25 setembro 2006

Mais uma ideia brilhante

(este post tem "Mais" no título porque pelos vistos já houve um post chamado "Uma ideia brilhante", mas sinceramente nem me lembro bem qual...)

Estive a ler (partes de) um artigo na Rolling Stone (obrigado pelo link Pedro) que levanta algumas questões sobre a honestidade das eleições presidenciais americanas de 2004 (a que re-elegeu o Bush). Depois de ler o artigo, tive uma ideia que, modéstia à parte, classifico de simplesmente genial!

As eleições são um momento importante da vida em democracia. O acto de votar é uma avaliação feita pelo povo das capacidades dos seus dirigentes e do trabalho por eles desenvolvido, bem como dos projectos dos restantes candidatos.

Só que as eleições têm sérios problemas. Para já, o povo não percebe nada de política. Além disso, o povo pode votar por razões idiotas. É muito difícil prever como é que uma determinada medida vai ser recebida; a medida pode ser justa e ser penalizada na eleição seguinte.

Mas o pior de tudo diz respeito aos grupos de pressão. É muito complicado prever quem vai ganhar, porque o povo é que escolhe os novos líderes (num país como os EUA, em que o lobbying é prática instituída isso significa que muitos esforços de suborno patrocínio têm de ser duplicados, o que implica gastos descecessários). Esta duplicação de esforços faz com que, por exemplo, uma petrolífera temnha de gastar o dobro do dinheiro para garantir uma determinada isenção fiscal, ficando sem orçamento para pressionar no sentido de eliminar a legislação ambiental no que diz respeito à poluição automóvel. A indústria automóvel e a investigação em novos e mais potentes motores fica, obviamente, penalizada, o que tem sérias implicações na economia.

Mais! Um candidato assume determinados compromissos. Ora, se ganhar, é fácil ignorar os compromissos feitos à população (a população não paga a campanha e quando se está no poder é mais ou menos simples dar o dito por não dito - lembram-se do não aumento de impostos antes das legislativas de 2005?). O complicado mesmo é ter de garantir aos patrocinadores da campanha o retorno dos avultados investimentos realizados. Um gajo arrisca-se a ter de assumir os mesmos compromissos na eleição seguinte sem receber nada, o que o deixa com grandes dificuldades para ganhar. Deve ser por isso que tão pouca gente se candidata a duas eleições de seguida (mesmo aqui, se bem me lembro o Cavaco Silva teve 1 eleição de jejum entre a derrota de 1996 e a eleição de 2006; agora imaginem o problema que é nos EUA, se cá já é assim...).

Então, pus-me a pensar em formas de resolver o problema... ora bem, quem é que percebe de política? Os políticos, naturalmente. Por isso, quem melhor que eles para decidir o que é melhor, politicamente, para o país? Não podemos confiar os destinos de uma nação (qualquer uma, quanto mais uma grande potência como os EUA) a uma população estúpida e ignorante que de política nada sabe. O melhor mesmo é confiarmos num conjunto de "eleitores iluminados" que garantam que o povo decide da forma que é melhor para si. Ou seja, continuamos a ter eleições, mas o resultado é determinado pelos votos de meia dúzia de pessoas, devidamente esclarecidas. Que tal? É uma espécie de sondagem à boca das urnas, mas com menos gente.

O ideal mesmo seria termos apenas um eleitor preferencial, e o resultado da eleição seria dado pelos votos desse eleitor. Mas isso seria uma ditadura e nós pretendemos uma democracia plena e livre, garantindo somente que o povo não estraga tudo.

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