquer empresa, se há dívidas que não podem ser cobradas isso vai afectar os números da rentabilidade. E quando se planeiam tabelas de preços de produtos ou serviços, quando se delineiam estratégias financeiras, quando se orçamentam rubricas várias, o que interessa é a rentabilidade final. Ora, se a rentabilidade é prejudicada pelas dívidas incobráveis, são sempre os outros que pagam a factura. Esta medida consiste apenas em chamar os bois pelos nomes e fazer com que toda a gente perceba que quando alguém lesa a EDP (ou outra empresa qualquer) achando que só prejudica um tubarão qualquer a quem o dinheiro não faz falta, na verdade prejudica todos.

Dizem os entendidos que o montante a pagar a mais pode chegar a 1 euro por mês por cliente. Isto só tem uma palavra: CHULOS! Mas não são os gajos da EDP. São os chulos que não pagam a sua factura da electricidade e quem a acaba por pagar no final sou eu! Já com os impostos é a mesma merda. Com o dinheiro que pago de IRS por ano dava para ir à Austrália 15 dias de férias. Com o dinheiro do ISP podia ir à Argentina. Com o dinheiro do IVA dava para uma volta ao mundo. Se todos pagassem o que devem, se calhar eu conseguia mesmo fazer uma destas viagens.

Ao intervalo

Com a Itália a ganhar 1-0 e a Roménia empatada qualifica-se a Itália para os quartos de final. Mas as contas deste grupo são diabólicas: Se a Roménia ganha, passa a Roménia. Se a Roménia empata e a Itália e a França também empatarem, passa a Roménia. Se a Roménia empata e o França-Itália não acabar empatado, passa o vencedor deste jogo. Se a Roménia perder e a Itália e a França empatarem a 1-1 passa a Itália (porque tem um melhor ranking!!!).

As contas estão complicadas mesmo é para os franceses: foi-se Zidane e a equipa ficou desfigurada; e só em 45 minutos viram o Ribery ser substituido por lesão grave (e se a França sem Zidane é meia equipa, sem Zidane nem Ribery não é equipa nenhuma...) e ainda por cima o Abidal ser expulso por ter feito penalty. A coisa tá bonita para o Bichanech, lá isso tá (convenhamos, o homem tem ar de bicha).

Marketing

Em pleno europeu, quando toda a gente se lembra das qualificações e eliminações passadas, não acham esquisito que o Macdonalds lance um "hamburger" (as aspas são para não ofender os verdadeiros hamburgers, como o Whopper) chamado Penalty francês? Acham que a malta por cá não se lembra de ter perdido nas meias finais do Euro 2000 e nas meias finais do Mundial 2006, precisamente com penalties franceses???



PS: desculpem lá a demora. Resolvi tirar uns dias de férias, porque isto de estar desempregado cansa muito.

11 junho 2008

Causas e consequências

Tá-se a acabar o gasóleo em Lisboa. E hoje há jogo da selecção. Parece-me que logo, mesmo que demos 5 a zero aos checos as comemorações vão-se fazer a pé ou de autocarro, não vai haver ajuntamento de carros no Marquês.

Como estou com o depósito semi-vazio e até há quem fale em falta de comida nos próximos dias e está bom tempo, xauzinho, vou-me embora. Vou para o campo que lá a comida não deve faltar. Só volto para a semana. Se tudo correr bem já estará tudo resolvido nessa altura.

Vou apanhar sol, nadar e, se houver gasolina para isso, fazer ski aquático. Se não houver gasolina também não há problema, tenho mais com que me entreter.

10 junho 2008

Tá-se sempre a aprender...

E não é que o primeiro golo da Holanda ontem foi marcado em posição LEGAL???

Vejam o vídeo:


Claramente o Van Nistelroy está adiantado em relação aos defesas, tendo apenas o guarda-redes entre ele e a baliza. Logo, está fora de jogo. Ou não está?

Diz a regra do fora-de-jogo que um jogador está em posição irregular se, no momento do passe, estiver mais perto da linha de golo adversária que a bola e o penúltimo defesa.

Acontece que se um jogador sai das 4 linhas sem a autorização do árbitro a sua posição deve ser considerada para efeitos de fora de jogo. Voltem a ver o vídeo. Um defesa italiano caiu para fora do campo. Quando Van Nistelroy recebe o passe estão 2 adversários entre ele e a linha de golo e não apenas 1.

Se não fosse assim, sair das 4 linhas podia ser uma estratégia válida: por um lado um defesa que está perto da linha lateral, por exemplo, e muito recuado em relação aos seus companheiros de equipa, antevendo a possibilidade de passe a desmarcar um jogador adversário, saia do campo para colocar o adversário fora de jogo. Por outro lado, um avançado podia esperar calmamente pela bola fora do campo (e fora de jogo), por exemplo na linha lateral, é feito o passe para o flanco, começa a correr, e só entra em campo quando a bola o ultrapassa, ficando atrás da bola e portanto em jogo.

Ver também: Posição da UEFA sobre o 1º golo da Holanda.

09 junho 2008

Dia 3

E ao terceiro dia jogou-se a primeira jornada do "grupo da morte". Itália, França, Holanda, e Roménia. Respectivamente, campeão do mundo, vice-campeão do mundo, a eterna favorita do público que nunca ganha (excepto em 1988) e o outsider a ver se herda um pontinho para não ir para casa de mãos a abanar. Desde cedo começaram as previsões sobre qual seria a equipa a juntar-se à Roménia no regresso a casa.

E eis que... a França acusa a falta de Zidane e empata com a Roménia e a Holanda espeta 3 secas aos campeões do mundo. Com fora de jogo ou sem ele, a nova laranja mecânica já vai à frente do grupo.

Agora, começa a nova onda de previsões, tendo em conta os resultados actuais, já a dar a Holanda como recém-nomeada favorita do grupo.

Por um lado, este grupo faz-me lembrar o nosso grupo no euro 2000: Portugal, Roménia, Alemanha e Inglaterra. Com alemães e ingleses claramente favoritos, passámos nós, em primeiro lugar, e a Roménia em segundo. A Roménia apurou-se com 2 empates e uma vitória contra os ingleses, beneficiando do hat-trick do Sérgio Conceição para fazer a festa. Ingleses e alemães, sem saber bem o que lhes aconteceu, voltaram para casa. Agora temos os 2 grandes favoritos a acusarem dificuldades inesperadas, a Roménia a defender como pode e a conseguir segurar um empate e a Holanda a dar baile aos italianos. Quem sabe se a história não se repete?...

Por outro lado, quer a França, quer a Itália têm uma longa história de apuramentos in extremis e raramente se deixam impressionar com más primeiras jornadas.

A ver vamos, mas seria divertido que os dois melhores há apenas 2 anos ficassem pelo caminho logo na primeira ronda. Seria um óptimo aviso para os futuros campeões: em 2 anos muda muita coisa no futebol e cada vez mais as fases finais são competitivas.

Nos restantes grupos, nada de novo. A Alemanha afirma-se como favorita no grupo B, Portugal assume esse papel no grupo A. Amanhã estreiam-se os campeões europeus, no mesmo grupo de Espanha, Rússia e Suécia. Vamos a ver que mais surpresas nos reserva este europeu.

Despropósito

Sábado ganhámos contra a Turquia. Foi um bom jogo, a nossa equipa fez uma bela exibição e só não marcámos mais golos porque as balizas eram demasiado pequenas.

Jogámos bem, ganhámos 2-0 de forma perfeitamente merecida e ficámos contentes no fim do jogo. Mas... há limites.

Vi o jogo no Marquês de Pombal no ecrã gigante. No fim do jogo, saí satisfeito, como todos, e comecei a ver a malta a juntar-se em torno da estátua do Marquês. E depois comecei a ouvir buzinadelas e na altura em que chegava ao Saldanha já havia trânsito lento em direcção ao Marquês de Pombal para comemorar no bom estilo do euro 2004. As comemorações prolongaram-se bem mais de uma hora, com carros enfeitados com bandeiras, buzinadelas e pessoas de todas as idades a dar vivas à selecção.

E fiquei sem perceber se afinal este jogo era apenas a primeira jornada da fase de grupos ou algo mais importante. Ganhámos um jogo, ainda não nos apurámos para nada. Fazer uma boa fase de grupos é a obrigação da selecção, uma vitória são os serviços mínimos, o apuramento para os quartos de final é o resultado legitimamente esperado. Fazer uma festa como se há 12 anos não ganhássemos um jogo (como fizeram os alemães após ganhar 2-0 à Polónia, mas a sua última vitória num europeu tinha sido a final de 1996!) parece-me algo pindérico. Ganhámos à Turquia. Uma equipa sem os nomes sonantes que tem a nossa, sem os resultados recentes que tem a nossa (excepção feita ao 3º lugar no mundial de 2002, mas já lá vão 6 anos, era outra equipa), sem o frenesim mediático que rodeia a nossa. Se tivéssemos ganho a um dos nossos fantasmas habituais, França, Itália ou Grécia, ainda se percebia. Mas... comemorar a vitória na primeira jornada tendo no palmarés o título de vice-campeão europeu e o 4º lugar no mundial? Não parece algo exagerado? Do vice-campeão espera-se uma forte candidatura ao título, não se espera festa rija por ganhar um jogo.

Eu sou 100% a favor das comemorações de rua. Quando há algo a comemorar. Quando passarmos aos quartos de final a comemoração justifica-se. Com alguma moderação, afinal desde 1996 que chegamos aos quartos de final, pelo menos. O apuramento para as meias finais justifica uma festa maior. A passagem à final merece uma festa de arromba e o título europeu justifica uma bebedeira colectiva de tal ordem que a segunda feira seguinte seja feriado. Ganhar um jogo que em si não qualifica para nada, só merece comemoração se as vitórias forem uma coisa tão rara que se torna necessário aproveitá-las todas. Que o Liechtenstein comemore um empate contra Portugal eu percebo. Que a Grécia tenha comemorado a vitória contra nós no jogo de abertura em 2004 também (foi a sua primeira vitória em europeus ou mundiais); que os alemães tenham comemorado uma vitória pela qual esperaram 12 anos, tudo bem. Se a Polónia tivesse ganho ontem haveria festa de arromba em Varsóvia e Cracóvia, é a primeira presença num europeu e logo contra a Alemanha, o eterno fantasma dos polacos. Mas não me parece que os checos tenham comemorado a vitória sofrida contra os suiços ou que os croatas tenham comemorado nas ruas a vitória contra a Áustria, a equipa teoricamente mais fraca do europeu.

E se os adeptos do Porto, Benfica ou Sporting, em vez de sair à rua para comemorar títulos saíssem à rua a comemorar todas as vitórias? Mesmo as vitórias na Taça contra equipas de II divisão? Ou, usando um paralelo mais justo, que saíssem à rua a comemorar as vitórias nos jogos da fase de grupos da Champions ou na Taça UEFA?

Ganhar à Turquia não é surpreendente. Não é excepcional. Nem sequer é invulgar, há 50 anos que não perdemos contra eles. Se tivéssemos perdido haveríamos de ouvir os ecos do divórcio entre o povo e a selecção bem altos. Somos quartos mundiais e segundos europeus. Ganhar o primeiro jogo é importante, a capacidade de cada equipa é sempre imprevisível. Que buzine quem passa por onde estão os espectadores que viram o jogo no ecrã gigante, é razoável. Pelo que vi parece-me que muita gente saiu à rua de propósito para o poder fazer. E com os combustíveis ao preço a que estão... é despropositado.

07 junho 2008

Euro 2008

Por motivos de força maior vou ligar pouca importância ao blog nas próximas (espera-se) 4 semanas.

(neste momento a Rep. Checa e a Suiça estão empatadas 0-0 ao intervalo; o jogo está a ser interessante ao ponto de me apetecer dormir a sesta... esperemos que daqui a 2 horas, quando for a nossa vez, a coisa seja mais excitante)

04 junho 2008

Champions

Acontece. Em virtude do castigo por tentativa de corrupção na época 2003/2004, o Porto ficou hoje a saber que não vai participar na Champions no ano que vem.

A UEFA não gosta de casos de corrupção e desde há 2 anos que criou uma regra nova: clubes culpados de corrupção ou tentativa de corrupção ficam suspensos 1 a 3 anos.

A decisão era mais ou menos previsível, mesmo se pode ser discutida juridicamente (a regra é de 2006 ou 2007 mas os factos referem-se a 2003/2004), a UEFA não gosta de ver technicalities jurídicas meterem-se no seu caminho.

Moral da história: o Guimarães, terceiro classificado, acabou de herdar um lugar na fase de grupos da Champions com entrada directa, em vez de ter de disputar uma pré-eliminatória; o Benfica herda o lugar na 3ª pré-eliminatória da Champions; o Braga herda o último lugar na Taça UEFA; e o Belenenses herda o lugar da Taça Intertoto!

Pronto, a notícia tá dada, vem aí o comentário:

1. Independentemente da simpatia clubística, é um facto que o Porto foi considerado culpado de tentativa de corrupção. Foi considerado culpado e não recorreu da decisão;

2. Independentemente da importância dos jogos para o campeonato em questão, que o Porto até ganhou confortavelmente, a tentativa de manipular os resultados é uma falta grave;

3. Independentemente dos apitos de outra cor que poderão aparecer, não se torna o Porto mais inocente por alegar que há outros tão ou mais culpados; tal como o apito dourado começou com denúncias que se vieram a revelar com fundamento, que haja denúncias de casos similares a diferentes latitudes para que haja mais processos;

4. Independentemente da qualidade de cada equipa ou dos seus resultados, a penalização ao Porto é um castigo a um clube; tendo terminado a época 2006/2007 no 6º lugar do ranking da UEFA, Portugal garante a participação de 6 equipas; se uma não pode ou não quer participar, sejam quais forem as razões, a representação do país não deve ser prejudicada.

5. Independentemente dos factos que se guardam na memória e dos que se esquecem, é falsa a ideia que o Porto é de longe a equipa que mais faz pelo ranking de Portugal na UEFA. Ver aqui.

Conclusão: por mais que doa aos adeptos do Porto (e deve doer), não é da UEFA que se devem queixar, nem é da Liga. É dos dirigentes do clube que, pelo menos nos dois jogos em questão, ofereceram bens aos árbitros como contrapartida de um eventual benefício. Esta decisão da UEFA repõe um pouco a justiça: é ridículo que um caso de corrupção não tenha quaisquer consequências desportivas. Que um clube possa corromper ou tentar corromper um árbitro e que a pena não influencie em nada os resultados desportivos. O FCP vai sofrer desportivamente com os erros do passado, e é bem feito.

Para o ano não há Champions, não há o dinheiro da Champions, não há o glamour da Champions. Para compensar será necessário vender jogadores e algumas das estrelas de bom grado mudarão de clube para um que lhes permita disputar taças europeias. Aguardam-se as cenas dos próximos episódios.

Não me venham com merdas!

O que não falta é gente a reclamar. Reclama-se contra o preço dos combustíveis, com a lei anti-tabaco, com o diploma do Sócrates, com o acordo ortográfico. Reclama-se da situação económica, toda a gente diz que isto está mau, que assim não dá, os juros sobem, os ordenados mantêm-se ou descem, os direitos são desrespeitados, ai, ai, ai, valha-nos Deus, onde é que isto vai parar.

Mas... o que vejo eu?

Hoje soube-se que o Porto vai ficar 1 ano suspenso da Champions (comentário à decisão da UEFA num próximo post).

O site do Público dá a notícia, claro. Essa, e muitas outras.

E o que interessa aos leitores do Público?

  • Previsão da taxa de desemprego da OCDE 3 décimas acima da do Governo: 18 comentários;
  • Barack Obama é o provável candidato democrata à presidência: 63 comentários;
  • Reforço dos efectivos do INEM: 0 comentários;
  • Campanha Sócio da selecção avançou sem devida autorização da comissão nacional de protecção de dados: 24 comentários;
  • Manuela Ferreira Leite vence directas do PSD: 30 comentários;
  • FC Porto suspenso da Champions durante 1 ano: 388 comentários.

E a notícia sobre o FCP é de hoje à hora do almoço!!!

A sério, não me venham com merdas. Aumentem o IVA para 25% e o IRS para 70%. Aumentem a idade da reforma para os 95 anos e retirem o direito a baixa. Prendam todos os jornalistas e sindicalistas, ilegalizem os partidos e dissolvam os parlamentos. Enquanto houver bola, o Zé tá contente. E se Portugal conseguir ganhar o título europeu este ano, o Zé tá-se a borrifar para o resto. Voltem a aumentar o IVA, ponham o gasóleo a 3 euros o litro, acabe-se o peixe nas lotas, matem 30 caloiros nas praxes, com o título europeu nada mais interessa.

Serviços mínimos

O último post foi há 3 dias. Entretanto temos nova liderança no PSD, relatório da Autoridade da Concorrência sobre os combustíveis, estágio da selecção, eventual transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid, greve dos pescadores,...

E eu, calado que nem um rato.

Nota-se muito que tenho andado ocupado? (esta vida de desempregado tem muito menos tempo livre que eu imaginava...)

01 junho 2008

Gasosa

Volta e meia, quer dizer, quase todas as semanas, há mudança de preço dos combustíveis. Em regra é para subir (ver nota de rodapé 1). Muito de vez em quando é para descer.

E nota-se que muita gente procura desesperadamente atestar o mais barato possível. É já famosa a bomba do Jumbo de Alfragide em que o gasóleo custa uns bons 10 cêntimos a menos que o preço normal e as filas, sobretudo ao fim de semana, são de horas. A sério, horas. Ontem passei por lá. Fui a Alfragide (meti-me numa fila, mas não foi para atestar, foi para comprar bilhetes para o concerto da Madonna) e aproveitei para ver como param as modas na famosa bomba de gasolina. À vontade eram uns 400 ou 500 metros de fila. Ora, havendo 8 bombas (não sei se são 8 ou não, não as contei, tou só a mandar números para o ar), e talvez uns 100 carros na fila, supondo que cada carro demora 5 minutos a atestar, dá uma hora de espera para meter pitrol no depósito.

E tudo isto porquê? Para conseguir atestar um nadita mais barato. 10 cêntimos por litro. O que, num depósito de 40 litros, dá 4 euros de desconto. Sem contar com o tempo que se demora à espera para atestar o depósito (não sei quanto a vocês, mas 4 euros por uma hora, sobretudo ao fim de semana, acho mal pago), 4 euros por depósito é a poupança que se consegue.

O que quer dizer que quem morar a 15 km de distância da bomba ou mais (ver nota de rodapé 2) terá de percorrer 30 km para atestar naquela bomba maravilha. Ora, num carro que consuma 7 litros aos 100 (ver nota de rodapé 3), fazer 30 km gasta, mais ou menos, 2.1 litros. O que, a preços actuais (1,34 para o litro de gasóleo), custa 2.8 euros. O que dá um lucro de 1,20 cêntimos. Ou seja, duas bicas. Que provavelmente irá beber, uma assim que sai de casa e antes de pegar no carro, outra ao chegar a casa, enervado por ter passado a manhã na fila.

Se em vez de perder a manhã na fila para encher o depósito e poupar 4 euros mas por outro lado gastar 2,8 para lá chegar mais 1,20 em café, o(a) senhor(a) proprietário(a) do automóvel atestasse perto de casa e passasse a manhã na marmelada com a(o) esposa(o), gastaria o mesmo dinheiro mas daria o seu tempo por melhor empregue.

Por isso a minha estratégia não é procurar bombas de gasolina baratas para atestar. Mas a subida generalizada dos preços fez-me pensar qual seria a melhor forma de não gastar tanto dinheiro. E percebi que atestar não serve. Eu gasto um depósito por mês, ou seja entre atestar uma vez e a vez seguinte já houve 4 aumentos e o gasóleo está uns 10 cêntimos mais caro. Por isso agora mudei de estratégia: assim que o ponteiro estiver a chegar aos 3/4 de depósito vou logo atestar. Sai-me a 10 ou 15 euros, deve durar uma semana, e assim tenho sempre gasóleo no depósito comprado há 3 ou 4 aumentos atrás. Consigo monitorizar melhor os meus consumos, a intervalos mais curtos, e tenho sempre um depósito cheio. Em caso de azar e não podendo gastar dinheiro em gasóleo, tenho 1 mês de tolerância no meu depósito.


Nota de rodapé 1: há uns tempos fiz as contas aos preços do petróleo em euros e em dólares, porque parecia-me esquisito tanto aumento, sabendo que o dólar está a desvalorizar. Pois, mas é mesmo assim. O dólar pode baixar, mas nem de perto, nem de longe o suficiente. Fiz as minhas contas e cheguei à conclusão que só em 2008 o petróleo terá subido, pelo menos, uns 30%.

Nota de rodapé 2: do Cacém a Alfragide são 12 km, segundo o via michelin; a 2ª circular tem cerca de 13 km de extensão, desde o nó da ponte Vasco da Gama até ao nó da CRIL. 15 km não é muito. Eu moro a uns 7 km da tal bomba e acho que não compensa pelo tempo que tenho de esperar.

Nota de rodapé 3: O meu carro é um daqueles pequeninos, económicos, que anuncia um consumo de apenas 5 litros aos 100. O que é inatingível em trânsito citadino, as minhas médias oscilam entre 6.0 e 7.0 litros aos 100. E olhem que eu ando devaraginho, a tentar fazer boas médias!