26 setembro 2007

Maddie versus Esmeralda

É uma competição renhida pelas audiências televisivas. Já tínhamos a versão de ficção com as sagas Morangos com Açúcar versus Floribella, agora temos a versão não ficcionada com a alternância entre o caso Maddie e o caso Esmeralda.

Se no último mês quem dominou largamente as audiências foi a Maddie, conseguindo notícias de abertura em dezenas de noticiários e primeiras páginas em vários jornais, agora é a Esmeralda que contra-ataca, com manchetes e notícias na televisão. Aproveitando a pausa de novidades no caso Maddie sai uma nova decisão sobre o poder paternal da Esmeralda e volta tudo ao assunto.

E assim se distrai um país. A quem é que isto serve? Ao PSD, obviamente! Enquanto tá tudo a pensar ora na Maddie, ora na Esmeralda, ninguém tem tempo nem vagar para pensar nas directas do PSD, na salganhada das contas do PSD, nos cadernos eleitorais do PSD, nas quotas dos militantes do PSD, no líder do PSD, nas vozes dissidentes do PSD...

E por esta altura pensa o Sócrates: "Eh pá, o Marques Mendes nasceu com o cú virado para a Lua. Se ao menos houvesse uma Maddie ou uma Esmeralda quando estoirou a bronca da UnI! Mas não, é sempre a mesma coisa, elas só apareceram uns meses mais tarde. Ora, p'ra isso mais valia tarem quietas que agora não me dão jeito nenhum!"

20 comentários:

Ana disse...

Ah, a mim não cegam eles...eu cá já deixei de escolher a corda com que me vão enforcar... ;-p depois pelo menos a culpa não é minha.

Anónimo disse...

E pelo meio apareceu também o caso "Sara". Portugal 2 - Inglaterra 1. xD

Ana disse...

Sara? O que é que eu perdi?...

Anónimo disse...

O Tribunal decidiu já várias vezes a entrega da menina ao pai e não se consegue fazer cumprir a ordem, porquê?

A verdade é que o pai da menina requereu a sua custódia três dias depois de ter tido conhecimento de que era realmente o pai.

Não basta a mãe apontar o homem como pai! Será que alguém poderia afiançar sobre a idoneidade da mãe que nem sequer quis ficar com a filha?

Quem pode afirmar que aquela senhora não teve sexo com outros homens, para além do que indicou? Eu não posso, você não pode e o pai também não. O caso era suspeito e se não o fosse o Tribunal não teria acedido a mandar fazer o teste de paternidade! O Tribunal tem que considerar fundamentada a suspeita; de contrário seria o pai a pagá-lo.

Naquelas circunstâncias só um completo idiota é que não duvidava da veracidade da paternidade!

O suposto pai só teria que esperar o resultado da investigação do Tribunal e foi o que fez.

Porém, como tinha consciência de que poderia ser realmente o pai da criança, procurou um advogado que entretanto lhe foi preparando o requerimento para pedir a sua guarda no caso do teste ser positivo. Só assim o requerimento poderia ter dado entrada no Tribunal apenas três dias depois da comunicação do resultado dos testes de paternidade.

Há aqui algo que se lamenta: é o facto de tudo isto ter demorado tanto tempo. Que sirva de escola e que futuramente estes casos possam ter prioridade absoluta!

Zé da Burra o Alentejano

Ana disse...

Pois, Zé. E quem se lixa é sempre a criança, que não consegue fazer valer a sua felicidade. Enfim.

Anónimo disse...

Sara foi 1 menina de 2 anos que faleceu vitima de maus tratos fisicos da mãe, que até já confessou o crime. Começou hoje o julgamento, e falou-se disso nos noticiarios.

Ana disse...

Ah...pois, não tenho ligado pevas aos noticiários...ok, ok. Bem, há imensas Saras por aí. Coitada da menina. =(

Teté disse...

Hummm, há prái um pequeno erro teu... Enquanto a malta anda empolgada a falar sobre estes casos, o Sócrates vai olhando e assobiando para o ar, como quem não parte um prato, e... vai fazendo das suas!

O pão, por exemplo, vai aumentar já em Outubro, mas essa notícia de somenos importância, fica lá perdida para o fim do noticiário, quando já tudo quer ver é os resultados dos bonecos da bola...

E isso, Nelson, dá jeito a qualquer primeiro-ministro!

Nelson disse...

Bom, o Zé tem muita razão. Inexplicável é que um casal recuse cumprir uma ordem de tribunal com mais de 3 anos e venha depois alegar os superiores interesses da criança porque está afeiçoada aos pais adoptivos!

Para os devidos efeitos, porque não se podem dar crianças em Portugal, a Esmeralda está há 3 anos a viver com raptores! Que curiosamente nunca puderam ser notificados pela GNR da decisão do tribunal, porque na GNR pelos vistos ninguém sabe onde mora o... cabo da GNR. Hmmmmm.

Mas eu nem tou muito virado para falar do caso, já disse o que tinha a dizer há 6 meses. Só acho é que está na hora de os noticiários terem coisas novas, sei lá! Algo que não envolva crianças e confusões de polícias e tribunais! Assim, só um dia.

Ana disse...

Que tal uma jove a fazer explodir a segurança social, as fananças (perdão, finanças), o Governo, instaurar lei marcial, e meter ordem nesta confusão de País??? Deitar tudo abaixo e voltar a construir do zero.
Aceitam-se candidatos para primeiro ministro. Requisito fundamental: não pode ser politico.

Ana disse...

Acho que isso dava tempo de antena...e talvez um país novo!

Teté disse...

Nem sei porque é que aqui vim (a este post, quero dizer), mas as opiniões do Zé anónimo - e também de ti, Nelson??? - parecem-me um bocado disparatadas.

Tudo o que é legal é bom? É bom é, diz o avô e a bebé, sobre um pudim flan.

Desatentos, com certeza... Pais, são aqueles que nos criam e nos amam, o que nem sempre corresponde aos biológicos. E quem não perceber isso, é um troglodita, pfuuu!!!!!

Anónimo disse...

Sr Téte

Pegando na sua frase "Pais, são aqueles que nos criam e nos amam, o que nem sempre corresponde aos biológicos. E quem não perceber isso, é um troglodita, pfuuu!!!!!",

Vou contar-lhe um história que certamente se lembra:

A daquela menina raptada numa maternidade do Norte do país há cerca de um ano e cuja raptora está em prisão preventiva e a ser agora julgada pelo crime.

A criança estava bem tratada! Ninguém dúvida que a Sra desejou muito uma criança, tanto que correu o risco de ser descoberta (como aconteceu) e ser presa. Durante todo o tempo que tratou da menina certamente que desenvolveu por ela um sentimento de amor. Para aquela mulher, aquela criança era a sua menina.

Por outro lado, ninguém dúvida que para a menina, a Sra. que a raptou era a sua mãe, pois era a única que durante todo este tempo conheceu como mãe, tratou e brincou com ela e lhe deu carinho. Até nem compreende o que se está a passar: porque é que está longe da sua "mãe"?! Ao ser agora entregue a uma mulher que desconhece (a mãe biológica) a criança sofreu também um choque psicológico.

Conclusão:
Assim, se seguirmos o seu raciocínio aquela criança deveria permanecer sempre com a única mulher que reconhecia como mãe. Eu não concordo consigo!

Zé da Burra o Alentejano

Nelson disse...

Ó Teté: também tens andado desatenta, não?

O pai biológico assumiu a paternidade assim que soube o resultado do teste. Porque teve necessidade do teste é um problema dele e da mãe biológica da Esmeralda. A criança tinha um ano de idade quando o tribunal ordenou que fosse entregue ao pai biológico. E nunca foi.

Não faço ideia se o pai biológico da Esmeralda é boa pessoa ou não. Não faço ideia se os pais adoptivos são boas pessoas ou não. Nem me interessa. Mas a verdade é que se os pais adoptivos tivessem aceite a ordem do tribunal, em vez de a recusarem (acharão porventura que as leis não se aplicam a eles?) nada disto se teria passado.

Há um outro argumento que tem sido muito usado na história e que me dá arrepios. O argumento que a Esmeralda com os pais adoptivos tem tudo o que precisa e que o pai biológico não lhe consegue dar. Mas... por este argumento não deveremos retirar os filhos aos pobres e dá-los aos mais desafogados?

O caso é complexo e nenhum caso complexo tem respostas simples. Quem acha que pode reduzir o problema a uma questão de sim ou não de resposta imediata é que é troglodita.

Teté disse...

Zé anónimo: Estás a confundir casos, que neste ninguém foi raptado, embora o pai adoptivo tenha sido preso por esse crime. Desconfio que andas a estudar direito, ou estás no estágio, sei lá, cheio dessas visões legais... A Justiça funciona mal em Portugal. Ponto. E perde o rumo do bom senso, a discutir aspectos processuais, que não interessam a ninguém. Arrastadíssima...

Mantenho o que disse: os nossos pais são aqueles que nos criaram e amaram, biológicos ou não! Pfuuu!... para os que não entenderem.

Teté disse...

Nelson:
Primeiro ponto, concordo que tenho estado desatenta, nos últimos tempos, que estou fartinha destas notícias.
Segundo ponto: pai é pai, mas aquele não quis ser, teve de vir ordem do tribunal, etc. e tal, o que abona imenso a favor do amor que ele tem pela criança.
Terceiro e último ponto: nem percebo porque estou a "discutir" isto contigo, quando só tens uma "sobrinha", que é uma cadela - giraça, é certo!

Pontos de vista muito à letra da lei, conduzem a conclusões disparatadas!

Nelson disse...

"Primeiro ponto, concordo que tenho estado desatenta, nos últimos tempos, que estou fartinha destas notícias."

Percebo-te perfeitamente. A história já enjoa.

"Segundo ponto: pai é pai, mas aquele não quis ser, teve de vir ordem do tribunal, etc. e tal, o que abona imenso a favor do amor que ele tem pela criança."

Lá está, estás distraida. Ele não foi pai à força nem teve necessidasde de uma ordem do tribunal para aceitar a criança. A ordem do tribunal veio porque o pai biológico A PEDIU para poder ficar com a filha, assim que soube o resultado do teste de paternidade.


"Terceiro e último ponto: nem percebo porque estou a "discutir" isto contigo, quando só tens uma "sobrinha", que é uma cadela - giraça, é certo!"

Dificilmente isso é argumento. Nem considero que uma criança deva ser tratada como uma cadela nem acho que uma cadela deve ser tratada como uma criança. Ou só quem tem filhos/sobrinhos é que pode emitir opinião sobre questões que afectam crianças? Há uns tempos o Louçã acusou o Portas de não poder emitir opinião sobre o aborto porque não tem filhos...


É lamentável, isso sim, que os pais "adoptivos" (note-se que doações de crianças, reconhecidas em notário ou não, não têm validade legal) tenham RECUSADO uma ordem de tribunal e tenham andado fugidos à justiça durante 3 anos.

Não acatar a ordem do tribunal é que constitui um crime: o de rapto. Na altura a miuda teria 1 ano de idade. Os traumas seriam muito mais fáceis de resolver do que agora.

A coisa chegou ao ponto de o pai biológico, legal tutor da criança de acordo com o tribunal, impossibilitado de a ver pelos pais adoptivos, lhest tenha pedido pelo menos uma fotografia e nem isso lhe ter sido dado!

"Pontos de vista muito à letra da lei, conduzem a conclusões disparatadas"
Lamento que penses assim. Nem a conclusão é "muito à letra da lei", nem é disparatada. Se calhar podias, antes de teres formulado uma opinião tão absoluta, ter-te informado sobre os factos (e não as opiniões) do caso. O Público disponibilizou um dossier bastante completo com a cronologia do processo. Não sei se ainda estará disponível, não o encontrei. Posso dizer-te que a soma dos factos é muito, muito diferente do que se apanha só com os noticiários na televisão.

Ana disse...

Pfuuuuuuu o que vai para aqui, uma pessoa está fora um dia inteiro e é nisto que dá!!!

Eh páh, isto é complicado é...sou honesta. Li a tete, e achei que tinha razão. Depois li o nelson, e achei que ele tinha razão. Voltei a ler a tete, e mais razão. Retornei ao nelson, e outra razão. Pfuuuuuuuuuuuu, estou a deitar fumo!!!!

Com isto quero dizer que não está claro como água...a criança vê os pais adoptivos como Os pais. Os pais adoptivos negaram direitos ao pai biológico.
Se é à luz disto, os pais adoptivos procederam erradamente. Mas o que é certo é que já se passou o tempo que passou e a criança afeiçoou-se...o trauma vai ser enorme...
Não percebo então porque não há-de o tribunal ordenar um meio termo, com a custódia dada ao pai biológico e direitos de visita aos pais adoptivos. E ficavam todos contentes, em especial a pequenita.

Nelson disse...

ok, imagina este cenário: uma criança é raptada, na maternidade ou pouco tempo depois. Ainda bebé. É encontrada ao fim de 5 anos.

E agora? A criança desenvolveu laços afectivos com os pais "adoptivos" e não conhece os pais biológicos de lado nenhum. Mas... por causa dos laços afectivos vai ficar a viver com os raptores? E o que fazes aos raptores? Podes prendê-los? É que se os prendes vais retirá-los à criança e podes provocar-lhe traumas.

O caso da Esmeralda não é bem assim, é diferente: a criança foi dada pela mãe aos pais adoptivos. Uma doação sem valor legal, mas que permite julgar da boa fé dos intervenientes. Ainda a criança tinha só um ano de idade e foi ordenado pelo tribunal que fosse entregue ao pai biológico. Os pais adoptivos não o fizeram. Recusaram. Passados 4 anos a fugir à justiça (em teoria, porque o pai continuou o seu trabalho na GNR e ninguém se incomodou com isso, apesar de haver notificações de tribunal para lhe entregar) alegam os superiores interesses da criança como argumento para ficar com ela.

É esta a atitude correcta? Este casal agiu a bem dos superiores interesses da criança ou no seu interesse? Queriam adoptar, mas o processo de adopção, sobretudo se o casal quer um bebé saudável, demora vários anos; e ali tinham eles um bebé que apareceu "de pára-quedas", sem esperas, sem triagens, sem assistentes sociais!

A opinião pública e os jornalistas foram rápidos a chegar a uma conclusão. De um lado tens um casal com vida estabelecida. O pai até é da GNR e tudo, homem sério e honrado. Do outro lado tens um tipo modesto, um desgraçado que mal consegue pagar as contas ao fim do mês. Ainda por cima, como o caso só veio à praça pública tinha a Esmeralda 4 anos e tal, ai os traumas para a criancinha, o pai biológico nem quis saber dela, até achava que não era filha dele e só agora é que aparece. No meio do barulho todo perdem-se os factos, mas de que servem os factos para que o público se pronuncie? Há que provocar decisões emotivas. Porque a emoção garante audiências.

Anónimo disse...

Primeiro quero dizer que não sou jurista e as minhas opiniões baseiam-se apenas no que me parece sensato.

Houve um erro para o qual fui alertado e reconheço e que foi o seguinte: afirmei eu que “o Tribunal apenas custeava os testes de paternidade se houvessem suspeitas fundamentadas”. Porém, conforme me foi dito, o teste será sempre feito se o homem indicado como pai não reconhecer essa qualidade. Porém, há um caso em que não é assim e foi nesse que eu baseei o meu raciocínio: Se a mulher for casada o marido é automaticamente registado como pai. A sua presença nem sequer é necessária. Em caso de impugnação por parte do pai, os testes de paternidade só são feitos às custas do Tribunal se houverem suspeitas consideradas com fundamento pelo Tribunal. Conheci um caso desses!
Zé da Burra o Alentejano