01 junho 2008

Gasosa

Volta e meia, quer dizer, quase todas as semanas, há mudança de preço dos combustíveis. Em regra é para subir (ver nota de rodapé 1). Muito de vez em quando é para descer.

E nota-se que muita gente procura desesperadamente atestar o mais barato possível. É já famosa a bomba do Jumbo de Alfragide em que o gasóleo custa uns bons 10 cêntimos a menos que o preço normal e as filas, sobretudo ao fim de semana, são de horas. A sério, horas. Ontem passei por lá. Fui a Alfragide (meti-me numa fila, mas não foi para atestar, foi para comprar bilhetes para o concerto da Madonna) e aproveitei para ver como param as modas na famosa bomba de gasolina. À vontade eram uns 400 ou 500 metros de fila. Ora, havendo 8 bombas (não sei se são 8 ou não, não as contei, tou só a mandar números para o ar), e talvez uns 100 carros na fila, supondo que cada carro demora 5 minutos a atestar, dá uma hora de espera para meter pitrol no depósito.

E tudo isto porquê? Para conseguir atestar um nadita mais barato. 10 cêntimos por litro. O que, num depósito de 40 litros, dá 4 euros de desconto. Sem contar com o tempo que se demora à espera para atestar o depósito (não sei quanto a vocês, mas 4 euros por uma hora, sobretudo ao fim de semana, acho mal pago), 4 euros por depósito é a poupança que se consegue.

O que quer dizer que quem morar a 15 km de distância da bomba ou mais (ver nota de rodapé 2) terá de percorrer 30 km para atestar naquela bomba maravilha. Ora, num carro que consuma 7 litros aos 100 (ver nota de rodapé 3), fazer 30 km gasta, mais ou menos, 2.1 litros. O que, a preços actuais (1,34 para o litro de gasóleo), custa 2.8 euros. O que dá um lucro de 1,20 cêntimos. Ou seja, duas bicas. Que provavelmente irá beber, uma assim que sai de casa e antes de pegar no carro, outra ao chegar a casa, enervado por ter passado a manhã na fila.

Se em vez de perder a manhã na fila para encher o depósito e poupar 4 euros mas por outro lado gastar 2,8 para lá chegar mais 1,20 em café, o(a) senhor(a) proprietário(a) do automóvel atestasse perto de casa e passasse a manhã na marmelada com a(o) esposa(o), gastaria o mesmo dinheiro mas daria o seu tempo por melhor empregue.

Por isso a minha estratégia não é procurar bombas de gasolina baratas para atestar. Mas a subida generalizada dos preços fez-me pensar qual seria a melhor forma de não gastar tanto dinheiro. E percebi que atestar não serve. Eu gasto um depósito por mês, ou seja entre atestar uma vez e a vez seguinte já houve 4 aumentos e o gasóleo está uns 10 cêntimos mais caro. Por isso agora mudei de estratégia: assim que o ponteiro estiver a chegar aos 3/4 de depósito vou logo atestar. Sai-me a 10 ou 15 euros, deve durar uma semana, e assim tenho sempre gasóleo no depósito comprado há 3 ou 4 aumentos atrás. Consigo monitorizar melhor os meus consumos, a intervalos mais curtos, e tenho sempre um depósito cheio. Em caso de azar e não podendo gastar dinheiro em gasóleo, tenho 1 mês de tolerância no meu depósito.


Nota de rodapé 1: há uns tempos fiz as contas aos preços do petróleo em euros e em dólares, porque parecia-me esquisito tanto aumento, sabendo que o dólar está a desvalorizar. Pois, mas é mesmo assim. O dólar pode baixar, mas nem de perto, nem de longe o suficiente. Fiz as minhas contas e cheguei à conclusão que só em 2008 o petróleo terá subido, pelo menos, uns 30%.

Nota de rodapé 2: do Cacém a Alfragide são 12 km, segundo o via michelin; a 2ª circular tem cerca de 13 km de extensão, desde o nó da ponte Vasco da Gama até ao nó da CRIL. 15 km não é muito. Eu moro a uns 7 km da tal bomba e acho que não compensa pelo tempo que tenho de esperar.

Nota de rodapé 3: O meu carro é um daqueles pequeninos, económicos, que anuncia um consumo de apenas 5 litros aos 100. O que é inatingível em trânsito citadino, as minhas médias oscilam entre 6.0 e 7.0 litros aos 100. E olhem que eu ando devaraginho, a tentar fazer boas médias!

6 comentários:

Ana disse...

Eu tenho uma bomba com gasosa dez cent mais barata que nas Galpes, bêpês e repsois, a 60 km de casa...mas como tenho de passar lá uma vez por semana...

Há formas de poupar: andar devagar (não passar os cento e vinte, até porque evita multas, e acontecem a todos), fechar as janelas (nem que esteja um forno!), não ligar o ar condicionado (nem que estejam vinte fornos!), não fazer acelerações doidas, não arrancar à bruta, não travar à doida, desligar o carro se tiver de ficar algum tempo parado (no pára-arranca não convém...mas se as filas forem gigantérrimas...), usar o carro só quando mesmo necessário (se houvesse cá em baixo uma rede de metro, por ex, e mais autobus disponiveis para fazer trajectos de 40 min em menos de duas horas...)...
Mas enfim, provavelmente estou a pregar o pai nosso ao papa... :-p

=D

Teté disse...

Hummm... eu adiro ao boicote da Galp, Repsol e BP! Até porque aqui perto há duas bombas da Total.

Mas lá andar não sei quantos quilómetros, para me meter em bichas, perder tempo, para atestar uns cêntimos mais barato, parcialmente gastos na ida e na vinda, nem por isso... :)))

Restelo disse...

Eu vendi o carro e agora ando a pé. Claro que para grandes distâncias apanho um comboio e se estiver atrasada para o emprego vou de Bus. É a minha contribuição para um meio ambiente melhor. Vai a este site http://actonco2.direct.gov.uk/ para calculares a tua pegada de carbono.

Nuno disse...

ó Restelo! assim também eu! seu eu vivesse aí não precisava do carro para nada. :)
o problema é quando de transportes demoras 1 hora para fazer 12km...

Ana disse...

Exacto, se vivesse aí também não precisava do carro para nada!!!

Ana disse...

Mas que ando a pensar em meter o meu a funceminar a GPL, ando, ando...