12 junho 2007

O regresso

Depois de um fim de semana bem passado, o regresso. Autocarro até à estação de comboios, TGV até Paris, autocarro até ao aeroporto.

Chego à fila do check-in e sou informado que estou em lista de espera. Estava com mais duas pessoas. Uma delas tem lugar no avião e vai embarcar, eu e a outra pessoa temos de esperar. Passados dez minutos somos informados que não há mais lugares disponíveis. Como nós há mais uns 20 passageiros, quase todos portugueses, que ficaram em terra. Ouviam-se as habituais reclamações nos vários balcões de check-in e a típica boa educação francesa que assim que começa a ouvir alguém a reclamar vira costas e vai-se embora. Aqueles gajos são impressionantes. Os funcionários da Air France estão entre os cidadãos mais mal educados do planeta (espero que haja excepções, mas até agora não encontrei nenhuma!).

Bom, nada a fazer, já sei como a coisa funciona. Lá vou ter de ficar uma noite extra em Paris.

Mas se há uns anos as companhias faziam o que bem lhes apetecia, agora a coisa é algo diferente. Continuam a fazer o que lhes apetece, mas com regras! Existe uma coisa chamada Direitos dos passageiros (tomem nota do link que pode vir a ser muito útil).

E as regras são: reembolso do preço do bilhete ou disponibilização de meios de transporte alternativos, alojamento em hotel, transfers e refeições se necessário, e uma indemnização de 250 euros para voos até 1500 km. Para voos mais longos os valores são superiores. (há uns 15 anos aconteceu-me uma parecida e a brincadeira era bem menos lucrativa; só pagaram o hotel e as refeições e fizeram-nos esperar mais de 10h no aeroporto por novo voo)

Adivinhem lá qual é a distância entre Paris e Lisboa. 1452 km. Porra, pá, não podiam ter feito o aeroporto um nadita mais longe? Por causa das merdas agora já sou a favor da construção do novo aeroporto em Rio Frio. Ou Poceirão. Ou Sines, também serve!

Bom, lá me deram o vale de indemnização. 350 euros em vale de viagem Air France (cruzes, credo!!!) ou KLM (ah, estes são simpáticos; os capitais podem ser os mesmos, mas a amabilidade dos funcionários é completamente diferente); se preferir posso converter o vale em 250 euros em dinheiro. Acho que em Agosto vou a Amsterdão, cortesia da Air France e do maravilhoso aeroporto Paris CDG. E vou tentar fazer mais escalas lá, pode ser que continue a ter sorte!

O hotel era um bocado ranhoso, mas servia (a cama era boa e a casa de banho também; as alcatifas é que eram de gosto duvidoso); o jantar não era grande coisa, mas deu para alimentar. Demorámos imenso tempo a comer porque a AF mandou todos os passageiros sem voo para aquele hotel. Quando olhámos à volta a sala estava cheia e passámos o tempo a cumprimentar os tugas que tínhamos visto no check-in. Depois voltei, mais uns quantos portugueses, num voo TAP na segunda-feira. Que se atrasou 1 hora, ainda por cima. Era para ter chegado às 21:30 de domingo, cheguei às 14:15 de segunda. Acho que por aquela altura já conhecia metade dos passageiros do avião que foram meus companheiros de infortúnio.

Posto isto, deixo os meus conselhos para as famílias portuguesas endividadas: aproveitem os fins de semana prolongados para ir a Paris. Todos. Se possível, levem os putos pequenos também, que pagam só metade do bilhete, ou menos. Comprem os bilhetes com muita antecedência, com regresso no último voo do último dia do fim de semana e na classe de reserva mais barata (aquelas com imensas restrições). Façam o check-in a apenas 50 minutos da hora de voo. De preferência, mais tarde até. Troquem os vales de indemnização por dinheiro e paguem as dívidas. E ainda tiveram férias pelo meio. Boa táctica, han?

(nota para os mais ingénuos: se a indemnização é de 250, mais 100 para hotel e refeições e outros 100 para o voo de regresso totalizamos 450 em despesas; um bilhete comprado com antecedência custa uns 100 euros ou menos e um bilhete vendido nos últimos dias antes do voo chega facilmente aos 800. Façam as vossas contas)


Pronto, tá feito o relato do meu fim de semana.

7 comentários:

Elora disse...

Quer-me parecer que te esqueceste de mencionar um barco algures, não?

Olha lá, se paris é a 1452 Km de Lisboa, o aeroporto CDG deve ser a mais e o de orly a menos, não?

Nelson disse...

não, esqueci-me só de mencionar uma ponte :)

são 1452 entre CDG e Lisboa. De Orly devem ser menos.

Fui verificar ao http://www.world-airport-codes.com/ e segundo eles são 1470 km entre CDG e Lisboa e entre Orly e Lisboa são 1437. Mais coisa, menos coisa, por uns quilómetrozitos e ganhava mais dinheiro.

Ana disse...

Mas que grande aventura...eu acho que me passava se me voltassem as costas assim com essa delicadeza...

MoonDreamer disse...

Muitas vezes as pessoas é que não sabem reclamar. É que até para se reclamar é preciso ser educado. Não quero desta forma defender as falhas da AF, mas não me parece que saldo final tenha sido negativo certo?!

Nelson disse...

é verdade, mas quando dizes a um casal que tem de trabalhar no dia seguinte e que viaja com uma criança de 4 anos que vão ter de ficar mais uma noite em Paris tens de estar à espera que a notícia não seja bem recebida.

MoonDreamer disse...

vamos então bater na tecla do bom senso... se eu fosse a paris com uma criança de quatro anos, nunca voltaria só no dia anterior a começar a trabalhar...

Nelson disse...

então, bora lá voltar ao bom senso: se eu vou a Paris mostrar a Euro-Disney à criança de 4 anos e aproveito um fim de semana prolongado para o fazer, não irei desperdiçar um dos 4 dias para regressar a tempo.

Independentemente das razões que levam uma pessoa a planear a viagem de forma deficiente: os bilhetes foram comprados e pagos. e a AF resolveu vender umas dezenas de bilhetes extra. De quem é a culpa mesmo? Claro, dos passageiros que planearam o fds até à última e compraram bilhete de regresso para o último voo do último dia de folga.