Como é o ditado mesmo? Pau que nasce torto tarde ou nunca se endireita, não é?
Pois bem, o Tribunal Administrativo manda e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior obedece: Vai ser criada uma vaga adicional no curso de Medicina da Univ. de Coimbra.
E tudo isto porque de cada vez que se mexe nas regras de acesso ao ensino superior faz-se asneira.
Idiotice número 1: no tempo em que a segunda data era só para casos de força maior havia alunos que inventavam atestados médicos para adiar o exame. É uma idiotice porque quem faz exames de segunda data só pode concorrer em segunda fase onde só estão a concurso as vagas que sobraram (e em Medicina não sobra nada, ficam-se pela meia dúzia de vagas específicas para a segunda fase).
Idiotice número 2: como havia quem fizesse exames na segunda data e não devia, toca de democratizar o acesso à segunda data de exames. É uma idiotice porque com dois exames para a mesma disciplina é uma questão de tempo até os níveis de dificuldade começarem a ser diferentes.
Idiotice número 3: como as notas de química do ano passado foram más o Secretário de Estado (tavas tão bem a ver os jogos do Mundial em vez de assinar despachos!) resolveu permitir aos alunos repetir o exame. É uma idiotice porque se as notas são más, são más para todos! De que interessa a alguém que quer entrar em Medicina, suponhamos com 100 vagas, ter 19,5 no exame de Química se toda a gente tem 20 ou 19,9 e ele acaba por ficar em 101º lugar entre os candidatos? E porque é que ter 14 é mau se o panorama geral foi ter alunos de 19 e 20 a ter 10 e o aluno que conseguiu o 14 acaba por ficar nos primeiros lugares e entra no curso?
Idiotice número 4: além de permitir a repetição do exame, o Secretário de Estado resolveu que estes alunos podiam inclusivé candidatar-se à primeira fase dos exames. Isto é uma imbecilidade de todo o tamanho: ou tem toda a gente uma segunda oportunidade ou não tem ninguém. E o Tribunal Administrativo concorda comigo.
Claro que em cursos como medicina em que são 7 cães a 1 osso (literalmente! O número de candidatos deve ser da ordem de 7x o número de vagas), o que não falta é gente que quer entrar a todo o custo (até porque se calhar anda a tentar desde o século passado).
Como se resolve a questão? Simples, há uma data ÚNICA para cada exame. E pronto. Continuamos a ter duas fases de concurso, mas um único exame. Garantidamente o nível de dificuldade é homogéneo e toda a gente joga com as mesmas regras. Depois de se saber as notas, os alunos candidatam-se. Quem não entrar vai à segunda fase de concurso lutar pelas vagas que sobraram (se tiver sobrado alguma).
O único problema aqui são as notas mínimas a determinados exames. Por exemplo, o IST exige 12 nas específicas (o curso de Matemática exige 14 no exame de Matemática), e o curso de Medicina de Coimbra exige 14 a Química. Ora como a entrada na universidade é feita por seriação, não interessando a nota do candidato mas sim o lugar que ocupa na classificação, o que deve ser alterado é a forma de exigir determinadas notas em exames. Em vez de exigir 14 exige-se, por exemplo nota no exame nos melhores 20% ou 25% ou 50%. E ponto final. Acabam-se as merdas de uma vez.
Já na Universidade é a mesma coisa, há duas datas de exame. Por causa disso já vi dezenas de exames em que toda a gente passou na 1ª data e toda a gente chumbou na 2ª. Se houver apenas uma data tá o caso resolvido. (não conheço nenhum outro país que tenha duas datas de exame como regra).
Nota: não haver data de recurso é chato para pessoas que não puderam fazer um exame por terem estado doentes; mas mais chato é terem de fazer exame na segunda data e terem de concorrer com pessoas que foram à segunda data porque optaram; e como este país já mostrou que não pode haver épocas de recurso apenas para "casos de força maior" porque os atestados médicos fraudulentos atingem números escandalosos, pagam todos por tabela e acabam-se as tosses.
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3 comentários:
Hmmmm... não me lembrava dos cursos com específicas a la carte. Bem, a solução também é simples. A única forma de garantir homogeneidade é exigir o mesmo conjunto de específicas a toda a gente. Porque não três exames?
Porque depois podem ter e/ou...
Quimica no IST tinha (e escrevo no passado porque é onde o IST está na minha vida) como específicas, se não me engano:
Matemática e Química / Matemática e Biologia / Matemática e Física
Contudo, continuo a concordar na maioria com o que dizes. De facto o melhor era haver apenas uma data por exame + época especial em Setembro. Na realidade esta não existiria para muitos pois grande parte dos professores recusa-se a perder férias e dias de praia (estou a citar!!) para fazer e corrigir exames. Quando tu dizes: "Mas então e o Sr/Sra é pago para quê?" e ele faz o exame dá-te uma trampa de perguntas completamente intragáveis e tu chumbas na mesma. Na verdade o melhor é mesmo aproveitar as férias de verão para descansar do que tentar essas proezas das épocas especiais... ISto também porque "por uns pagam os outros"...Há tanto idiota a falsificar os atestados (no IST havia quem enteegasse atestado do pediatra!!disse-me a chefe de secretaria por isso é VERDADE). Mas havendo só um exame deixava de haver aquela diferença de dificuldade entre exames (seja em que sentido for) e todos ficavam a ser medidos pela mesma medida.
Proibes a utilização de e/ou.
Para cada curso há um conjunto de exames obrigatórios e não há alternativas. Ponto final. O curso pode exigir 1, 2 ou 3 exames, mas são sempre os mesmos. Por exemplo, Química no IST podia pedir Matemática E Química. Ou, se preferissem, Matemática E Física. Ou ainda Matemática E Química E Física. Mas nunca Matemática E (Química OU Física OU Biologia).
(gostaste da operação com parêntesis?)
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