Há uns anos deparei com o conceito de número fortuito. O João (que até costuma comentar aqui) falou-me nisso e como somos pessoas muito ocupadas passámos uma tarde inteira a explorar o conceito de número fortuito.
Vai daí, até escrevi um artigozito para a revista dos estudantes de física do Técnico, a Pulsar (peço desculpa pela falta de conteúdo do site, devem estar em obras...), a falar do conceito de número fortuito. Agora descobri que alguém submeteu esse artigo ("submitiu o papel" como alguém disse há uns tempos...) para o portal da UTL, o e-Escola. Encontrei o editor de Matemática por acaso e ele disse-me que queria falar comigo por causa do artigo que eu submeti. Acontece que eu nem sequer tinha submetido nada! Não faço ideia quem terá sido, mas fiquei contente por ver que um artigo meu intitulado "Provavelmente o conceito matemático mais inútil do mundo" foi considerado relevante para ficar nos destaques do e-Escola! Ainda não está lá, vou ter de o rever. Mas se calhar, lá para o fim da semana...
Mas afinal, o que raio é um número fortuito? Bem, é um número que tem tantas letras como o seu valor, por exemplo 5 (cinco). Se o número tiver mais de uma palavra, multiplicam-se os números de letras das várias palavras, por exemplo, 25 (vinte e cinco). Ou ainda, 54 (cinquenta e quatro), 125 (cento e vinte e cinco) e 175 (cento e setenta e cinco). E pelos vistos, deve haver mais. Vai daí, até fiz um programa em C (eu disse que tinha muito tempo livre) para pesquisar números fortuitos e... não encontrei mais nenhum. Fui até 109 e não encontrei mais números fortuitos em português. O que dá origem à primeira conjectura da teoria (que até é capaz de ser verdade!): em português só existem 5 números fortuitos!
E até tive de criar algumas definições importantes, por exemplo tive de escolher entre catorze e quatorze! O que não foi complicado: quem diz quatorze é obviamente morcão, e tá o caso resolvido! :P
Este conceito até promete. Não lhe encontro qualquer utilidade, prática ou outra, o que é sempre bom sinal! E continuei a explorar o conceito. Por exemplo encontrei números fortuitos conjugados: por exemplo, 4 (quatro) e 6 (seis)! E ainda... números fortuitos fraccionários! Aqui a regra é dividor o nº de letras do numerador pelo do denominador. Por exemplo, um meio (2/4) é um número fortuito redutível. cinco sétimos (5/7) é um número fortuito irredutível!
Claro está que em inglês a coisa muda de figura. Os números fortuitos são: 4, 24, 84672, 1852200 e 829785600. E existem muitos outros! O inglês é uma língua aparentemente mais fortuita que o português.
E em francês a coisa tem ainda mais piada: já alguma vez pensaram na razão para dizer "quatre-vingt-dix" em vez de "nonante"? Bem, a razão é... "quatre-vingt-dix" é fortuito e nonante não é!
E pronto, aqui fica aquele que é, provavelmente, o mais inútil conceito matemático do mundo! Mas, citando alguém muito inteligente cujo nome não recorda (até porque nunca soube quem foi que disse isto), a pergunta certa não é "para que serve?" mas sim "que piada é que isso tem?". E tem um bocado de piada, convenhamos!
Se alguém encontrar outros números fortuitos dê-me uma apitadela!
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2 comentários:
Olá...
Olha, se há quem cá venha parar por causa de tremoços (mesmo em inglês), eu vim cá parar a partir do blog de alguém que está do outro lado (do Atlântico...).
Mas quero só dizer que realmente isto dos números fortuitos pode não ter utilidade nenhuma, mas tem a sua piada. Eu, que não sou muito matemático, não conhecia o conceito antes (ok, não ser matemático não é desculpa, sou mesmo burro, pronto! :P)
Agora deixaste-me curioso. Sabes em que número da Pulsar saiu o teu artigo? Eles têm alguns números online, podia ser que eu encontrasse o número certo...
É uma boa pergunta. Não faço puto de ideia. Mas em breve estará disponível no portal e-Escola e eu depois anuncio aqui.
Se entretanto me lembrar qual o número eu aviso.
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