20 novembro 2007

Experiência sociológica irrepetível

Pronto, ontem fui ao concerto do MM (só estou a escrever agora que era para vos deixar na dúvida sobre a minha sobrevivência).

O concerto foi bom, muito bom mesmo, enquanto durou. Mas durou pouco tempo. 1h15m depois de ter subido ao palco foi-se embora para não mais voltar, nem sequer tocou o "Personal Jesus", provavelmente a sua música mais famosa. Bah! Mas a produção do espectáculo foi bem conseguida, foi um concerto muito interessante.

A Fauna
Um concerto de Marilyn Manson é um acontecimento único pela fauna que reúne. Exemplares únicos que apenas em situações como esta saem do seu habitat natural e manifestam a sua presença entre os demais. E para estes indivíduos ir a um concerto do seu ídolo é como se fosse domingo: vão vestidos a rigor, como há muito tempo atrás as pessoas vestiam o seu fato domingueiro para assistir à missa ou à procissão.

Vestidos de preto, claro, com lábios e olhos pintados de preto também, os penteados são variados mas mantendo o estilo e até vi um ou outro espécimen decorado com as lentes de contacto brancas características da casta dominante desta espécie. As correntes são um must mas, para desagrado do adorador que entrou no recinto imediatamente antes de mim, não são permitidas em salas de espectáculos.

Nota-se o esforço notável que destes seres em manifestar a sua originalidade. São indivíduos extremamente originais, capazes de olhar criticamente para o mundo que o rodeia e não seguindo de ânimo leve quaisquer tendências ou modas. Por isso vestem todos de forma igual, usam as mesmas maquilhagens, os mesmos objectos de decoração, ouvem as mesmas músicas. Para manifestar a sua extrema originalidade imitam o mais que podem o seu adorado líder, Marilyn Manson.

A propósito, deixo-vos este excerto memorável, atrevo-me até a dizer eterno, do Life of Brian dos Monty Pithon:



Mas pronto, o que vale é que Portugal é um país de brandos costumes e até os dreads são mansinhos. O concerto foi admiravelmente pacífico.

Noções de marketing
Uma das coisas que me fez confusão foi o facto de um concerto de Marilyn Manson me permitir ter uma noção muito mais realista da falta de noções básicas de marketing do típico empreendedor português. Pode parecer estranho ter uma tal epifania num concerto daquele que é considerado uma espécie de anti-cristo, mas é verdade. É que antes do concerto andava um indivíduo pelas bancadas, um daqueles vendedores ambulantes a vender... queijadas de Sintra. Se fosse um concerto da Mariza ainda se percebia, as queijadas devem ter saída, mas num concerto de música do demo... não seria mais adequado vender galinhas vivas para rituais, crucifixos invertidos, bebés para carnificinas? Duvido que as queijadas tenham muita saída naquele tipo de espectáculo, mas quem sou eu para ensinar a profissão ao homem?

Noções de marketing II
Outra coisa que me fez confusão foi a falta de promoção que o concerto teve. É raro Marilyn Manson visitar Portugal (tenho a ideia que é a primeira vez, mas não sou grande coisa como fan... aliás, nem sou fan) e apesar disso a sua tribo fiel não conseguiu encher o Atlântico. A plateia estava composta mas não estava cheia e os balcões estavam a meia casa no máximo. Fracote, para alguém que gera tanta polémica. A última vez que fui ao Pavilhão Atlântico foi para ver o Dalai Lama (sim, tenho gostos muito diversificados) e o pavilhão estava mais cheio! Só posso chegar a uma conclusão: há em Lisboa mais pessoas interessadas em atingir um estado de elevação pessoal através da meditação e boas acções do que através de ritos satânicos e sacrifício de pequenos mamíferos.

A primeira parte
As primeiras partes são sempre um bocado merdosas. E esta não foi excepção. Era uma banda de hard rock ou heavy metal (não sei distinguir os dois), cujo nome é completamente irrelevante, que tinha um vocalista gordo em tronco nu e que entrou em palco com umas asas de anjo nas costas (a ironia...), um baixista com farda de militar (exército ou coisas assim) e um guitarrista que, tentando o mesmo tema, falhou redondamente o alvo: estava vestido de marinheiro. E ainda por cima costumava dançar enquanto tocava, o que dava mais ares de Village People que de banda capaz de estraçalhar criancinhas e que tem músicas intituladas "Drop the Atom Bomb".

O intervalo
Para gaudio dos presentes a banda que serve apenas para encher tempo enquanto a estrela principal se banqueteia com um soberbo jantar e 2 linhas de coca terminou o seu número, uns longos 45 minutos depois de ter começado. Corre-se o pano enquanto o laborioso pessoal da produção prepara o palco para a segunda parte. E ouve-se música. Uns bons 30 minutos depois ainda estávamos em intervalo e a multidão começa a impacientar-se. Mesmo sendo uns dreads mansinhos, a coisa esteve má. Houve mesmo o risco de começarem a gritar-se insultos em vários idiomas, o que seria muito feio.

E qual não é o meu espanto quando se ouve, durante o intervalo, Prodigy! Sim, Prodigy. Para que percebam melhor o que quer isto dizer: Prodidy é techno. Marilyn Manson é hard rock ou heavy metal que eu não distingo os dois (já disse isto, não já?). E o rock pesado está no extremo oposto do panorama musical em relação ao techno. Duvido que algum dos presentes na sala apreciasse minimamente Prodigy.

Mais concretamente, tocou o Smack my Bitch Up. Aproveito para deixar aqui o video, é um video interessante e muito ao estilo Prodigy.



Em comum entre o Marilyn Manson e os Prodigy só mesmo o esforço notável em serem originais e chocantes. E que ambos conseguem muito bem.

9 comentários:

Ana disse...

Quer dizer, o gajo farta-se de lavar as mãos, mas depois vai à sanita e já não as lava?????????? Isso é ser original?????????

Qto ao MM, não sou fã. Para mim é um gaijo muita feio que só passando esta imagem de gajo muita feio iria ter algum sucesso.

Não distingues heavy metal de hardcore?? Deixa lá, eu tb não :-D! Mas eu nem distingo rock de pop, portanto, sou mui suspeita, LOLOLOL!!

Ah pois, chama-lhe tentativa de nos fazer pensar que não tinhas sobrevivido ao safari por terras do demo! Eu chamo-lhe ganda bebedeira de sangue de galinha viva!!! Qual queijadas de sintra, qual nada, estás é a querer lançar-nos areia prós olhos (não sei porque, ia a escrever lançar Orelhas...não sei porque raio haverias de nos lançar orelhas aos olhos, mas pronto...!), tentando disfarçar os teus apetites demoníacos!!!

Nelson disse...

para que espreitem para dentro da minha orelha a ver se tem cera? Não consigo pensar em mais nada.

Pedro Pinheiro disse...

Bem, estou espantado que não distingas Heavy Metal de Hard Rock, uma vez que uma das tuas bandas favoritas (e minha também) enquadra-se perfeitamente na etiqueta "Hard Rock": Os Queen. É claro que uma procura rápiada na Wikipedia dá bons resultados, e esses senhores têm uma explicação sólida sobre a diferença entre os dois géneros musicais:

During the 1970s, hard rock inspired a new genre of music known as "heavy metal." The emergence of this genre has led to confusion between hard rock and heavy metal bands, as the distinctions between the two are usually subtle, and the distinction often comes down to a band's image, rather than its songs. The two genres have some crossovers, for example; heavy metal pioneers, such as Led Zeppelin and Deep Purple, are often considered both heavy metal and hard rock, whereas, bands such as AC/DC, Aerosmith, Queen, The Who, Thin Lizzy, Guns N' Roses, Nazareth, Van Halen and Kiss, are normally referred to as hard rock.

To further the confusion, the most popular heavy metal subgenre of the 1980s, glam metal, was known to take influence from both the pioneering hard rock acts such as Alice Cooper, Queen, Kiss and Aerosmith, etc. All four of these bands would go on to experiment with glam metal in the 1980s.

From a musical point of view, heavy metal tends to interpret the basic syncopated jazz rhythm of an eight and two sixteenth carried on a ride cymbal with a swing feel down to the bass line with a literal "straight up" feel. Thus the "dum da da dum da da dum" bass line is a standard basis for the heavy metal sound as heard, for example, in Black Sabbath's song "Heaven and Hell" during the verses, or in Iron Maiden's song "Flight of Icarus", or also Dio's "Holy Diver". Another good example is to listen to the difference between how the song "Helter Skelter" is played by the original writers, The Beatles, and the interpretation as played by Mötley Crüe.


(retirado do artigo sobre Hard Rock)

Teté disse...

Pode ter sido uma experiência irrepetível, mas para ver "originalidades" dessas...

Olha lá, porque é que não reclamas o dinheiro do bilhete? Se ele não rasgou nenhuma bíblia e não matou nenhum animalzinho (a não ser, porventura, uma formiguinha incauta que atravessou o palco no momento do espectáculo), não podes sempre alegar que foste defraudado? E não, não estou a fazer apologia dessas práticas, mas não era disso que os fãs estavam à espera? E quem diz a eles que tu não és fã?

Anónimo disse...

Lamento, sou picuinhas. Os Prodigy têm outra coisa em comum com o Marilyn Manson - a banda sonora do Matrix.;)

Ana disse...

Os queen são hard rock???????? Os queen são a tua banda preferida??? monkey de imitação, páh!!!! ;-D

Os queen são hard rock??????...pensei que fossem apenas rock...

Que mania esta que o homo sapiens tem de catalogar tudo...na podem apenas, sei lá, apreciar???

Anónimo disse...

Olha eu tb lamento pq sou pikuinhas... mas é só p dizer que assim como tu vais ver Manson num dia e o Dalai Lama no outro, tb há gente que gosta de Manson e de Prodigy (eu por ex, e mt dos q la estavam q cm deves ter visto curtiram o som)
Já agora, so um detalhezinho importante, a título informativo: é q o baixista do Manson, ja foi tb dos Prodigy... percebes a relação agora? :)
fica bem e parabens pelo blog

Nelson disse...

também eu. ouço uns e outros e gosto mais ou menos de ambos.

mas se não fosse pegar por aí, como é que tinha a oportunidade de referir que passaram prodigy no intervalo? duh!!!

Nelson disse...

não esquecendo a oportunidade de pôr o vídeo do Smack my bitch up! ;)