Acabou mais uma época. Vem aí a "silly season" que no caso do futebol merece plenamente o nome que tem. A partir de agora e até começarem os jogos de preparação temos pela frente um mês inteiro em que só se fala de transferências. Todos os jogadores válidos deste mundo vão ser dados como aquisições prováveis de Benfica, Porto ou Sporting (a ordem pela qual escrevi os nomes é aleatória. Melhor ainda, é alfabética! Acho que ninguém acredita que é acidental o Benfica aparecer em primeiro lugar e o Sporting em último, por isso digo que é alfabética e disfarça).
Os jornais desportivos diários são 3 e precisam de conseguir vender jornais durante este mês de férias, senão há gente a ser despedida. E se há coisa em que os portugueses são bons é a conseguir não ser despedidos.
Como funciona a redacção de um jornal desportivo diário nesta altura do ano?
Funciona mais ou menos como um sorteio da Taça UEFA: para um tipo de notícias têm três potes. Dentro do primeiro pote estão cerca de 200 bolas com nomes de jogadores. No segundo pote estão bolas com os nomes de clubes portugueses. No terceiro pote estão três bolas: uma diz "compra", a outra diz "empréstimo" e a terceira diz "a definir". Para cada notícia sorteia-se o nome de um jogador, o nome de um clube e o tipo de notícia a dar. Por exemplo, se o resultado for "Figo", "Sporting", "Empréstimo" a notícia dará conta do interesse do Sporting no empréstimo por uma época de Figo do Inter de Milão.
Para outro tipo de notícias a coisa funciona ao contrário: no primeiro pote estão os nomes dos jogadores com contrato com clubes portugueses, no segundo pote estão os nomes das principais (e não só) equipas europeias (e não só) e no terceiro pote o tipo de negócio. Por exemplo, se for sorteado "Simão", "Liverpool", "Venda" a notícia dará conta da quase certa transferência de Simão Sabrosa para o Liverpool.
Depois, e porque na edição da véspera houve 30 notícias de transferências para as quais é necessário escrever a sequência, há um novo sorteio com três potes: no primeiro estão as notícias dadas na véspera; no segundo estão os vários desenvolvimentos possíveis (confirmação, desmentido, impasse negocial, preso por horas) e no terceiro está a fonte que deu a notícia (a direcção de um ou outro clube, o empresário do jogador, "fonte do clube" ou "fonte próxima do jogador"; as duas últimas são a melhor forma de alegar que alguém com conhecimento de causa confirmou, caso dê chatices). Por exemplo, na notícia dada sobre o empréstimo de Figo ao Sporting, podia ser sorteado "preso por horas" e "fonte próxima do jogador" tendo como resultado uma manchete no dia seguinte a dizer "Figo no Sporting" e como sub-título "assinatura do contrato presa por horas; falta apenas acertar alguns pormenores com o jogador".
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3 comentários:
Bem, suponho q um jornal chamado a Bola não possa falar de outras bolas que não a do Futebol...
sim, a Bola tem essa desculpa. Qual é a desculpa do Record ou do Jogo?
Exacto. Qual será a desculpa deles?
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