20 agosto 2008

As Duas Odetes

Há muito tempo havia uma rábula qualquer, da Ivone Silva, que era com a Olívia costureira e a Olívia patroa. Era a mesma Olívia, que era costureira e patroa de si própria.

Acabou agora o programa "Noites Olímpicas" na RTPN, contando com a presença de Odete Santos como convidada. Também lá esteve o Marco Fortes, mas sobre a sua participação, as suas razões, e as polémicas declarações que proferiu, irei falar mais tarde, quando fizer o balanço da nossa participação nestes Jogos (tá a ser escrito, mas vai demorar tempo...). Agora só me apetece falar da participação de Odete Santos.

Odete Santos foi igual a si própria. Claro, nem outra coisa seria de esperar. É uma pessoa notável a muitos níveis. E neste programa isso notou-se. Se, por um lado, quando se falou nas questões estritamente desportivas ou nas questões mais ou menos periféricas em torno da participação portuguesa, interveio de forma ponderada, razoável, inteligente, eis que quando o assunto é a China, a coisa muda totalmente de figura! Já antes tinha ameaçado quando resolve elogiar o patriotismo exacerbado dos atletas cubanos ou o grande sucesso desportivo da União Soviética que caiu por terra com o fim do comunismo.

Foi uma reportagem sobre as limitações à liberdade na China, à liberdade de imprensa, à liberdade de associação, à liberdade de manifestação, que deu a Odete o pretexto procurado. E salta ela, defendendo os méritos do regime, exprimindo a sua solidariedade tendo em conta as enormes contrariedades sofridas pela China nos últimos tempos, a contestação que tem sido sentida por todo o mundo, as manifestações à passagem da tocha olímpica e chega-se à questão do Tibete, claro! E lá vem Odete, munida da sua artilharia pesada, acusando o Dalai Lama de atrocidades cometidas no Tibete, acusando o comité Nobel de lhe ter atribuido o Nobel apenas por questões políticas, um prémio que foi, segundo Odete Santos, muito mal atribuido, referindo os inúmeros relatos (infelizmente não precisou nenhum, gostava de os ler) que enumeram as atrocidades cometidas no Tibete antes de aparecer a China, no seu cavalo branco, a libertar o povo do jugo desses monges budistas tirânicos.

Foi um verdadeiro show das duas Odetes: a Odete moderada e a Odete comunista. A Odete moderada é moderada, mas só quando a Odete comunista não vê. Porque a Odete comunista é acérrima defensora do comunismo e de todos os regimes comunistas da história e não pode, por mais que brade a Odete moderada, abrir mão dos seus princípios para dar os parabéns, por exemplo, ao regime de treino norte-americano em detrimento do regime de treino chinês. Parabéns às duas Odetes, estiveram iguais a si próprias.

18 comentários:

Teté disse...

Sinceramente, simpatizo com a Odete (moderada).

Admiro muito quem defende os seus ideais, mas quando as declarações são absurdas e ridículas, para tentar demonstrar um ponto de vista faccioso, a admiração esvai-se...

Por acaso uma situação muito comum aos políticos portugueses, que qualquer quadrante, daí não ir muito "à bola" com eles!!! ;)

(aguardamos o teu post sobre o balanço dos Jogos Olímpicos) :)))

Anónimo disse...

Ai o Dalai, esse sacana, que torturava gente e lhes cortava os pulsos e não sei mais o quê. Registos históricos? Há, de historiadores, na internet, disse a inenarrável Odete.
Por favor! Infelizmente não há barreiras para o ridículo. E eu até acho alguma piada à senhora, mas por estas e por outras é que a credibilidade dos comunistas é o que se vê. São os dois pesos e duas medidas. A pala nos olhos posta pelo partido que não lhes permite ver o mundo como ele é.
São os primeiros a defender a liberdade, os que se chegam à frente para contestar, os que apoiam tudo o que é manifestação anti-governo, mas na China não ser autorizada uma única manif e até prenderem quem vai entregar o pedido,isso já é normal, aceitável. Mes caros, resolvam lá essas contradições. E eu, que sou pelo pluralismo, quanto mais melhor, até já votei muita vez nos vermelhões, mas não tenho paciência para cenas destas.

Nelson disse...

teté: tá quase escrito, falta escrever sobre o que ainda não aconteceu, o que só será feito depois de o que ainda não aconteceu já ter acontecido. ;)

gardunha: também já votei neles uma vez, foi para umas autárquicas.

Ana disse...

Não vi...mas só com essa descrição, lá se foi a minha simpatia pela Odete. Sempre gostei dela, mas a senhora tem um parafuso a menos.

Nelson disse...

Ah, mas eu continuo a gostar da Odete. Bom, de uma das Odetes. Da outra não gosto nada, mas nunca gostei.

Anónimo disse...

Apesar de ser evidente o bias comunista na Odete Santos, nem tudo o que disse a Odete Comunista é mentira.

Ainda não vi ninguém queixar-se dos 4 milhões de câmaras que existem no Reino Unido, sendo Londres actualmente uma das cidades mais vigiadas do mundo através deste sistema.

Mas na reportagem da RTP, parecia que Pequim é a única cidade do mundo com forte presença de videovigilância e isso é de uma hipocrisia extrema.

Quanto aos comunistas, na questão desportiva e económica estão em alta. O Comunismo foi uma atrocidade a muitos níveis mas é inegável a sua contribuição na preparação dos atletas e outros profissionais que hoje constroem a democracia neo liberal nos seus países.

Isso aconteceu na Alemanha de Leste por exemplo, gerando maus sentimentos posteriores no Oeste devido às qualificações dos alemães de leste que lhes garantiu empregos melhores que muitos dos seus pares no oeste.

Goste-se, quer não, o Comunismo impôs disciplina nos países onde existiu e isso sente-se no presente e sentir-se-á no futuro.

Ninguém diz que o Comunismo é bom, mas a verdade é que todas as atrocidades têm consequências por vezes positivas por mais que nos custe admitir tal como o nazismo teve a nível do portento físico alemão por exemplo. Obviamente, não acredito que os custos destas "vantagens" justifiquem as atrocidades mas não se pode mudar a realidade.

Relativamente ao Tibete e ao Dalai Lama, devo dizer que sou contra a independência. Não sei se o Dalai Lama cortava mãos como disse a Odete mas sei que fez acordos com a CIA, sei que o Tibete é parte do Império chinês desde 1630, sei que aproveitaram a Guerra Civil em 1913 para proclamar unilateralmente a sua independência que foi anulada em 1959 depois da vitória dos comunistas sobre os republicanos na China.

Sei também que os "moderadíssimos" tibetanos pretendem o restauro das suas fronteiras históricas que abrangem regiões em que a população se distribui igualmente por várias etnias, não havendo maioria clara dos tibetanos excepto na actual província administrativa, região autónoma do Tibete que sublinhemos, não corresponde aquilo que os separatistas pretendem.

O regime chinês tem que mudar, é verdade, mas os tibetanos também têm que perceber que longe vão os tempos em que viviam sozinhos naquela região e a exigência do restabelecimento das fronteiras históricas e expulsão das etnias chinesas que habitam na região (bastando ver o que os "pacíficos" tibetanos fizeram à população chinesa aquando dos conflitos este ano) é uma atitude segregacionista possivelmente mais condenável na medida em que o regime chinês tem evoluído positivamente bastando compará-lo com o que era há menos de 20 anos.

Que o regime lhes conceda mais autonomia, penso que sim, independência espero que nunca. Ia ser mais um precedente grave como foi o Kosovo na Europa de consequências imprevisíveis na questão de Taiwan onde existe a questão política e de outras províncias onde existe multi-diversidade étnica, ou seja, todas.

A política de Deng Xiaoping, "Um país, dois sistemas." é a meu ver muito preferível á independência.

Sou completamente anti-comunista mas nesta questão estou com a China e gosto da Odete como um todo. Apesar do seu fanatismo é uma pessoa que claramente acredita no que diz, ao contrário de muitos outros políticos.

Ana disse...

Era o que eu queria dizer, que gosto da odete moderada e não da que tem um parafuso solto ou a menos. Mas hoje estou comum parafuso a menos tambem. :p ;D

Quanto ao comentário do abc, sabes que até que concordo com ele...

Nelson disse...

abc: como gosto dos teus comentários longos porque é comum meteres os pés pelas mãos aqui e acolá. Por isso vou responder, ponto a ponto.

1. Pequim não é a única cidade do mundo com forte videovigilância, mas é em Pequim que são so JO. Tem sem dúvida muito mais que Lisboa, Paris, Madrid, Nova Iorque, mesmo após o 11 de Setembro. Pode ter menos que Phonm Phen, Singapura ou Banguecoque, mas não percebo como estas conseguem servir de comparação ou como poderiam vir à baila na reportagem, que é sobre a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos.

2. As câmaras em Londres, os tais 4 milhões de que falas (fonte? queria confirmar), podem ser justificados por questões de segurança relacionadas com terrorismo, não pretendem controlar manifestações dos seus cidadãos. Lembras-te do atentado no metro de Londres? Conheces uma organização chamada IRA? Duvido que as mesmas explicações possam ser dadas pelo governo chinês. O governo chinês manda prender as pessoas que pedem autorização para fazer manifestações, as tais que disseram que iam permitir durante os jogos. Por isso não há nenhuma.

3. Os comunistas, não. Durante a guerra fria era o bloco de Leste contra os Estados Unidos com ultrapassagens mútuas. Os restantes países de ambos os blocos, RDA, RFA, Grã-bretanha, Checoslováquia, etc. Repartiam as posições secundárias. No fim de contas havia mais ou menos empate entre países comunistas e países da NATO em número de medalhas. E o grande prestígio desportivo da Rússia permanece. Se há prejuizo nesta edição, é culpa própria: 5 atletas todas candidatas a medalhas de ouro foram suspensas por doping pela IAAF. Claro que em certas especialidades em que os grandes nomes vinham de Repúblicas como o Azerbeijão, Arménia, Cazaquistão (halterofilismo, luta livre, luta greco-romana, etc.), sofreram com isso, mas isso é consequência da ruptura do estado soviético, não do seu regime político. A Alemanha não ficou a ganhar com a reunificação, apesar de ter herdado os atletas, os treinadores, as infra-estruturas. E não é por regime decerto, que na Alemanha há excelentes condições para a prática desportiva.

4. Falando de Alemanha de Leste, muitos casos foram provados, muitos documentos secretos descobertos, e hoje em dia sabemos que TODAS ou quase todas as atletas (também os homens, mas sobretudo as mulheres) da RDA sofreram horrores. Além dos esteroides que lhes provocaram cancro, crescimento de pelos no corpo, desfigurações dos traços faciais ou da estrutura corporal, sofreram esterilizações, tinham a menstruação controlada por medicamentos. Sobretudo nos anos 80 os EUA, URSS e RDA estavam na vanguarda, sim, mas não era da preparação desportiva. Era da investigação em substâncias dopantes indetectáveis. Por alguma razão há marcas, por exemplo no salto em comprimento, em que as melhores marcas mundiais da actualidade estão a 30 cm das marcas conseguidas durante o apogeu da era dos esteroides. Começaram os controlos a sério, nunca mais se saltou 7,30 ou mais.

5. Argumento semi-pró-nazi: recuso-me a comentar por uma questão de princípio. Se estivesses aqui ao meu lado respondia-te com uma lacheta na cara, que diz mais que mil palavras.

6. Independência do Tibete: o Tibete foi um estado soberano, com independência proclamada e reconhecido por outros estados. Se vamos por aí, o regime comunista chinês é ilegal, pois nunca consumou o golpe de estado e o VERDADEIRO governo chinês continua, embora só possua controlo territorial sobre uma pequena ilha, Taiwan. E já que estamos nisso, a Bélgica não tem legitimidade para existir, sempre pertenceu metade à França e metade aos países Baixos, o estado belga existe há 130 anos. Também a Noruega não têm legitimidade, foi há menos de um século que se tornaram independentes da Suécia. O mesmo se pode dizer da Rep. da Irlanda.

7. A pretensão territorial dos tibetanos, a menos que exista uma ameaça de violação do território chinês, não é justa-causa para uma invasão militar. Nem no Tibete, nem no Kosovo, nem na Ossétia do Sul ou na Abcazia.

8. O Kosovo sempre foi sérvio, e agora, com uma maioria albanesa, quis a independência. Essa maioria albanesa não é originária do território, foi imigrante. No caso do Tibete, o estado já existia antes e o povo já lá habitava desde sempre.

9. A China é o país cujo governo acha que a repressão de uma manifestação pacífica é feita com TANQUES! Em Tyanamen enviaram veículos blindados para dispersar uma multidão de pessoas, em geral estudantes, desarmadas. Não consigo sequer conceber como consegues aceitar as suas justificações.



Tá explicado?

Anónimo disse...

Antes de mais recomendo-te um pouco mais de educação ao referire

1. Relativamente às câmaras não disse que deveriam referi-las na reportagem. O tom adoptado é que dava a sensação que Pequim é a única cidade do mundo com video-vigilância.

2. Quanto ao Reino Unido foi algo muito debatido na sociedade inglesa. O objectivo principal apresentado nada teve a ver com o IRA (até porque foi uma medida recente) nem com atentados terroristas mas sim com as ondas de crime crescente no Reino Unido. Não acreditas em mim procura no Google. Nota que os 4 milhões são no Reino Unido todo e não só em Londres. Se lesses com um pouco mais de serenidade, terias notado isso.

http://www.thisislondon.co.uk/news/article-23391081-details/George+Orwell,+Big+Brother+is+watching+your+house/article.do

http://www.thisislondon.co.uk/news/article-23412867-details/Tens+of+thousands+of+CCTV+cameras,+yet+80%25+of+crime+unsolved/article.do

Resolveram-se as questões do crime no Reino Unido de acordo com as expectativas esperadas? Não.

3. Percebeste tudo mal. Ninguém ousa questionar a ordem e disciplina imposta pelos regimes comunistas e o grande investimento que existia tradicionalmente na educação dos seus cidadãos. Foi só isto que disse.

Não falei de desporto quando referi a questão da RDA mas meramente um fenómeno social depois da reunificação. Vivi 20 anos numa cidade em que metade da população chegou a ser alemã, por isso não aceito lições de história da tua parte relativamente ao fenómeno social em que os mais qualificados alemães de leste acabaram por "roubar" os empregos á generalidade menos qualificada da RFA. Foi este o sentimento pelos alemães ocidentais alguns anos depois da reunificação. Se não gostas, temos pena, era isto que se sentia.

5. Argumento nazi? Limitei-me a relatar um facto. Achas mesmo que a selecção racial não teve influência no genótipo actual do povo alemão? Dou-te outro exemplo "nazi" então, a selecção genética feita em 500 anos de escravatura negra é provavelmente pilar da actual forma física desses povos. Não defendo nada disto, mas é a realidade. Tu é que pareces ter complexos em aceitá-la.

6. Comparas independências proclamadas pelas potências mãe como foi o caso da Noruega por exemplo e em países que já tinham um regime um pouco mais evoluído que feudalismo teocrata tibetano. Além de que pelo menos em alguns desses casos (não estou dentro de todos), a independência não foi unilateral ao contrário do Tibete. Como pareces estar muito informado, peço-te que me informes sobre os detalhes de cada caso que referes.

7 e 8. Invasão? Para mim enviar tropas para território interno dificilmente é uma invasão, da mesma forma que a Geórgia enviou tropas para as tropas para as regiões separatistas (onde existe uma forte presença populacional georgiana que estava a ser atacada pelos separatistas) ou que a Sérvia no caso do Kosovo em que existia uma forte presença das duas etnias no território. Mas partimos de pressupostos diferentes aqui.

Se estivéssemos num caso similar à Tchetchénia em que os únicos russos lá, são as forças militares permanentes ainda percebia o teu argumento.

Há chineses há mais de 400 anos no Tibete... Chineses esses que dificilmente serão a favor da independência tibetana.

9. Tanques? Desculpa mas pareces-me um pouco deslocado da realidade temporal. Comparar a China de 1989 com a China actual deve ter a mesma validade que a comparação do Bloco dos Jogos com os de berlim em 1936.

O PCC sofreu desde o fim da revolução cultural nos anos 70 e da morte de Mao, uma revolução política interna que se tem vindo a reflectir recentemente. Tiananmen foi o pisar do risco que acabou por destruir internamente no partido, as linhas mais duras dos seguidores puristas de Mao opositoras de Deng Xiaoping.

Sabias por exemplo, que a mulher do Mao morreu há pouco tempo em prisão perpétua por ser uma líder dessa facção da linha dura?

Por isso, informa-te um pouco mais sobre a evolução da China antes de referires esse tipo de exemplos.

A termo de conclusão, a partir do momento em que distorces as minhas palavras e metes-me outras na minha boca (neste caso no teclado), não primas propriamente pelas maneiras e ainda me insultas abertamente devo cessar a minha participação por aqui.

Anónimo disse...

Só vi a pergunta no fim agora. Respondo:

Sim, está explicado que não gostas que não concordem contigo.

Nelson disse...

Ok, contra-resposta:

1/2. Sejam em Londres, sejam no reino unido, continuam a ser demais. São para prevenir uma criminalidade crescente? É um objectivo diferente de usá-las para controlar a associação de cidadãos e limitar a liberdade de manifestação que alegaram respeitar. Continuam a ser situações bem distintas. E eu não fiquei com a ideia que Pequim é a única cidade do mundo com videovigilância. Fiquei isso sim com a ideia que em Pequim a videovigilância tem dimensões monstruosas com o objectivo de limitar a liberdade dos cidadãos.

3. Sim, os regimes comunistas sempre foram conhecidos pela universalidade da educação superior. Mas referi-me apenas ao aspecto desportivo, precisamente porque sobre as questões sociais da reunificação alemã só as conheço de relatos em segunda mão.

Se queres continuar a dizer alhos, eu vou voltar a responder bugalhos, porque foi de bugalhos que falei.

5. Argumento semi-pró-nazi: é que é tão estapafúrdio que continuo a não responder por palavras. Seria tão estapafúrdio como referir a esterelização de doentes mentais feita nalguns países e os seus efeitos sobre a saúde mental da população quando se discute saude mental e cuidados de saude mental. Haja ou não acha diferença, é um argumento totalmente estapafúrdio que continuo a não dignar com uma resposta. E não disse que era um argumento nazi, chamei-lhe semi-pró-nazi, usando o qualificativo semi de propósito.

6. Não. Comparo uma independência reconhecida e declarada com outra independência reconhecida e declarada. A legalidade ou ilegalidade de uma invasão, à luz do direito internacional, não faz considerações sobre regimes políticos. Mas, como pareces muito informado sobre direito internacional e as questões de soberania dos estados, peço-te que nos dês uma lecture.

9. Não. Comparar a China actual com a China de há 20 anos não é como comparar os jogos olímpicos de agora com os de há 70 anos. Não é, de todo, a mesma coisa. Mas se achas que é, fico por aqui. Também me pareces muito informado sobre a realidade chinesa, podes também dar umas lectures sobre isso.

A mulher de Mao pode ser presa, a China até pode retirar os retratos de Mao das paredes. Continua a ser um regime totalitarista, sem liberdade de expressão, de associação, de imprensa, e que prende seus cidadãos por delitos de opinião. É o único país com um número de execuções em tempo de paz superior aos dos Estados Unidos, que já têm uma marca tristemente assinalável. Podem ganhar 400 medalhas olímpicas, ter um crescimento económico de 400% ao ano, ganhar todos os prémios Nobel 10 anos de seguida e pôr um homem na Lua, outro em Marte e uma família a viver nos aneis de Saturno. O regime chinês continua a ser uma ditadura e por mais que tentes dourar a pílula a situação não muda.


Quanto à pergunta, não é bem que não goste de quem não concorda comigo. O que não gosto, não suporto, é pura demagogia para escamotear factos. É que se usem justificações, mais ou menos rebuscadas para ofuscar o cerne da questão: A China é um estado onde não há liberdade. A questão tibetana surgiu por a Odete referir que o Dalai Lama cortava bracos aos tibetanos. E a China libertou-os. Eu vi as imagens da invasão e nunca imaginei que uma libertação fosse assim. A questão começa com acusações de que o Dalai Lama cortava braços sem referir fontes fidedignas. E tu vens justificar a invasão chinesa, à luz dos argumentos chineses, e referes a questão étnica. É precisamente a mesma questão que a Rússia justifica para invadir a Geórgia. Estão bem um para o outro.


A propósito: qual é a tua ideologia política? É só para não ficar com a ideia pré-concebida que és comunista. Podes não ser, e seria uma conclusão precipitada da minha parte. Claro que só respondes se quiseres e achares relevante, não tenho nada a ver com isso.

Anónimo disse...

1 e 2. Também sou contra a presença de video-vigilância para que fiquemos entendidos mas não se pode esperar que ela desapareça quando os seus críticos só parecem ver trampalhinhos nos olhos alheios. Peço coerência, nada mais. Ainda que sejam distintas, não sabemos até que extensão são usadas as imagens nem os objectivos não declarados da presença das câmaras no Reino Unido. Nada me garante que não haja outros motivos que não a redução da criminalidade, aliás, os chineses podem dizer que pretendem impedir a criminalidade e tendo em conta que são um estado autoritário nem estariam a mentir quando as usam para impedir as manifestações não aprovadas pelo governo por ex.

Da mesma forma que existe em Pequim, abriram-se as portas a isso no Ocidente. Só Deus sabe os resultados de se abrirem essas portas.

Em Portugal por exemplo, existe uma unidade paramilitar de vigilância à qual não são exigidos detalhes sobre as missões e nem sequer relatórios posteriores sobre as mesmas.

Seja como for, no caso de Londres apesar do silêncio internacional relativamente à questão, tem sido uma questão quente lá dentro.

3. A preparação e incentivos escolares e universitários que em todas as potências desportivas tem uma visão abrangente das competências académicas com grande integração do desporto nestas estruturas preparatórias, apesar de existir nos Estados Unidos a nível universitário e nas escolas "não problemáticas", era uma característica horizontal nos países comunistas.

Foi a isto que me referi inicialmente e não à preparação de alto nível, que parece ser valorizada tanto no Ocidente como no Leste, sendo que neste último, as condições individuais eram claramente atropeladas.

Não nego que fizessem 1001 atrocidades com dopping mas mesmo com uso deste tipo de substâncias é necessário ter "matéria prima" de valor para usar, e essa matéria prima só existia por causa das estruturas base que geram os atletas.

Em Portugal por exemplo, não temos estímulos comparáveis nessas estruturas de base ainda que exista apoio aos atletas depois de atingirem o estatuto de alta competição. O que parece não existir, é criação de condições que criem atletas aptos a atingir esse estatuto, tendo ficado isso muito às custas de estruturas independentes ou pessoas isoladas aqui e ali.

Até o Quina da vela veio falar dos "bons velhos tempos" da mocidade portuguesa onde teve acesso a condições gratuitamente para se formar como atleta. Outro que falou de aspectos positivos similares dessa antiga estrutura do regime salazarista foi o Fernando Rosas, que está longe de ser eventualmente rotulado como pró-fascista ou qualquer coisa do género.

Portugal não será certamente caso único nestes problemas que parecem ser comuns em muitos países ocidentais.

5. Continuo na minha. A saúde mental é incomparável, nem que seja pelo peso dos factores culturais na mesma. Por motivos diferentes, o mesmo se pode dizer por exemplo das doenças genéticas. Nunca aqui disse que as atrocidades que referi foram positivas mas é inegável que resultaram naquilo que vemos hoje.

É impossível saber como seriam as coisas se esses eventos não tivessem ocorrido mas é inegável o peso deles naqueles povos, cultural e geneticamente.

Vais odiar-me pela comparação, mas quando se falam de genes vai tudo dar ao mesmo. Faz-se apuramento de raças nos animais há séculos em virtude da exploração e aguçar de determinadas características desejáveis e a verdade dura é que funciona.

O que não podemos saber, tanto nos animais como nos seres humanos, é quais seriam os resultados caso isso não existisse. No caso dos animais por exemplo, está mais que provado que aparecem coisas surpreendentes e boas nos heterozigóticos e também é comum o aparecimento de doenças e condições não previstas graves nos alvos do apuramento de raça.

Mas no meio de toda esta incerteza, há uma certeza: o apuramento racial leva ao crescimento e aparecimento consistente numa dada população (animal ou humana) das características que se pretendem apurar por serem desejáveis.

Por mais horrível que isto me pareça, não tenho dúvidas que 500 anos de selecção racial na escravatura negreira e no caso da Alemanha, além do processo de seleccão racial, a política de extermínio dos não desejados certamente condicionou a evolução genética normal das populações afectadas.

Ninguém diz que é bom ou mau mas o resultado final é aquele que vivemos.

9. Não defendo o regime chinês nem as suas prácticas mas por acaso, interessei-me pela China há uns anos e li bastante sobre o assunto de pessoas que lá viveram com opiniões diversas pró e contra e a partir destas opiniões e também de algumas pessoas que lá conheço formei a minha.

A China evoluiu muito desde a Revolução Cultural, evoluiu a nível social e político e não apenas económico. Não é correcto hoje em dia a meu ver, considerar que é um estado totalitário (como a Coreia do Norte por exemplo) mas concordo que não há dúvidas relativamente à questão da ditadura: é um regime que esmaga os seus opositores sem grandes contemplações estando no entanto muito mais brando nos dias de hoje que há 20 ou 30 anos atrás.

O Mao nunca vai sair das paredes enquanto houver comunismo naquele país porque não é assim que eles fazem as coisas e disso podes estar certo mas muitas das características mais desumanas do regime têm sido apagadas ou pelo menos suavizadas e tens rios de tinta escritos sobre isso por gente que dedica a sua vida à observação daquele país.

O partido tem sido tomado aos poucos pelos renovadores que têm aos poucos exercido a sua influência para transformação do regime e do país e tenho a certeza que mais cedo ou mais tarde aquele regime cairá como uma fruta madura assumindo que estas tendências continuam a crescer.

As leaks anti comunistas aqui e ali não são feitas em geral pelos ocidentais. A questão da miúda trocada por exemplo, no espectáculo por causa da sua imagem, foi denunciada na rádio estatal pelo director responsável pela cerimónia em que disse que a decisão foi imposta pelo Politburo. Não acredito que o senhor em causa não tenha uma certa influência no partido (ainda que seja franco-chinês) tendo em conta a sua posição profissional.

Por outro lado é um partido conhecido por partido dos octogenários e tendo em conta o peso que a idade tem naquele povo (pelo respeito) e que estas pessoas são ainda muitas da velha guarda, é um dos motivos fortes que tem impedido a evolução mais rápida das coisas a nível social e político.

Daquilo que sei, o regime permite-te fazer tudo o que quiseres desde que isso não o ponha em causa. Isto é um regime autoritário.

O totalitarismo por sua vez impõe aos cidadãos formas bem definidas de todas as áreas da sua vida, sejam elas políticas ou não e nisto a China mudou, não completamente, mas mudou. As pessoas podem vestir o que quiserem em vez da farda do Mao, já não são recrutadas em casa para manifestações e paradas, podem cozinhar em casa em vez de comer na cantina popular, ouvir música rock ou clássica (antiga música burguesa), não usar o emblema do Mao, etc, liberdades que te podem parecer ridículas por serem inquestionáveis no Ocidente mas que eram uma utopia há 30 anos.

Por isso tenho fé e algum optimismo face à entrada progressiva daquele regime em moldes mais democráticos pela mão do crescimento económico e pela abertura ao mundo, em que espero esta edição dos jogos ter um papel importante.

A minha posição face ao Tibete não tem nada a ver com o regime em si mas meramente nas consequências humanas desse acto que penso que seriam piores que os custos humanos actuais.

Considero-me uma pessoa que preza determinados valores humanos e tendo esses valores em conta, tenho as minhas opiniões. Tento ser preferencialmente liberal mas em geral detesto rótulos. Se o faço da melhor maneira, mas é da maneira que posso.

Anónimo disse...

Correcção:

*Não sei se o faço da melhor maneira mas é da maneira que posso.

Nelson disse...

1 e 2. O problema é que também as usam para proibir as manifestações que disseram que iam autorizar. Tal como também disseram que iam retirar a censura e parece que ainda existe. Sobre Londres, falem os londrinos. Seria hipocrisia se fosse uma reportagem de ingleses a criticar a existência de videovigilância na China. Foi feita por portugueses, as únicas câmaras que temos servem para monitorizar o trânsito, os vídeos nem podem ser usados para passar multas.

3. Eu nem me atrevo a comparar as nossas estruturas com as de Espanha. Credo, nem com as da Grécia! Quanto mais com as condições de EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha, Austrália e, nos anos 80, todos os estados comunistas, isto para só citar alguns. As estruturas que temos são poucas, estão a melhorar. O Centro de Alto Rendimento do Jamor é um primeiro passo, a pouco e pouco é apetrechado com melhores condições. A seu tempo, lá chegaremos. Não se recuperam 30 anos em meia dúzia de meses. E apesar das condições para a prática desportiva no tempo de Salazar, os resultados eram de uma pobreza franciscana: medalhas houve 5, em 36, 48, 52 e 60. Ficámos em branco em 32, 56, 64, 68 e 72. 2 de prata, 3 de bronze.

A partir do 25 de Abril: 2 de prata em 76, que podemos ainda atribuir às estruturas do salazarismo, nada em 80 (boicote), 3 em 84, 1 em 88, 0 em 92, 2 em 96 e 2000, 3 em 2004 e 2 em 2008 (Até ver, mas provavelmente fica como está). 4 de ouro, 3 de prata, 6 de bronze. As estruturas do salazarismo, quanto muito, surtiriam efeitos até 80 no máximo.

E se vamos analisar o quadro de medalhas, Cuba, com os incentivos à prática desportiva e Holanda, de população comparável, estão mais ou menos com o mesmo número de medalhas: Holanda 15, Cuba 14; Mas a Holanda tem 6 de ouro e Cuba tem duas. Não há vantagens de um país comunista sobre um país capitalista bem organizado. A comparação China/EUA é injusta, pois sendo anfitriões a China investiu muito para ser a melhor. Mas mesmo assim, lidera em nº de campeões olímpicos mas não em medalhas(95 para os EUA, 83 para a China); há 4 anos os EUA ganharam claramente.

5. Continuo a não aceitar sequer discutir o argumento. Por várias razões: a selecção/eugenia praticadas não foram de forma alguma extraordinariamente bem sucedidas; a mistura já era relativamente pouco comum antes para ter séria influência genética; dentro de um mesmo grupo étnico há muita variabilidade; muitos deportados voltaram às terras de origem e já se passaram 60 anos. Sem analisar o peso relativo destes factores a discussão é inútil, pois apenas se argumenta com base na intuição e experiência pessoal de cada um, sem qualquer apoio pelos factos.

A outra razão tem que ver com o regime nazi: todas ou quase todas as acções levadas a cabo pelo regime nazi são condenáveis e atrozes. E eu recuso-me a ver "the silver lining" numa atrocidade. Seria o mesmo que olhar para o massacre dos Tutsi no Rwanda e procurar um aspecto positivo apesar da morte de 1 milhão de pessoas em 2 meses.

Finalmente, o apuramento genético realça algumas características e também torna mais prováveis o aparecimento de defeitos genéticos por limitar o património genético.

9. O poder na URSS foi tomado por um reformador. Estávamos em 1981. Criou a Perestroika. Em 1986 havia abertura. Em 1989 cai o muro de Berlin. Infelizmente, as reformas que queria fazer com calma foram atropeladas por Ieltsin, mas isso faz parte do jogo democrático e cada povo tem o direito de cometer os seus erros. A China começou a sua "abertura" há 20 anos. E? Resultados? Liberdades individuais? Previsão para a realização de eleições livres? Criação de novos partidos políticos? Faz lembrar o anúncio dos Ecopontos com o Gervásio: Os russos precisaram só de 10 anos para acabar com a ditadura. E os chineses? De quanto tempo mais é que precisam?

A China pode fazer as aberturas de pormenor que quer. Podem pôr o Bruce Springsteen a cantar Born in the USA no Estádio Olímpico, podem vestir toda a população com Chanel e deixá-los comprar iPods. Enquanto permanecem uma ditadura não contam com o meu apoio, a minha compreensão, o meu respeito. Nem eles, nem nenhum outro. Sejam africanos, americanos, asiáticos ou europeus, se não permitem oposição são tiranos. Sejam maoistas, fascistas, stalinistas, racistas ou puramente narcisistas, são todos iguais, ponho-os todos no mesmo saco. Venham as esquerdas e as direitas, a mim só me interessa uma coisa: Pode-se dizer o que vai na veneta? Se não, é um país que não posso respeitar. Posso apenas mostrar solidariedade para com o seu povo.

Anónimo disse...

1 e 2. É verdade e disse isso no post anterior relativamente às manifestações. Acho que não era inglês mas deram voz a um especialista qualquer anglo-saxónico provavelmente americano.

3. Não desminto nada. Mas fiquei impressionado com as mais de 10 medalhas de países como a Ucrânia ou a Bielorrússia e desiludido com a Áustria com 3 ou Portugal com 2.

Quanto ao salazarismo, penso que o Quina falou de barriga cheia porque é bem sabido o abandono total do regime salazarista fora das cidades (ou talvez fora de Lisboa). Acredito que ele tenha tido condições porque provavelmente estava no sítio certo à hora certa.

De maneira alguma subscrevo o que ele disse. Se não estou em erro, o Rosas fazia teatro, lol e foi nesse contexto que elogiou a MP como sendo uma base para actividades extra-curriculares.

5. Para mim nada do que referi é positivo. Referi muito do que escreveste e longe de mim querer de alguma forma reabilitar os nazis ou outros genocidas quaisquer. Pelo menos metade da mina família é de origem cripto-judaica e por isso seria no mínimo insólito se o quisesse.

9. Aqui não posso estar de acordo e apesar de ter imenso respeito pelo Gorby, penso que ao decapitar o regime enviou para o caos o mundo soviético. O fenómeno Iéltsin e o fenómeno Pútin só são possíveis graças possivelmente à forma radical como as coisas foram geridas.

O Gorby é adorado no Ocidente e detestado na Rússia e eles terão certamente os seus motivos para o acharem.

Se o Pútin se tornar aquilo que já parece ser, sou obrigado a achar que ele agiu de forma demasiado radical. Por outro lado o Kruschev fez as coisas com mais calma e acabou por ser afastado em prole do Brejnev mas a época do Gorby era mais fácil que a do Nikita que relembro, denunciou os crimes do estalanismo.

Quanto às liberdades na China, penso que as conquistas são numerosas e penso que as desvalorizas talvez porque as olhas com olhos ocidentais.

Seja como for, não acho que o caso russo seja comparável ao caso chinês. São países com culturas opostas quase, população muito diferente, muito menos numerosa, background cultural muito diferente e a meu ver, a Rússia fez determinadas conquistas no século XIX ainda debaixo do Czar que a China fez talvez há 20 anos ou nem isso.

Já que referiste a Rússia, é um excelente exemplo da decapitação precipitada de um regime autoritário decadente e do seu resultado: o Comunismo.

Lembro-me de ler um artigo de um opositor chinês no exílio que dizia o seguinte no entanto: "O regime anterior (republicano) era tão horrível que as pessoas estavam dispostas a abraçar o comunismo. A tragédia da China nos anos 40 foi mesmo essa, não haver alternativa ao partido comunista."

Mas este ponto 9 dá pano para mangas e eu estou cansado e todas as afirmações que aqui fiz arriscam-se a ser mal interpretadas sem a devida contextualização que dá páginas e páginas. Por hoje pelo menos fico por aqui.

Anónimo disse...

Já me esquecia, gostei desta discussão apesar de não ter achado muita piada à forma como começou. :)

Acho importante referir isto.

Nelson disse...

3. Ucrânia e Bielo-Rússia herdaram parte da estrutura soviética e ainda colhem esses frutos. O mesmo se pode dizer da Arménia, Azerbaijão, Lituânia, etc.

Portugal tem uma fraca tradição olímpica, sendo as medalhas conseguidas mais por talento individual que pelas condições criadas. Esperemos que a situação mude. A Austria tem uma muito fraca tradição nos Jogos Olímpicos de Verão. Agora, se fores ver os de Inverno...

A Ucrânia tem 18 medalhas e a Bielo-rússia tem 15. Destas, a Ucrânia leva 5 de ouro, a Bielo-rússia leva 4.

Mas, o que dizer da Holanda, com metade da população da Bielo-rússia? Tem as mesmas 15 medalhas e 6 são de ouro. Ou a França, de população comparável à da Ucrânia, tem 33 medalhas, 5 de ouro!

Há países bons, há países mais fracos. A tentativa de correlação dos resultados actuais com a história comunista já é esticar a corda. A Jugoslávia tinha as mesmas tradições desportivas dos países comunistas e a Sérvia tem 1 medalha de prata e 1 de bronze. E a Albânia não aparece.

Se vamos por aí, eu dou-te um factor excepcional: RUM E REGGAE! A Jamaica é minúscula e leva 9 medalhas: 5 de ouro, 3 de prata, 1 de bronze. E não consta que tenha alguma vez sido comunista...

Nelson disse...

pois, mas é que às vezes esticas-te nos comentários. E desta vez apanhaste-me em dia não. Peço desculpa pela reacção.