Estive a ler (partes de) um artigo na Rolling Stone (obrigado pelo link Pedro) que levanta algumas questões sobre a honestidade das eleições presidenciais americanas de 2004 (a que re-elegeu o Bush). Depois de ler o artigo, tive uma ideia que, modéstia à parte, classifico de simplesmente genial!
As eleições são um momento importante da vida em democracia. O acto de votar é uma avaliação feita pelo povo das capacidades dos seus dirigentes e do trabalho por eles desenvolvido, bem como dos projectos dos restantes candidatos.
Só que as eleições têm sérios problemas. Para já, o povo não percebe nada de política. Além disso, o povo pode votar por razões idiotas. É muito difícil prever como é que uma determinada medida vai ser recebida; a medida pode ser justa e ser penalizada na eleição seguinte.
Mas o pior de tudo diz respeito aos grupos de pressão. É muito complicado prever quem vai ganhar, porque o povo é que escolhe os novos líderes (num país como os EUA, em que o lobbying é prática instituída isso significa que muitos esforços de
Mais! Um candidato assume determinados compromissos. Ora, se ganhar, é fácil ignorar os compromissos feitos à população (a população não paga a campanha e quando se está no poder é mais ou menos simples dar o dito por não dito - lembram-se do não aumento de impostos antes das legislativas de 2005?). O complicado mesmo é ter de garantir aos patrocinadores da campanha o retorno dos avultados investimentos realizados. Um gajo arrisca-se a ter de assumir os mesmos compromissos na eleição seguinte sem receber nada, o que o deixa com grandes dificuldades para ganhar. Deve ser por isso que tão pouca gente se candidata a duas eleições de seguida (mesmo aqui, se bem me lembro o Cavaco Silva teve 1 eleição de jejum entre a derrota de 1996 e a eleição de 2006; agora imaginem o problema que é nos EUA, se cá já é assim...).
Então, pus-me a pensar em formas de resolver o problema... ora bem, quem é que percebe de política? Os políticos, naturalmente. Por isso, quem melhor que eles para decidir o que é melhor, politicamente, para o país? Não podemos confiar os destinos de uma nação (qualquer uma, quanto mais uma grande potência como os EUA) a uma população estúpida e ignorante que de política nada sabe. O melhor mesmo é confiarmos num conjunto de "eleitores iluminados" que garantam que o povo decide da forma que é melhor para si. Ou seja, continuamos a ter eleições, mas o resultado é determinado pelos votos de meia dúzia de pessoas, devidamente esclarecidas. Que tal? É uma espécie de sondagem à boca das urnas, mas com menos gente.
O ideal mesmo seria termos apenas um eleitor preferencial, e o resultado da eleição seria dado pelos votos desse eleitor. Mas isso seria uma ditadura e nós pretendemos uma democracia plena e livre, garantindo somente que o povo não estraga tudo.
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