02 fevereiro 2007

O primeiro e o último

Acabei de passar por um cartaz que serve de promoção ao concurso lá dos maiores cá do sítio e o dito cujo dizia "D. Afonso Henriques: bom rei ou mau filho?". Ora aí está uma coisa em que eu já tinha pensado, mas só hoje se tornou clara a importância desta observação aparentemente inútil.

É que esta observação acerca da dualidade apresentada pelo nosso primeiro rei suscita outra de muito maior importância acerca de D. Manuel II, o nosso último rei: "D. Manuel II: bom filho ou mau rei?". Para mais, comemorando-se hoje os 99 anos do seu primeiro dia de reinado!

Note-se que passaram ontem exactamente 99 anos que seu pai, D. Carlos e seu irmão mais velho, que ninguém sabe como se chama tirando os monárquicos e meia dúzia de geeks foram:
a) assassinados por uma corja vil e covarde
b) abatidos ao serviço da pátria
c) despachados com uma série de balázios bem metidos
(riscar o que não interessa).

Esta comparação entre o nosso primeiro rei e o último é talvez o melhor argumento contra a monarquia. Se voltássemos a ter reis íamos estragar a metáfora. D. Manuel II deixaria de ser o último rei de Portugal, havíamos de ter outro e isso dava cabo do esquema. A monarquia em Portugal acabou exactamente ao contrário de como começou!

D. Afonso Henriques foi o rei que reinou mais tempo ao passo que D. Manuel II teve o reinado mais curto; D. Afonso Henriques era um gajo cheio de coragem, capaz de enfrentar os mouros e limpar-lhes o sebo; D. Manuel II era um mariquinhas que envergonha qualquer dos seus antecessores, e só quer saber de tertúlias literárias e festas de salão; D. Afonso Henriques deu porrada na mãe. D. Manuel II refere-se a ela como "a minha querida Mãe", e a "mãezinha" e mais não sei o quê, a propósito do regicídio. D. Afonso Henriques foi um grande rei, que tornou Portugal muito maior do que era quando subiu ao poder. Ganhou a independência e fundou uma dinastia. D. Manuel II foi uma nulidade como monarca, não estava nada preparado para governar, acabou com uma dinastia, abriu o caminho para a instauração de uma república corrupta e pouco ou nada fez para melhorar o estado da Nação. Se pobre era, pobre ficou. Se D. Afonso Henriques fosse vítima de um golpe de estado decapitava os golpistas todos pessoalmente e pelo sim, pelo não, fazia o mesmo aos monges de Cister, só porque o chateavam; ao que consta, D. Manuel II terá dito "ai, ai, ai" e dando-lhe a oportunidade bazou para o Brasil.

A monarquia foi fixe, teve coisas porreiras, começou à porrada como se esperava, teve o seu auge com o D. João II (que era o tal de Príncipe Perfeito e não é possível melhorar a perfeição) e a partir daí foi um lento, suave, mas certo declínio até ao imbecil que nos governou (alegadamente) entre 1908 e 1910. O 5 de Outubro foi uma espécie de eutanásia, porque a monarquia já estava moribunda desde a história do mapa cor-de-rosa.

Mas eu até gostava que a monarquia fosse a referendo. Ou melhor, que fosse a referendo a República como único sistema permitido na constituição. Dava-nos a oportunidade para ter uns 80% contra a monarquia e acabavam-se as tosses (o D. Duarte é uma espécie de D. Manuel II mas com filhos)

2 comentários:

susana disse...

Querias conhecer-me?? É só clicar !ehehe
Espero que sejas mais moderado na linguagem que as tuas amigas!
Eu gosto muito do meu blog e estava sossegada no meu canto!Gosto de fotografia e gosto de usa-la com criatividade e de uma forma divertida...mas há pessoas que não entendem isso!Não preciso do blog para engatar ninguem, não faltam homens!

Nelson disse...

:)

desde que não me metam ao barulho, que não tenho nada a ver com o caso...

já fui espreitar o teu tasco.

Tou a ver que estas meninas do Norte mantêm os blogs e caixas de comentários de umas e outras debaixo de atenta vigilância!