Mateus é nome de santo, autor de um dos evangelhos. É também nome de ministro das finanças, autor de um plano de regularização de dívidas. É também nome de vinho rosé. E também é nome de palácio/fundação.
E também é nome de jogador da bola angolano. Sim, ainda o caso Mateus!
(se não queres ouvir outra vez o resumo da história do caso Mateus e/ou não ligas pevas a futebol, salta os próximos dois parágrafos)
Para resumir que a história é tão longa que já mete nojo, arrastou-se durante tanto tempo que até parece o caso dos hemofílicos contaminados com HIV: o Mateus foi contratado pelo Gil Vicente. O Mateus não podia ser inscrito, o Gil Vicente foi para tribunal, andaram os gajos uma carrada de tempo a falar de um fax, era fax para aqui, fax para ali, e recurso e mais direitos e FIFA e mais não sei o quê, vai o Gil Vicente parar à segunda divisão. E os senhores do Gil Vicente ficaram danados e não compareceram nos jogos e resolveram em vez disso aparecer no estádio da Luz para a primeira jornada e ninguém sabia oficialmente de nada e etc.
Bom, o caso morreu, o Gil Vicente lá está na segunda liga, faltou a 3 jogos, perdeu uma carrada deles porque a equipa, naturalmente, não estava com ritmo competitivo e estava desmotivada, foi penalizada em 9 pontos, passou as passas do Algarve (mais ou menos como o Farense, mas esse com mais propriedade porque é do Algarve, ao contrário do Gil Vicente que é de Barcelos) e a coisa ficou assim. O Gil Vicente em princípio safa-se de descer de divisão outra vez e o Mateus lá continua no clube.
(a partir daqui é que falo da notícia propriamente dita e deixo de falar no caso Mateus; podes continuar a ler)
Até que... o Gil Vicente transfere o Mateus para o Dínamo de Bucareste (aqueles que perderam contra o Benfica em Fevereiro), chega lá, faz uns exames médicos e é devolvido à procedência: mercadoria com defeito. E isto porquê? Porque o Mateus tem hepatite B (coisa boa para jogador da bola! é quase tão bom como ter uma ruptura do ligamento cruzado anterior, seja isso o que for; parece que é uma coisa que dá a meio da perna, assim perto do joelho) e ao que parece o clube (o Gil Vicente) sabia que o gajo tava infectado com uma doença algo... bom, digamos chata, e não lhe disse! À conta disso o Mateus tá danado, já anda a ameaçar com processos e queixas (lá anda o Gil Vicente outra vez a dar dinheiro aos advogados) e rescindiu o contrato com o clube.
Segundo o presidente do clube, o insubstituível (até porque ameaça dar porrada a quem o quiser substituir) António Fiuza, a doença foi detectada, mas em "valores mínimos".
Agora vem a parte da pergunta importante: o que raio é ter "Hepatite B em valores mínimos"? É mais ou menos a mesma coisa que ter "só um bocadinho de HIV", ou ter "algo parecido com cancro"? Eu sei que há aquelas questões todas de sigilo e mais não sei o quê, mas é em relação a terceiros. O próprio doente deve ser informado, não? Ou um gajo vai ao médico, faz umas análises, vai lá saber o resultado e o médico diz-lhe "Já sei os resultados das suas análises. Mas não digo".
O admirável mundo do futebol!
(a notícia aqui)
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3 comentários:
Ele há com cada coisa. Então o gajo que causou o problema despede-se do clube? E agora pergunta-se: e se um gajo perguntar qual é o clube do Mateus tem que dizer que ele não tem clube, que afinal o caso foi causado por um gajo que está sem clube, mas há clubes envolvidos no caso Mateus?
Faz lembrar o caso Bosman: o Bosman queria transferir-se para um outro clube, fora do seu país, mas na Europa. Queixou-se e ficámos com a lei Bosman. Onde está o Bosman? Ninguém sabe porque depois desapareceu do futebol, ou andava por escalões inferiores.
Moral da história: se se cria um caso com o teu nome e és jogador da bola, então podes pendurar as chuteiras que, mais cedo ou mais tarde sais do teu clube de "divisões inferiores"
Sim, é como as doenças. Se dão o nome de alguém a uma doença nova é provável que passado algum tempo (não muito), essa pessoa também "desapareça de circulação".
Sabes aquela do médico que diz: "Tenho uma má notícia e uma boa notícia".
Responde o doente: "Ai, doutor, diga-me primeiro a boa".
Diz o médico: "A boa notícia é que a sua doença vai ter o seu nome."
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