21 agosto 2008

Aviões

Caiu um avião em Madrid. É uma tragédia, morreram bem mais de 100 pessoas. São acidentes, acontecem. Mas à margem da tragédia, tenho ouvido nos últimos tempos algumas barbaridades dignas de nota.

1. Os problemas de segurança das companhias Low-cost
A SpanAir NÃO É UMA COMPANHIA LOW-COST! É uma companhia regular regional, tal como o era a Portugália antes de ser absorvida pela TAP. Companhias low-cost são a EasyJet, Germanwings, Air Berlin, Monarch, etc.

2. A qualidade da manutenção
A manutenção não é decidida pelas companhias. Não é como um carro que eu posso escolher a oficina onde vou mudar o óleo ou resolvo mudá-lo só aos 24000 km em vez dos 20000 que manda o livro. Em Portugal manda o INAC, nos restantes estados-membros da UE mandam outros organismos, mas a manutenção é feita segundo padrões que são inimagináveis para, pelos vistos, a quase totalidade das pessoas. Por exemplo: cada peça tem um número de série. A identificação da peça, bem como da pessoa que a colocou no sítio e da pessoa que foi conferir o trabalho faz parte da ficha de manutenção. Cada número de série permite saber em que fábrica, em que máquina e porque pessoa foi fabricada.

3. A segurança dos aviões, em geral
Por mais voltas que dêm. Se caíssem 6 aviões em Portugal (longe vá o agoiro) até ao final do ano, mesmo assim morriam menos pessoas que morrem anualmente nas estradas. O avião é, de muito longe, o meio de transporte mais seguro do mundo! Acidentes acontecem. Por mais que se evite, por mais cuidado que se tenha, acontecem. O problema dos aviões é que quando há um acidente morre muita gente.

4. Os aviões velhos
Outra coisa que se tem referido com insistência é a idade do avião. Tem 15 anos. Bom, um autocarro de passageiros de longo curso tem uma vida útil de 20; um autocarro urbano vive 30 anos. Quantos anos acham que vive um avião? Um de pequeno curso pode viver 20 ou mesmo 30 anos, dependendo do número de ciclos descolagem/aterragem que sofre; um de longo curso chega a viver 40 anos. Ao longo da sua vida todas as peças são trocadas várias vezes, só a fuselagem se mantém. E mesmo essa é sujeita a testes estruturais ao longo da sua vida útil, para garantir que mantém a integridade.

5. As causas do acidente
Um avião tem, sem exagero, milhões de peças. Se há coisa que todos os jornalistas perguntaram a um qualquer entendido foi qual seria a causa do acidente. No dia do acidente, no dia seguinte, para a semana, a única resposta possível é "Sei lá!". Há acidentes que demoram semanas a investigar. Todas as peças são recolhidas, analisadas, até se encontrar a falha.

2 comentários:

Ana disse...

acidentes de avião também são uma coisa do caraças... :(

Ana disse...

e hoje, a linha do tua...

Mas, está certo: morrem muitas mais pessoas nas estradas do que em aviões. Apesar de um acidente de avião ser horrivel, como todos os acidentes, é realmente mais seguro. As variáveis humanas, são menos. O piloto não tem de se preocupar com milhares de doidos a desrespeitar as regras de trânsito, nem com a transformação dr jekil mr wide que se sofre ao entrar num carro.