27 setembro 2006

Só me saem duques...

Ontem recebo uma chamada de alguém que só falava inglês (e com um sotaque meio esquisito...). Apresentou-se como sendo de uma empresa que trata de oportunidades de investimento de elevado rendimento e baixo risco (burlas, portanto). Fez umas quantas perguntas, a algumas delas eu respondi (por exemplo, qual o nosso site ou o número de fax, etc.). Entretanto fez-me perguntas do género: "Há quanto tempo trabalha na empresa?" ao que eu respondi "Não é da sua conta". Ah, mas é só por curiosidade. Tá bem, mas eu não respondo a esse tipo de perguntas. Bem, comecei a vera coisa meio esquisita e vai daí ela pergunta-me que tipo de empresa é: se é grande, se tem muitos funcionários, etc. Hmmm.... ok, lá vai disto: "Não vou responder a essa pergunta. Só lhe respondo com informações que sejam do domínio público". Automaticamente a resposta dela foi: "Obrigado pelo seu tempo, bom dia". E pronto.

Ora bem, afinal, o que foi aquilo? Já receberam daqueles e-mails de alguém que alega ter uns quantos milhões de dólares e vos oferece uns 10% só para lhes fazerem um favorzito, sem qualquer despesa? Pois, isto é do mesmo género. Tentam seleccionar pessoas com acesso fácil a dinheiro de tesouraria de uma empresa: o gerente de uma empresa pequena/familiar mas com bom volume de negócios. Seduzem-no com promessas de elevada rentabilidade sem qualquer tipo de custos. Se o tipo cai na esparrela, começa o jogo. Tudo corre bem, mas, às páginas tantas, é necessário efectuar um pagamento qualquer (coisa pouca, 50 dólares ou coisa assim), pela Western Union ou coisa no género. O pagamento é só para desbloquear a verba ou coisa no género. Depois, a coisa funciona como todas as fraudes: a vítima não quer admitir que foi burlada, por isso vai alimentando a esperança de recuperar o dinheiro gasto. E vai gastando cada vez mais. Sei de um caso em que o valor perdido chegou às dezenas de milhares de contos e levou a empresa à falência ou lá perto.

Este tipo de burlas chama-se "419 Scam", em honra da lei nigeriana que proibe este tipo de negócios. É (estima-se) a 3ª maior indústria do 9º maior país do mundo (em população). Recomenda-se uma leitura na diagonal do site da 419 Coalition, dedicada a combater este tipo de burlas.

Mas, acima de tudo, recomenda-se uma leitura atenta do site 419 eater, escrito por um gajo (aliás, neste momento há uma equipa de gente que se entretém desta forma) que responde a TODOS os contactos deste género, dá trela aos burlões, e exige provas de boa fé, no mínimo, originais. Tipicamente fotografias em poses específicas ou a segurar cartazes com determinados dizeres (frequentemente ofensivos e ridículos); às vezes, exige dinheiro como prova da boa fé do burlão (e, pasme-se, consegue!). Sim, estes tipos entretêm-se a vigarizar vigaristas! Acho particularmente poético que todas as secções do site incluam uma fotografia de um destes burlões a segurar um cartaz com o nome da secção..

3 comentários:

Margot disse...

Tu és um precioso bem nacional!
Deviam pagar-te por estares sempre tão bem informado.
Por isso é que quando tenho dúvidas, reenvio tudo para ti... ;)

Nelson disse...

Sim, ao contrário da Floribella, o Ó faxavor! é MESMO serviço público!

Nelson disse...

Nota: o Francisco Penin (director de programas da SIC) parece que às páginas tantas disse que a Floribella era serviço público...