24 janeiro 2007

Uma fábula

Um engenheiro trabalhava numa fábrica. O homem conhecia todas as máquinas, todas as peças, todos os processos e durante mais de 40 anos foi um elemento indispensável para a empresa.

Até que, finalmente, se reformou e foi viver para as Caraíbas, gozando da sua choruda reforma.

Certo dia telefonam-lhe da empresa. Estão em crise, a produção toda parou porque uma máquina avariou e ninguém a conseguiu reparar. Não conseguem perceber a origem do problema e se a produção não recomeçar rapidamente a empresa corre sérios riscos. "Venha cá, por favor, pagamos-lhe o que for preciso!" disseram eles. E o homem lá foi.

Chegado à fábrica, olhou para a máquina durante 3 minutos, pegou num bocado de giz, marcou uma cruz numa das peças da máquina e disse "Aí está o vosso problema. Substituam esta peça e a máquina fica como nova". Os tipos da fábrica ficaram exultantes e o homem lá voltou à sua vida.

Passados uns dias mandou um e-mail ao director da fábrica a dizer que queria que lhe pagassem 50 mil euros pela reparação. O director achou aquilo um roubo inqualificável, para mais vindo de um homem com quem sempre se mantiveram relações cordiais, mas não querendo partir imediatamente para o confronto, resolveu de forma polida pedir que o engenheiro lhe enviasse uma factura discriminada, para que ele a pudesse apresentar à administração. O engenheiro assim o fez. Passados uns dias enviou uma factura por e-mail onde se podia ler:
QuantidadeDescriçãoPreço unitárioTotal
1Cruz desenhada em giz0,050,05
1Saber onde desenhar a cruz49.999,9549.999,95
TOTAL50.000,00
IVA (21%)10.500,00
TOTAL A PAGAR60.500,00


Hoje senti-me como o engenheiro da fábula.

5 comentários:

Anónimo disse...

"Hoje senti-me como o engenheiro da fábula."

A pergunta que se põe é:

E pagaram-te isso tudo? :P

ToBru disse...

Tenho umas dúvidas:
1 - de que côr era o giz?
2 - apesar de reformado, ainda recebia uns trocos; foi acto único, ou estava inscrito como profissional liberal? isto para averiguar o escalão de IRS.
3 - visto ter ido viver para as Caraíbas, não devia estar a facturar com o imposto equivalente ao IVA do pais onde declara os rendimentos, agora nas Caraíbas?!

Nelson disse...

fausto: faz parte das funções pelas quais sou pago. Se sou pago em quantidade suficiente ou não, isso já é outra história e não é para aqui chamada ;)

pedro: senti-me na posição do engenheiro que soube qual a peça a substituir. A ver vamos se vou ter a "factura" contestada.

vitor: 1. o giz era branco. 2. o engenheiro mudou-se para as ilhas Caimão, onde não é tributado em sede de IRS. 3. não havendo acordo sobre dupla tributação entre portugal e as ilhas Caimão, o assunto é dúbio. Podemos dizer que abriu uma sucursal em Portugal; a sucursal em Portugal não obteve lucros porque foram entregues à casa mãe, que como está sediada num paraíso fiscal não vai pagar impostos sobre isso. Com jeitinho a casa mãe cobra o IVA à sucursal, pelo que nem isso é preciso entregar ao estado. Nada de muito estranho... ;)

Anónimo disse...

Tendo em conta que és uma cópia pirata do Excel, acho que só te vão pagar o preço do CD-R... :P

P.S. Devo-me ter enganado e meti isto no tópico seguinte.

Nelson disse...

e como estão cada vez mais baratos, lá se vão os aumentos...