28 novembro 2006

Coisas irritantes

Não vou falar das torneiras que pingam. Isso toda a gente sabe que é irritante. Uma pessoa vai-se deitar, tenta dormir e só ouve o gotejar da torneira. ping, ping, ping, ping... Tentamos ignorar, o que obviamente não funciona. Deve haver qualquer coisa na escuridão que amplifica o som das gotas a cair. É irritante porque nos obriga a ver todas as torneiras até descobrir qual é que pinga. E claro que tinha de ser a torneira da banheira, a última que verificamos. Depois ficamos uns minutos a prestar muita atenção para ver se ficou mesmo bem fechada ou continua a pingar. Ao fim de uns minutos estamos satisfeitos: está bem fechada. O problema é que agora estamos despertos e não conseguimos dormir. É muito irritante. Pegamos num livro para tentar adormecer e azar d'um raio: o livro é interessante, ficamos a lê-lo até às 6 da manhã. Tudo por causa de uma reles torneira! (é por estas e por outras que dá jeito saber mudar as borrachas das torneiras; para evitar noitadas até às 6 da manhã em vésperas de dia de trabalho).

Mas outra coisa que é irritante, e é dessa que queria falar, é quando vamos a conduzir e alguém nos dá uma apitadela e dá a entender que nos quer dizer qualquer coisa. Baixa-se o som do rádio, abre-se o vidro e pergunta-se o que é. E a pessoa, zelosa, lá nos avisa que temos um pneu em baixo, ou um pisca fundido, ou o escape solto ou coisa no género. Ontem aconteceu-me uma dessas. Fazem-me sinais de luzes, poem-se ao meu lado e apitam. Abro o vidro e o senhor diz "nhasubuop lá atrás". Infelizmente não percebi o início da frase. E o semáforo ficou verde, os outros carros buzinaram o senhor foi à sua vida e eu fiquei sem saber o que me queria dizer ele. Estaria de luzes apagadas? Não, tava com os médios acesos. As luzes de nevoeiro estavam ambas as duas desligadas (tive de aproveitar a oportunidade para dizer "ambas as duas", espero que não me levem a mal); quanto a pneus, o carro parecia portar-se bem, nada de anormal se detectava. Continuei para casa a pensar no que seria que o senhor me queria dizer, a tentar reconstruir o som que ouvi, na esperança de identificar uma qualquer palavra familiar. Nada. Cheguei a casa, estacionei e andei feito parvo a experimentar as luzes todas à chuva (e se chovia!). Não, parece tar tudo bem. Verifiquei as portas, estavam bem trancadas. Os pneus também estavam bons. Os tampões das jantes estavam no sítio. A suspensão parecia estar no sítio. O escape também.

E pronto, fui-me embora, sem saber do que me queria avisar o senhor. Agora, sempre que pego no carro só penso no que o senhor zeloso me tentou dizer. E não me ocorre nada. E fico preocupado. E se for alguma coisa grave? Agora o meu cérebro dá o alerta em qualquer barulho insignificante que eu ouça no carro. E depois percebo que era no rádio. Ando uma pilha de nervos, vocês nem imaginam!

Estas situações são muito chatas. Alguém avisa-me e eu não sei do quê. Pior só mesmo ir a correr ao pé de uma falésia e ouvir ao longe "Cuidado! hamonbfhuaiopusg aco sniasfodfa ente". Um gajo continua a correr a pensar "o que raio me queria dizer aquele senhor"? E só depois de cair por uma ribanceira de 200 metros no meio de rochas e estatelar-se ao comprido lá em baixo é que percebe: Aaaaaaaaah! Era "Cuidado com o buraco lá à frente"! Agora já percebi.

2 comentários:

Anónimo disse...

"nhasubuop" quer dizer :

"olhe desculpe, para as amoreiras, sigo em frente ou era preciso virar"


david

Nelson disse...

pois, podia ser isso.