06 outubro 2006

A marina de Cascais, as Torres de 100m de altura e o direito à vista

Querem construir uma torre de 100m de altura na marina de Cascais. Será um hotel, e defende a CM que será um ícone para o futuro turismo da zona.

Claro que os moradores já andam a falar de atentado, de impacto ambiental, de destruição da marina, etc, etc, etc...

Não me apetece andar a analisar o caso para decidir quem tem razão. Vou a Cascais uma vez por ano no máximo e por pouco tempo, e até gosto de prédios altos e cobertos de vidro, excepção feita às torres das Amoreiras e outros abortos pós-modernistas (não tenciono ofender ninguém; os abortos também têm direito à vida, pelo menos enquanto não houver novo referendo para mudar a lei).

Mas os habitantes de Cascais (e de outros sítios) até têm uma certa razão: afinal, compraram as suas casas com uma determinada vista de mar, estão habituados a ver o mar todos os dias, e agora aparece um mamarracho a tapar-lhes a vista.

Por isso, e para resolver a questão, proponho uma solução que penso que agrade a todos, principalmente aos habitantes de Benfica (como eu) que só têm vista para prédios horrorosos: IMPOSTO SOBRE A VISTA. Teria vários escalões, naturalmente, e assim, sempre que, por causa de um qualquer novo empreendimento, a vista fosse afectada, o valor do imposto seria recalculado!

Por exemplo: apartamento em Cascais com vista maravilhosa para o mar, 1000 Euros por ano; o mesmo apartamento com meia vista para o mar porque o resto está tapado por um mamarracho de 30 andares, 500 Euros por ano; se o mamarracho tapar a vista toda, não se paga o imposto; se resolverem drenar o Atlântico e no que anteriormente era a marina de Cascais se erguer um bairro de lata, uma espécie de Atlântida de chapa de zinco com parabólicas, o imposto funciona ao contrário e o morador recebe 1000 euros por ano da autarquia. O tal hotel teria de pagar uns 1000 euros por ano por quarto para beneficiar daquela vista. Se não pagar, tapam-se as janelas com fotografias das Amoreiras.

E assim acabam-se as discussões! Teríamos diálogos do género "eh pá, a minha casa tem uma vista excelente, não aguento o valor do imposto. Preciso de um apartamento no Lumiar, daqueles com vista para a Musgueira, a ver se equilibro as finanças". Sempre era uma preocupação nova para quem tem casa, para desenjoar dos aumentos da Euribor. E, claro, os habitantes de Gaia seriam os mais beneficiados. Tendo vista para o Porto iriam receber fortunas do imposto sobre a vista (provocação gratuita e completamente despropositada; é só porque não ofendo a cidade do Porto há muito tempo e começo a ter ressaca).

Eu era capaz de não receber nem pagar nada: por um lado tenho vista sobre parte do Parque Florestal de Monsanto (a parte que não tem putas); por outro lado, vejo as Amoreiras excepto em dias de nevoeiro. Curiosamente, não vejo o D. Sebastião. O resto do horizonte é recheado de prédios horrorosos que falem lembrar Dresden depois dos bombardeamentos.

4 comentários:

AEnima disse...

Eu conheco muito bem benfica e o parque de monsanto, e nao sou puta de profissao.

E deixa-me que discorde enfaticamente sobre o imposto: se escolheste viver em benfica eh porque querias a comodidade de viver dentro da cidade e a precos mais baratos. Os habitantes de cascais ou sao residentes de ha muitos anos, pescadores e descendentes, ou quando se mudam para la pagam balurdios pela casa e ainda estao 2 horas de manha no transito para chegar a lisboa.

Xiuuuuuuuuuuuuuuuuu!!! Essa do imposto nao lembra ao diabo, quanto mais a um rapaz que ate eh inteligente, hein???

Nelson disse...

Sim, é estranho que me tenha ocorrido uma dessas.

Até porque pôr 1 milhão de frigoríficos em órbita geo-estacionária para combater o efeito de estufa é uma coisa perfeitamente normal...

mj disse...

Eu cá gosto de idéias que nem lembram ao próprio do demo...e como habitante de Benfica e sem vista para o Monsanto, já estou a pensar ir de porta em porta recolher umas assinaturas...

Nelson disse...

eu assino!