04 dezembro 2006

Ah, tadito!

O Pinochet teve um enfarte. Penso que esta primeira frase é suficiente para despertar no coração mais empedernido sentimentos de compaixão por esse grande ser humano (já viram bem o tamanho do homem? tá gooooooooooordo!).

Ao que parece ele está em estado grave mas estável. Os médicos chilenos conseguiram salvar-lhe a vida (bem, aquela gente anda cheia de amor ao próximo, han?) e até lhe foi ministrada a extrema unção (portanto, imagino que quando o senhor bater a bota vá parar ao céu e tudo!).

Quer dizer: depois de deposto continuou a gozar a sua vida até que foi preso na Inglaterra e julgado na Espanha. De volta ao Chile retiraram-lhe o cargo de ditador vitalício, após uns quantos recursos. Teve um enfarte e anda meio Chile a tentar salvar-lhe a vida. Há manifestações a apoiá-lo e a desejar-lhe as melhoras. Como está muito doente e é quase tão velho quando o Manoel de Oliveira, pobre do homem, os tribunais estão a arquivar os processos contra ele, por "violações sistemáticas dos direitos humanos durante o seu regime de terror entre 1973 e 1990". Há ainda processos a decorrer, por violações dos direitos humanos e evasão fiscal (penso que ninguém tem dúvidas sobre a justiça de ambas as acusações). Estima-se que durante o seu Governo "3197 pessoas foram mortas, por razões políticas, e mais de mil 'desapareceram' nos 17 anos que durou a ditadura militar chilena".

E os chilenos lá andam, a dar o exemplo de bons cristãos. Aposto que quando morrer até vai ter honras de estado e tudo (com tanta boa vontade não tarda nada o Chile voluntaria-se para servir de palco aos testes nucleares norte-coreanos).

Por cá, fica-se chateado porque nomearam o Salazar para a lista dos "Grandes Portugueses". Diferenças culturais...

Sugestão literária do dia: "O Quarto Reich", de Palomo (Colecção "Humor com Humor se Paga", Publicações Dom Quixote, 1982). Aviso já que é quase impossível de encontrar. É pena porque a colecção é fabulosa. E como provavelmente não vão encontrar o livro, fica a dica: Palomo é chileno. O livro retrata a "vida" no Chile durante o regime militar. O nome assenta que nem uma luva. O humor é fabuloso. Podem ver uma tira aqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho um livro dessa mesma colecção sobre o mundo desenvolvido vs o terceiro mundo. Priceless de facto.

Quanto ao Pinochet não estou com paciência...

Nelson disse...

qual? eu li-os quase todos, mas não tenho nenhum (vivam as bibliotecas municipais e as intermináveis horas de almoço no 6º e 7º ano!)