13 novembro 2006

Produtos que fazem falta - parte I

As esponjas da louça. Têm uma parte amarela e uma parte verde. A parte amarela é mais fofinha, a parte verde serve para esfregar coisas mais difíceis de tirar.

O problema das esponjas da louça é que a parte verde desfaz-se muito mais depressa que a parte amarela. Felizmente a parte amarela pode ser reciclada para outros fins depois de terminada a sua vida útil a lavar louça (por exemplo, para lavar as louças da casa de banho). O problema é que depois precisamos de outra esponja para a louça. E nas esponjas novas a parte verde é muito rija. Só ao fim de uns tempos de utilização é que fica maleável, permitindo usar ao máximo o seu poder de esfregamento. Ou seja, mandamos fora (ou reciclamos) uma esponja da louça porque a parte verde já não é eficaz para esfregar, esfregar, esfregar. Mas a esponja nova é tão rija que também não é grande coisa! É difícil esfregar bem as partes menos acessíveis das tampas dos tachos, ou dos plásticos e o resultado é que a louça ficaria melhor lavada com a esponja velha. Que já foi para o lixo. Ou que já usámos para lavar o bidé. E ir buscá-la ao lixo ou ao bidé é pouco higiénico.

Ainda por cima, uma esponja da louça nova (e portanto muito rija) tem outro problema: aumenta as probabilidades de salpicar a bancada da cozinha (ou a louça já lavada e devidamente arrumada no escorredor) com espuma, o que é desagradável e obriga a trabalho extra: voltar a passar a louça já lavada por água para tirar a espuma e lavar toda a bancada da cozinha para limpar a espuma que por lá ficou.

Vai daí, tive uma ideia: as esponjas da louça (pelo menos a parte verde) deviam vir já "com a rodagem feita", assim como os carros. Antes de chegarem ao supermercado eram usadas para esfregar umas quantas coisas para as amolecer, poupando-nos esses primeiros dias de esfreganço mais cansativo porque menos eficaz, e diminuindo o bombardeamento de espuma para cima da louça já lavada. Ou então, que houvesse uma empresa que comprasse as esponjas novas, lhe fizesse a rodagem e depois as vendesse num mercado de "esponjas em segunda mão". A diferença é que neste caso o produto em segunda mão seria mais caro que o produto novo, mas penso que é um preço que todos estamos dispostos a pagar pelo ganho em eficácia de lavagem. Acabava-se a nostalgia da esponja velha (a tal que já foi para o lixo ou para o bidé) quando pegamos numa esponja nova e percebemos que aquela gordura entranhada nos recantos da tampa do tacho não vai sair tão facilmente.

Há muitas coisas que fazem falta no mercado (quer produtos, quer serviços) e a sua utilidade é tão óbvia que eu não percebo como é que ninguém pensou nisso antes.

2 comentários:

El Ranys disse...

Não te conhecia esta especialização em esfregamento.
É, sem dúvida, uma importante reflexão. Estas esponjas modernaças querem é tacho.

Nelson disse...

Vivo sozinho e não tenho máquina de lavar; ou lavo a louça ou começo a jantar em pratos sujos (comer bifes a saber a bacalhau tem piada duas ou três vezes mas depois aborrece)