31 outubro 2006

Serviços mínimos

Eh pá, eu devia ter escrito qualquer coisa hoje. Eu sei, eu sei, tenho uma responsabilidade para com os leitores, e as pessoas contam com o Ó faxavor! para alegrar o seu dia e fazê-las ter vontade de sair da cama e ligar o computador, e isso tudo. Eu bem sei que o tempo meio chocho não é desculpa, e que a malta não tarda nada começa a achar que me ando a armar em vedeta.

E a sério, estive mesmo para vir cá e desatar a escrever disparates, inventar uma treta qualquer perfeitamente inútil sobre uma qualquer notícia do dia, insultar o Alberto João Jardim ou a Cinha Jardim ou o Vera Jardim, ou qualquer outra pessoa de apelido Jardim, e abardinar isto e mais não sei o quê.

Mas não sei o que me deu, hoje não consigo dizer idiotices. Penso, penso, penso, abro o browser, começo a escrever posts e só me saem coisas inteligentes. Porra, que merda de dia! Ontem houve o debate sobre o aborto (ou melhor, sobre a despenalização do mesmo, que ninguém debate um aborto em concreto), e mesmo assim, mesmo no meio das enormidades que terão sido ditas (sim, ainda para piorar a coisa, nem sequer vi o debate), não me ocorre dizer nada sobre o assunto que não seja profunda e equilibrada.

Até pensei recorrer a truques sujos e desatar a insultar os dirigentes do Porto ou coisa no género, falar mal da Liga de Clubes, do CDS-PP, do Orçamento de Estado, do Durão Barroso, eh pá, ao menos mudar a sondagem que já aí está há 2 semanas. E nada! Nem sequer um insulto gratuito ao Santana Lopes me vem à cabeça, imaginem! Ocorrem-me ideias belíssimas, mas todas com uma fundamentação sólida, isentas, sem brejeirices, de elevado nível e inclusivé usando adjectivos de 4 e 5 sílabas e nem uma ideia decente, pá! Acho que se desatasse a escrever era bem capaz de resolver (pelo menos em teoria) todos os grandes problemas da humanidade! Acho que seria capaz de criar uma nova teoria política capaz de unir esquerda e direita, mesmo os seus mais radicais adeptos. Acho que encontraria facilmente a resolução para o problema da fome no mundo, da pobreza e, em simultâneo, a forma ideal e sem pontos fracos de permitir uma economia de mercado saudável, que premiasse a competência e a qualidade, que abolisse a clivagem entre ricos e pobres mas que garantisse em simultâneo que os melhores seriam distinguidos pelo seu mérito e, ainda por cima, sem aumentar a despesa do estado ou o seu intervencionismo. Daí até à paz e harmonia entre povos e religiões, a resolução do conflito israelo-palestiniano, a obtenção da paz no Iraque e o fim da escalada dos preços do petróleo seria um saltinho. E tudo isto com um texto tão belo que me permitiria sem qualquer sombra de dúvida um prémio literário importante, assim tipo o Nobel. Que, obviamente, recusaria, por modéstia.

Pensei mesmo em escrever sobre isso tudo e acabar de uma vez por todas com as desgraças do mundo, as suas injustiças e imbecilidades. Mas depois, que graça é que tinha continuar o blog?

Amanhã é feriado, pode ser que ajude.

1 comentário:

João Paulo Costa disse...

Creio que não serãonecessárias massagens de ego aoautor deste blog nos tempos mais próximos.

Um abraço.