02 outubro 2006

Ovos e telemóveis

É só para avisar que não dá para cozer um ovo entre dois telemóveis. Ok? A sério, não dá. Ponto final, parágrafo. Não interessa se receberam um alegado testemunho que diz que a experiência foi feita em laboratório ou não. Não interessa quão cientificamente plausível parece a explicação. Não dá e pronto. Lá porque está na net não quer dizer que seja verdade.

Mas dá para determinar a velocidade da luz com um forno micro-ondas e uma tablete de chocolate...

(se querem mesmo saber porquê, continuem a ler)

Andam por aí umas mensagens a dizer que se colocarem um ovo entre dois telemóveis, suficientemente perto e fizerem uma chamada entre eles a radiação emitida entre os telemóveis é suficiente para cozer um ovo. Ora, se coze um ovo, imaginem o que fará ao vosso cérebro...

Excluindo todas as outras razões pelas quais isto não funciona (e são muitas), o que a mensagem alega é que é emitida radiação entre os dois telemóveis; o que não é verdade. É emitida radiação entre o telemóvel A e uma antena do operador e entre o telemóvel B e uma antena (possivelmente a mesma) do operador (possivelmente o mesmo). Se os telemóveis emitissem mesmo entre eles, podíamos usar telemóveis dentro de uma mina de carvão, mesmo sem antenas por perto! Até na lua havia de dar para fazer chamadas entre dois telemóveis desde que estivessem perto o suficiente. E... errrr.... não, não dá.

As instruções originais estão aqui. E este é o aspecto da página principal do site. Parece-vos uma fonte de informação fidedigna? A mim parece-me um bom site para dar umas valentes gargalhadas e passar uns bons minutos (ou horas) de inactividade. Sim, a receita para cozer ovos foi inventada para gozar com o pessoal e a verdade é que funcionou!

E por mais ridícula que seja a história que se inventa, se lhe for dado um aspecto sério e credível, a malta acredita!

3 comentários:

Pipinha disse...

Por acaso recebi esse e-mail, e sinceramente deu-me para rir! Do que se vão lembrar... Pelo menos podiam ser mais originais!

Unknown disse...

O meu amigo vai desculpar-me, mas o seu texto tem algumas inbverdades, pois não sei se a radiação emitida pelos telefones celulares sao suficientes para cozer o ovo da experiencia no tempo referido. O que eu sei (dado que trabalhjo na area) é que o campo electrico emitido é de facto significativo

Nelson disse...

a sério? Quais são essas inverdades?

O meu amigo que me desculpe mas nunca disse que o campo electromagnético (para quem trabalha na área esperava-se no seu comentário um pouco mais de rigor científico) era intenso ou deixava de o ser.

Mas se consegue cozer um ovo ou se consegue explicar-me como é que funciona uma rede de telecomunicações em que os telemóveis emitem directamente uns para os outros (e não para antenas fixas distribuidas um pouco por todo o lado), terei todo o gosto em ouvi-lo.

Já agora, significativo é o quê? Na UE todos os telemóveis são obrigados a anunciar a quantidade de radiação que emitem, todos eles o fazem, e em todos os modelos os níveis de radiação anunciados (e periodicamente verificados por diversas entidades incluindo associações de consumidores) estão abaixo dos limites estabelecidos pela comissão europeia. Na sua opinião, o que quer dizer "significativo"? Quer dizer letal? Quer dizer perigoso? Quer dizer mensurável? Quer dizer "mais intenso que o campo geomagnético"? Consegue quantificar o que entende por "significativo"?