Bem, são agora 21h, o Sim já ganhou há um dia inteiro e eu ainda não tinha dito nada sobre o assunto.
Primeiro ponto de ordem: parece que o Não ganhou, porque as abstenções contam pelo Não. Afinal, se a pessoa não foi votar é porque acha que a lei é boa. Ou assim ouvi alguém dizer.
Segundo ponto de ordem: apesar de terem levado na ripa (à grande) e mesmo que tivessem mais uns... 500 mil votos (o que tornaria o referendo vinculativo) continuarem a perder, os defensores do Não dizem que vão continuar a lutar e esperar pelo próximo referendo. Isto já parece discurso de treinador de futebol depois de perder um derby. Fala logo no jogo seguinte, e no campeonato seguinte.
Terceiro ponto de ordem: parece que a CDU ganhou o referendo porque os distritos com maior expressão do Sim também são os bastiões comunistas. Mas sinceramente não me lembro de uma única eleição em que o PCP tenha declarado a sua derrota.
Quarto ponto de ordem: No "Blasfémias" um dos mais... hmmm... polémicos autores escreveu um post, 8 minutos antes das projecções serem conhecidas em que dizia que uma vitória do Sim com mais de 58% da votação ganharia o aborto no Serviço Nacional de Saúde. Se querem ver um liberal desdizer-se em 24 horas este é o momento.
Quinto ponto de ordem: quero umas eleições e depressa! Os discursos de derrota ontem foram uma merda. Ai as saudades dos discursos de Santana Lopes e Paulo Portas quando o PS ganhou a maioria absoluta. Carregados de dignidade e comoção, com o peso da derrota bem visível sobre os seus ombros, e a lágrima no canto do olho dos apoiantes. Ontem, não. Ontem os defensores do Não ao discursar pareciam adeptos do Benfica, Sporting ou Porto depois de perder um derby com 2 penalties roubados e um golo a seu favor mal anulado.
Sexto ponto de ordem: na campanha viu-se (e ouviu-se) Valentim Loureiro a dizer, ou melhor, a berrar ao ponto de ser ouvido em Badajoz, o seu Sim no referendo. Terá o Sim ganho em Gondomar? Quantos frigoríficos vai vender a Ariston esta semana? Aguardam-se novidades.
Sétimo ponto de ordem: Esta manhã houve um abalo sísmico de magnitude 6, sentido no Sul do país. Castigo divino?
Último ponto de ordem, que já são horas: o sismo não foi assim tão forte e não provocou danos. Será humor divino a gozar com os apoiantes católicos do não que esperavam uma qualquer intervenção d'Ele? (como já ofendi gente suficiente hoje, achei por bem pôr maiúscula)
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