Pois é, a coisa começou a doer há pouco mais de 1 mês, as multas começaram a chegar a casa das pessoas e, obviamente, começou a contestação.
Há até uma petição a defender a passagem do limite de 50 para 80 km/h nalgumas vias (blog do autor da petição) que já conta com mais de 7000 assinaturas. Vai ser entregue ao Presidente da CML, António Costa (eleito na véspera de entrada em funcionamento dos radares) e até parece que o Sr. Presidente mostra abertura em relação à medida.
Citando a petição, "Os radares instalados pela Câmara Municipal de Lisboa, que impõem limites de 50 quilómetros à hora em locais como, por exemplo, a Av. Infante D. Henrique, a Av. de Ceuta, a Av. Marechal Gomes da Costa e a Av. Gago Coutinho são uma verdadeira aberração". O texto continua chegando a argumentar que "dá sono" conduzir a 50, mas quem quiser lê-la é só clicar no link acima e procurar o texto que está na barra lateral!
Acho a frase da petição curiosa. No mínimo, curiosa. Na Av. Gago Coutinho o radar está no sentido Relógio-Areeiro. Depois de um troço com uns 400 ou 500 metros onde não há grandes riscos, chegamos aos primeiros cruzamentos em que há carros a cruzar a avenida. E o radar está IMEDIATAMENTE ANTES do primeiro cruzamento com estas características. Na Av. Marechal Gomes da Costa (do Relógio ao crizamento do Baptista Russo), que começa com um viaduto, a que se segue um túnel sob uma rotunda (e onde não há grande risco de acidente), o radar está apenas após este túnel, a uns 100 metros de um cruzamento NÃO DESNIVELADO, com semáforos e passadeira e onde há um elevado registo de acidentes. Na Av. Infante D. Henrique (da Expo até ao terreiro do Paço ao longo do rio) NÃO HÁ cruzamentos desnivelados. São regulados por semáforos. E há passadeiras. E também há registo de atropelamentos. Por isso há dois radares, um em cada sentido. Finalmente, o caso caricato da Av. Ceuta! Tendo em quase toda a sua extensão ausência de cruzamentos e passadeiras, tem duas passadeiras ao chegar ao Casal Ventoso. Antes das passadeiras há lombas. E como apesar disso continuam a haver atropelamentos, foram colocados dois radares, um em cada sentido, IMEDIATAMENTE ANTES da passadeira!
Estes radares não estão em zonas onde se possa ir a abrir! Estão TODOS imediatamente ANTES de passadeiras.
Mas continuemos com a contabilização dos 21 radares, porque até agora só referi 6.
Se o leitor já está furioso e já quer começar a insultar-me nos comentários peço-lhe um pouco de paciência. Guardei o melhor para o fim (o famigerado prolongamento da Av. EUA).
Túnel do Marquês - 1 radar
Um túnel é, por definição, um local onde é necessário cautela (é o que diz o código); podemos até contestar o limite do radar no sentido ascendente, mas não me parece sensato aumentar o limite no sentido descendente, onde há uma descida com 6% de inclinação e no fim temos uma curva. Este é o único radar que não sei em que sentido está, porque ainda não o consegui ver, mas segundo este mapa está no cruzamento com a Artilharia 1. Presumo que esteja a descer. Mas... e que tal perguntar à CML? De certeza que terão todo o gosto em responder!
Av. Brasília / Av. Índia
2, um em cada avenida. Estas Avenidas não têm separador central; não têm cruzamentos desnivelados; têm semáforos e passadeiras; e imensos peões, por ser uma zona procurada para passear. Há um elevado registo de colisões frontais, sobretudo na Av. Índia.
Av. República / Campo Grande
São três os túneis; há 1 radar em cada sentido, à saída do 2º túnel. Em ambos os casos os radares estão colocados numa zona em que há cruzamento de carros (quem segue nos túneis e quer sair antes do 3º túnel e quem quer entrar para o 3º túnel). No sentido Campo Grande-Sandanha o radar está mesmo à chegada à estação de Entre-Campos.
Av. Descobertas
1 radar, no sentido descendente, no cruzamento que fica entre a Escola Secundária do Restelo e o colégio que agora não me lembro o nome. Elevado registo de atropelamentos e acidentes provocados por carros em extraordinário excesso de velocidade.
Túnel da Av. João XXI
Os radares não estão no túnel. Estão nass saídas. Do lado do Campo Pequeno temos um cruzamento logo à saída, com semáforos; do lado das Olaias temos uma passadeira e um semáforo que apenas fica vermelho para deixar passar peões. O radar do lado do campo pequeno fica exactamente no semáforo; o outro está cerca de 100m antes da passadeira.
Todos os radares indicados acima têm limite de 50. Em qual propõem que o limite passe a 80? Antes de formular uma opinião, passem novamente pelo radar e confirmem a sua localização. Os radares de limite 50 são quase todos (penso que todos mesmo) uma caixa metálica, de cor cinzento metálico e preto, com cerca de 2 metros de altura. É fácil de identificar: andem a 70 e prestem atenção a caixas grandes imediatamente depois de grandes paineis avisadores luminosos a dizer RADAR em letras grandes, com um 50 dentro de um círculo vermelho.
Passemos para os radares de limite 80.
São 2 na Radial de Benfica e 3 na 2ª Circular. Ambas as vias têm total ausência de semáforos, ausência de passadeiras, cruzamentos desnivelados, múltiplas faixas (embora a Radial de Benfica num dos sentidos só tenha 2) e são vias de entrada/saída de trânsito na cidade de Lisboa. Os limites são de 80, e não de 50. Por erro de configuração o radar da Radial de Benfica este uns dias a 50, antes da entrada em funcionamento. Eu vi o flash a disparar, vi o aviso de 50, achei estranho, liguei para a CML e foram averiguar. No dia seguinte ligaram-me a dizer que já tinham detectado o problema e que no próprio dia estaria resolvido. Nestas vias, qual é o limite de velocidade que propõem?
E chegamos finalmente ao caso bicudo. O prolongamento da Av. EUA. Quando os radares foram instalados, em Dezembro de 2006, o aviso dizia 80. Esse troço tinha também a classificação de via prioritária (tal como o Eixo N-S, Av. Lusíada, 2ª Circular e Radial de Benfica; reparem nos sinais de velocidade nestas vias). Essa classificação foi retirada e o limite passou a ser de 50. Estão aqui 2 radares, ambos a limitar a 50. A via tem separador central, 2/3 faixas em cada sentido, não tem peões, nem semáforos e os cruzamentos são desnivelados. Com este caso, eu até concordo! O prolongamento da Av. EUA, desde a Av. Gago Coutinho até à rotunda sei-lá-como-se-chama podia perfeitamente ter o limite de 80 km/h. E não tem. E não tem porquê? Porque quem decide atribuir regimes de excepção a uma ou outra via é a DGV (agora tem outro nome, mas não sei qual é) e não a CML. A CML não tem autoridade para alterar limites de velocidade. E a DGV recusou o estatuto de excepção do prolongamento da Av. EUA com o argumento de que não é uma via prioritária. E eu até percebo. Aquele troço não tem assim tanto trânsito que o justifique (comparem com qualquer das outras 4!).
Fosse a petição sobre o prolongamento da Av. EUA e eu assinava. Mas começa logo mal, a citar 4 exemplos de radares "ridículos" que estão imediatamente antes de passadeiras.
Por último, note-se que TODOS os radares estão devidamente assinalados indicando também a velocidade máxima permitida. E todos os radares dão a tolerância de 10% que seria de esperar (ou seja, disparam a 56 e 89 km/h respectivamente - informação da CML). Definitivamente, não é caça à multa. Caça à multa seria pôr o radar da Marechal Gomes da Costa entre o viaduto e o túnel, pôr um radar na descida para Sete Rios na Av. Forças Armadas, pôr um radar na Av. Calouste Gulbenkian, pôr os radares da Av. Ceuta no início da Avenida (perto da entrada do Eixo N-S), etc. Isso sim, seria caça à multa! São locais sem acidentes (ou quase) que não colocam ninguém em risco se andar a 70 ou 80 mas cujo limite continua a ser, tal como em toda a cidade, 50.
Trabalho futuro: comparar a sinistralidade nesses pontos antes e depois da instalação dos radares. Comparar também os dados globais de sinistralidade antes e depois da iniciativa.
Medidas que proponho à CML: dado que o sistema custou cerca de 3 milhões de euros e que 30% das multas revertem para a CML (o resto é para o estado), proponho que a partir do momento em que o investimento está pago todas as verbas sejam usadas para melhoria da rede de transportes públicos, reparações do piso, semáforos e sinalização, e desnivelamento de passadeiras onde se continuem a registar atropelamentos. Além do pagamento das despesas de manutenção do sistema, é claro.
PS: Sou condutor, passo todos os dias por alguns radares (entre 2 a 5 por dia), tenho carta de condução há 12 anos, nunca tive acidentes e nunca fui multado.
24 agosto 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
29 comentários:
Não teria sido melhor usar os 3 milhões de euros para fazer passagens aéreas, ou subterrâneas, para os peões ?
Por exemplo na Av. de Ceuta, onde os atropelamentos têm muito a ver com os "consumos" e tráficos da zona, a melhor solução é incomodar milhares de cidadãos que só querem chegar a casa ?
Lamento, não te vou insultar. Concordo plenamente contigo. Tem todo o mundo uma présa imensa por chegar a nenhures que não va a parte nenhuma. É preciso tomar a condução com outra filosofia.
Anónimo, é isso mesmo: CHEGAR á casa, todos, ou quantos mais, milhor (os piões também têm casa).
e na Av. das Descobertas onde já existe uma passagem aérea, fazemos o quê? Construímos outra?
Quanto aos "consumos da zona"... enfim, palavras para quê? Acho que tá tudo dito.
Percebo o "incómodo" de quem quer chegar a casa. De facto, quando se põe o "incómodo" no outro prato da balança em relação aos atropelamentos... eh pá, se calhar tenho de pensar duas vezes!
Pois não posso dizer grande coisa, uma vez que não sou condutora em Lisboa. Aqui há semáforos de controlo se velocidade, mas não há radares. E devia haver.
Pois dou-te toda a razão! Se na balança está o atropelatemto de uns e o incómodo de outros, ná isso não fica assim muito equilibrado!
Também tinha visto essa nas notícias aqui da Radial de Benfica a 50, que aí sim achei estranho. Mas se era apenas um erro, estão perdoados!
Ai que até atropelei as palavras. Atropelamento, é óbvio!
Bem, eu só tenho carta há dois anos e meio...
Tu queres ver que este gajo votou na Helena Roseta?!
Por acaso até não. E só por curiosidade, parece que a Helena Roseta concorda com a petição. Vá-se lá perceber porquê.
Só concordo com a alteração no prolongamento das EUA, de resto está bem como está!!!!!
Também passo por radares todos os dias (Radial, tunel de entrecampos, 2ª circular e Gago Coutinho) e até hoje cumpri sempre os limites!!!!!
Só a Radial a 50 é que não dava...
Tadinha da senhora, gosta de acelerar na bicla!
Parabéns Nelson, pela paciência do sumário verdadeiramente útil.
Junte-se à conversa aqui:
http://carmoeatrindade.blogspot.com/
Joaquim
Caro Téte, então na extensão da Av. EUA em Chelas, o limite de 50 será também um erro ainda por corrigir?
Zé da Burra o Alentejano
Só é pena que esse caso, o único a meu ver que merece reapreciação, não seja citado na famosa petição e por outro lado sejam citados 4 exemplos em que o radar está imediatamente antes de passadeiras (com especial enfase na Av. Infante D. Henrique, recordista de atropelamentos e acidentes em Lisboa no ano de 2006).
Coloquem os radares na malha apertada dos bairros da cidade e nem precisam de avisos para reduzir a velocidade, mas corrijam as velocidades nas principais avenidas da cidade que têm cruzamentos desnivelados e vias paralelas auxiliares, onde a velocidade de 50 Km por hora é correcta.
As vias centrais passariam assim a ser consideradas vias rápidas urbanas e deveriam ser colocadas barreiras impeditivas do seu atravessamento por peões, tal como acontece na 2.ª circular. Os cruzamentos de nível nestas Avenidas têm vindo a ser eliminados, mas eles êxistem ainda em alguns locais. Aí há semáforos e os automóveis têm é que parar ao sinal vermelho, independentemente da velocidade que circulem.
ZÉ DA BURRA O ALENTEJANO
Zé da Burra: TODOS os radares em cruzamentos desnivelados têm limite 80 com 2 excepções: os do prolongamento da Av. EUA. Os tais que a CML já pediu à ex-DGV (actualmente designada Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária) que passassem para 80 e a DGV recusou.
Passe lá pelos radares e confirme que dos 16 radares de limite 50, 14 estão imediatamente antes de passadeiras e/ou semáforos.
Sugiro em particular que confirme as localizações dos radares citados na petição: Av. Infante D. Henrique, Av. Marechal Gomes da Costa, Av. Ceuta e Av. Gago Coutinho. Por cada um destes radares que esteja num cruzamento desnivelado pago-lhe um jantar no Gambrinos. Por cada radar que esteja num cruzamento com semáforos ou passadeiras, é o Zé que paga o jantar. Aceita?
Até podemos extender a aposta: por cada radar com limite 50, separador central, cruzamentos desnivelados e ausência de passadeiras/semáforos colocado em Lisboa. Mas cuidado. No fim vai perder 14-2.
Quanto ao desnivelamento dos cruzamentos todos: não podemos desnivelar a cidade toda, ou podemos? Cada túnel custa mais que os 21 radares.
Parabéns pelo trabalho de esclarecimento.
E caracóis, não se arranja?
cumps
não gosto de caracois. Se não queres tremoços, azar. Isto é um tasco, não é uma cervejaria fina. ;)
Ora porra... os caracóis não são assim tão caros, desde que os compres directamente ao revendedor.
eheheh
Como fizeste bem o trabalho de casa, que tal fazeres uma petição a propôr manter o limite de 50 km/h (e se calhar o aumento para 80km/h à DGV na extensão da Estados Unidos da América, embora não seja prioritário)?
eu faço sempre os TPC, sou um aluno muito bem comportado.
Fiz melhor que uma petição que não iria recolher muitas assinaturas: escrevi a minha opinião e mandei por mail para o Gabinete da Presidência da CML. E referi a questão do prolongamento da Av. EUA, claro.
Vou fazer o mesmo. Obrigado, Nelson, pela dica.
Na Av. das Descobertas, em frente às Bombas da BP, há um cruzamento com semáforos e está la colocado um painel a anunciar o controlo de velocidade de 50 Km por hora. Já me explicaram que o motivo é o de haver uma escola mais à frente, onde estão também semáforos e um viaduto pedonal. Para mim, a melhor opção teria sido a de colocar uma vedação que impedisse o atravessamento da Avenida em frente à escola, criando o hábito nos alunos na utilização do referido viaduto. Evitavam-se também assim acidentes.
Quanto aos locais onde há semáforos, os carros têm é que parar ao sinal vermelho, independentemente de irem a 50 ou a 80 km por hora. Os peões também têm que esperar pela sua vez e só passar quando o sinal estiver verde para eles.
Zé da Burra o alentejano
Se os carros parassem nos sinais vermelhos não estaríamos a ter esta discussão. Não havia radares, não havia atropelamentos nem haveria acidentes, ou quase.
Na Av. das Descobertas há pelo menos 1 atropelamento mortal por ano. Na maioria dos casos (apetece-me dizer totalidade, mas não me atrevo; é capaz de haver excepções) os peões são atropelados por carros que não respeitam o sinal vermelho. As colisões entre carros, e há dezenas por ano naquele cruzamento, são provocadas por carros que não respeitam o sinal vermelho.
Agora, a questão dos 50/80: um carro a 50 km/h demora cerca de 15 metros a travar (estimativa da DGV). Supondo 1s de tempo de reacção (estimativa da DGV), temos cerca de 30 metros, em circunstâncias normais, para o carro parar. A 80 km/h são cerca de 50 metros (são 22 no 1º segundo e depois são 26 metros para parar o carro). Não é a mesma coisa. Uma passadeira tem uns 4 ou 5 metros de largura. É a diferença entre parar antes da passadeira e colher um peão ainda a uns 40 km/h.
Dito de outra forma, é a diferença entre travar antes do início da Av. da República e parar já depois de meio da avenida (uma faixa de rodagem urbana tem cerca de 3.5 metros; Os 20 metros de diferença são quase 6 faixas de largura. A Av. da República tem 3/4 em cada sentido, mais 1/2 no corredor lateral.
Além disso, um carro a 80 km/h tem 2.5 vezes mais energia cinética (e portanto provoca 2.5 vezes mais danos) que um carro a 50 km/h. Ou seja, se a 50 o peão é projectado a 1 metros de distância, a 80 o peão é projectado a 2.5 metros de distância. O suficiente para provocar um traumatismo craniano ou umas fracturas.
Nota final: há quase 1 ano tive um acidente (ou melhor, teve a minha namorada, eu ia no lugar do pendura) provocado por um senhor bastante lúcido, perfeitamente capaz de conduzir, com carta de condução válida, que alega nunca ter tido um acidente antes, com um bom carro, todos os documentos em dia, sem álcool no sangue, etc, etc, e que passou o sinal vermelho por, pelo menos, 4 segundos. Se o senhor tivesse parado no vermelho não tínhamos batido. Se...
Na Av. das Descobertas os acidentes eram evitados com a colocação da tal barreira que impedisse a travessia da avenida pelo peões, fora dos locais próprios e quando o sinal o permitisse. Tal solução é usada em frente ao Estádio do Benfica e há mais de 20 em cidades como Madrid.
Não sou contra a punição de quem não cumpre as regras de trânsito, sou é contra os limites impostos para as Avenidas escolhidas, todas elas artérias fundamentais na circulação da cidade, que terei de cumprir enquanro se mantiverem.
A única alternativa é a de despresar algumas dessas Avenidas. Por exemplo: nunca usar a Extensão da Av EUA; optar pelas vias paralelas às Avenidas do Campo Grande, da República, da Liberdade, etc., onde a mais de 55 Km muito dificilmente serei multado.
Bom seria beneficiar do previlégio que têm certas pessoas às quais estes ou outros limites em nada os afecta porque não pensam sequer em cumpri-los, e se, por acaso, forem detectados sempre haverá uma razão importante de força maior a justificar o facto.
Zé da Burra o Alentejano
Correcção.
Deve ler-se:
"Tal solução é usada em frente ao Estádio do Benfica e há mais de 20 anos em cidades como Madrid."
Zé da Burra o Alentejano
Vários pontos:
1. Av. das Descobertas: Porque há automóveis que não respeitam os sinais vermelhos coloca-se uma barreira que limita a travessia de peões? Dificilmente é a mesma situação que em frente ao estádio da Luz ou na Feira Popular em que havia peões a atravessar (a) fora da passadeira (b) no caso da Feira Popular na entrada/saída de um túnel (c) no caso da 2ª circular numa estrada de limite 80 com 4 faixas num sentido e 3 noutro. Na Av. das Descobertas há um semáforo que volta e meia não é respeitado.
2. Não encontras, nem em Madrid nem em lado nenhum, essa mesma solução aplicada a casos idênticos ao da Av. das Descobertas. Não numa passadeira com semáforo e apenas porque há acidentes provocados por quem não respeita o sinal vermelho (já para não falar do limite de velocidade).
3. Não encontras, nem em Madrid nem em lado nenhum, vias prioritárias (com limite superior a 50) a não ser que respeitem determinadas condições. Essas condições fazem parte de uma directiva comunitária e especificam, nomeadamente, a ausência de passadeiras, semáforos e cruzamentos não desnivelados, entre outras condições.
4. Na Av. da República, por exemplo, há 1 radar. Não há radares a cada 50 metros. Podes andar perfeitamente a 60 ou 70 excepto num ponto. Em qualquer altura fazemos uma "corrida": eu a 60 no corredor central passando a 50 pelo radar e tu à velocidade que quiseres no corredor lateral. E vemos quem chega primeiro.
Passo todos os dias por, pelo menos, 2 radares. Às vezes mais. E não me sinto assim tão lesado pela obrigatoriedade de andar a 50 nesses pontos.
Não me pronuncio sobre os casos de peões ou automobilistas que desrespeitam os sinais. Já disse que devem ser punidos e são, principalmente os automobilistas se forem apanhados.
Quanto aos limites indicados são para cumprir em toda a via e não apenas no local onde estão instaladas as câmaras. O português é realmente muito hábil em contornar os problemas e arrajar soluções alternativas, como essa que indicou: vou a 100 Km, agora reduzo para 50 Km durante cem metros porque está ali o sinal, e depois acelero novamente a 100 Km (ou mais), porque o sinal já ficou pra trás.
Quanto a barreiras idênticas às que estão em frente ao Benfica, já as havia há mais de 20 anos em Madrid: Lembro-me por exemplo da Avenida então já com 4 filas de trânsito para cada lado que fazia ligação à saída para o aeroporto e para Guadalajara. Esta Avenida estava inserida na malha urbana estava vedada aos peões por uma rede central que impedia o seu atravessamento, o qual se fazia por passadeiras aéreas e talvez outras subterrâneas. O metro tinha uma linha ao longo desta Avenida com diversas paragens. Nessa altura as carruagens eram ainda de madeira, faziam por isso lembrar os nossos velhos eléctricos. Porém, já então a cidade era muito bem servida com variadas linhas.
Quanto a Lisboa, no que concerne às Avenidas do Campo Grande e da República, a maior parte dos cruzamentos estão já desnivelados. Julgo ser esse um trabalho que deve ser continuado.
Zé da Burra o Alentejano
Pois é, pois é. Outra coisa em que os portugueses são hábeis é em virar ligeiramente o assunto quando lhes dá jeito.
Eu disse que não se encontra, nem em Madrid nem em nenhuma cidade europeia, as barreiras "anti-peões" em zonas como a Av. das Descobertas.
E referi que a Av. das Descobertas não é, nem de perto, nem de longe, como a 2ª circular ao pé do Estádio da Luz, nem como a Av. da República ao pé da Feira Popular.
Subitamente a referência à Av. das Descobertas desapareceu da sua conversa. Curiosamente foi exactamente pela Av. das Descobertas que começou para dar a sua solução milagrosa.
Além disso a questão aqui não é o limite de velocidade dentro das localidades ser de 50 km/h. A confusão começou toda com os radares. E o Zé da Burra mostrou-se insatisfeito com a solução, e propôs muitas alternativas à instalação de radares: barreiras, cruzamentos desnivelados, etc. Tudo isto para? Para poder andar a 80? Mas... o limite de velocidade não continua a ser 50? E não é para cumprir em toda a via?
Ou agora eu é que sou o "chico-esperto" que propõe soluções mirabolantes por dizer aquilo que toda a gente faz em todos os radares: travar imediatamente antes, andar uns metros a respeitar religiosamente o limite e depois voltar a acelerar?
Aposto que o Zé da Burra anda sempre exactamente a 50 km/h. Mas... se assim é, porque se chateia com os radares?
E nem pode ser pelo tempo que demora a mais por se ter de travar perto do radar, pois não? É que se uma pessoa travar 50m antes do radar e fizer os 150 metros a seguir exactamente a 50 e só depois acelerar para os 80 demora cerca de 15 segundos para fazer os 200m. Se fizer o trajecto todo a 80 demora 9 segundos (por favor, não acredite no que digo, faça as contas e verifique!). Decerto que o grande transtorno que tanta gente alega não pode ser causado por 6 segundos de diferença em cada radar. É que mesmo que uma pessoa passe pelos 16 radares de limite 50 TODOS os dias, perde uns estonteantes 96 segundos por dia. Ou seja, pouco mais de 1 minuto e meio. Decerto que numa cidade em que se perdem 30 a 45 minutos em filas, em que se demoram 15 minutos ou mais a procurar lugar para estacionar, o problema não pode ser 1 minuto e meio perdido por dia, pois não? É que eu acho que temos problemas mais sérios para resolver. Nomeadamente baixar o número de mortos em acidentes em Lisboa, que em 2006 ficou-se pelos 22. Mais uns cento e tal feridos graves (pode consultar as estatísticas no site da DGV; está lá tudo discriminado, até diz em que rua/avenida ocorreu cada acidente)
Enviar um comentário