Luís Delgado é um dos opinadores de serviço na SIC Notícias. Opina sobre quase tudo, é sempre o primeiro a ser chamado a comentar um qualquer tema da actualidade. Já o vi opinar sobre armamento, sobre política internacional, sobre bolsas de valores, sobre ciência, sobre futebol, sobre tudo. Nestas semanas tenho visto pouco a SIC Notícias, tenho dedicado mais atenção à RTP1, RTP2, RTPN e EuroSport para acompanhar os Jogos Olímpicos. Por isso ainda não o ouvi opinar sobre os jogos.
Luís Delgado é um opinador único. Consegue sempre ter uma opinião ou um argumento que escapa aos outros opinadores, da SIC e de outros canais. Tem sempre uma qualquer opinião que é verdadeiramente nova. É isso que faz dele um opinador especial. Bom, especialmente parvo, porque em geral as opiniões exóticas de Luís Delgado são um bocado estapafúrdias.
Ontem ouvi-o comentar o veto do PR à lei do divórcio. O PR lá terá as suas razões, ainda não as li, por isso não comento, mas Luís Delgado já as teria lido, já teria formado opinião sobre as razões do PR e já teria também descoberto algo novo, algo em que mais ninguém reparou. Ou não fosse ele o opinador excepcional que é.
E em que reparou Luís Delgado? Na preocupação eleitoral de Cavaco Silva, escondida por baixo dos motivos enunciados. Porque vai a eleições em breve, daqui a pouco mais de um ano, e é um tema polémico, que divide a opinião pública, Cavaco não quer dividir o seu eleitorado na luta por um segundo mandato.
Bom, a bem da sanidade da discussão, vamos supor que as premissas são válidas. Analisemos então a motivação que pode ter o PR para vetar, pensando nas sondagens: daqui a 1 ano ninguém se lembrará que Cavaco vetou a nova lei do divórcio. Além disso, como previsivelmente Cavaco só terá adversários à esquerda, favorável a estas alterações, não vejo como um veto o poderia beneficiar porque todos os candidatos seriam a favor da lei, não o iriam questionar caso ele a tivesse promulgado. Por outro lado, tendo vetado, até é possível que o tema surja nos debates e Cavaco pode passar uma imagem de conservador e retrógrado se não souber gerir bem as suas respostas.
Mais: desde quando é que um PR perde uma eleição em Portugal? Tivémos 3 presidentes desde o 25 de Abril (com eleições e tudo a funcionar) e todos ficaram 10 anos, 2 mandatos, o máximo permitido. Um Presidente, para perder uma re-eleição, só mesmo se cuspisse na cara do Cristiano Ronaldo, violasse freiras, ou fosse apanhado a conduzir bêbado e a atropelar uma turma de um jardim de infância. Fora coisas dessa gravidade, nenhuma questão da governação alguma vez terá qualquer peso na eleição para PR. Mas isso é uma questão de opinião e até dou a Luís Delgado o benefício da dúvida, alguma coisa ele saberá que eu não sei, ele acompanha melhor que eu a política nacional.
Mas eu acima que ia supor que as premissas são válidas, porque de facto, quando ouvi o homem a falar estava a jantar e ia-me engasgando. É que as eleições daqui a ano e pouco de que ele falou são em Janeiro de... 2011. Que, se a matemática não me falha, isso é daqui quase a 2 anos e meio. Eu sei, eu sei que é confuso isto de as autárquicas, europeias e legislativas serem a cada 4 anos e as presidenciais a cada 5. Acredito que faça confusão a muita gente. Se calhar devíamos mudar esta coisa de eleger um presidente a cada 5 anos, para evitar confusões futuras.
O que eu acho é que, já que não terá sido o primeiro a opinar sobre algo argumentando com a proximidade das eleições autárquicas (daqui a 1 ano), nem das legislativas (daqui a 2 anos), quis ser o primeiro a opinar referindo as próximas eleições presidenciais. Para, com isso, manter a sua imagem de opinador único e excepcional. E isso ninguém lhe tira: foi mesmo o primeiro a falar nas presidenciais. E com um tempo que é record do Mundo! Houvesse Jogos Olímpicos do Opinanço e Luís Delgado teria ganho a medalha de ouro na modalidade de Antecipação.
Com a pressa adiantou-se 1 ano. Oh pá, acontece.
21 agosto 2008
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3 comentários:
Por acaso conheci o Luis Delgado e não tenho boa impressão dele: presunçoso, emproado e uma daquelas pessoas que se leva muito a sério! Faccioso, também, pelo que li em editoriais dele.
Tenho impressão é que te enganaste nas datas das eleições legislativas, que são no próximo ano... ;)
Pois, é que esta legislatura não vai ter 4 anos, vai ter ou 3.5 ou 4.5 para acertar meses (as antecipadas foram em Fevereiro).
Mas em relação às presidenciais, tenho a certeza! ;)
Sobre as características pessoais dele: acredito plenamente. Correspondem à impressão que passa da televisão.
Não conheço o senhor, não posso opinar. Mas acredito em vocês. Lol.
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