16 novembro 2007

Diplomacia internacional é:

1. Impor um conjunto de valores a países estrangeiros.
2. Rejeitar a imposição de um conjunto de valores por países estrangeiros.

Só assim se explica o burburinho em torno da moratória da ONU contra a pena de morte a nível global.

A iniciativa é da UE. Suspender tudo o que é execuções a nível mundial. Foi aprovada com uma larga maioria: 99 a favor, 52 contra, 33 abstenções. Até a Rússia votou a favor!!!

Os opositores, são os do costume (menos a Rússia): Irão, Iraque, China, Egipto, Sudão e, claro, os EUA. E acusam a UE de impor os seus valores aos outros países, algo que eles não gostam muito que se faça.

Errrr.... pois, eu também acho que é muito mau tentar impor valores a outros países, sem respeitar a sua cultura, a sua história, o seu povo e as suas leis. Esta coisa dos direitos humanos e da dignidade humana é apenas uma desculpa para justificar a ingerência em assuntos internos.

Estes gajos da UE deviam ter vergonha, pá, tar aqui a impor as suas vontades. Ao contrário dos americanos que optam pela filosofia "live and let live". Ou será "live and let die"? Não, a segunda é o título de um filme do James Bond, deve ser "live and let live". Os EUA não impõem nada. Quanto muito, ajudam a alterar uma situação e apenas se tal lhes for solicitado, nomeadamente quando um país lhes diz que não quer intervenção estrangeira (toda a gente sabe que "não" às vezes quer dizer "sim", não é?), e sempre de forma pacífica e não impositiva, nomeadamente a destruição de infra-estruturas e uma eventual deposição sangrenta de governo. Mas tudo num regime muito pouco impositivo, usando apenas de argumentos diplomáticos "soft", como bombardeamentos, tortura de prisioneiros e boicotes comerciais. Nada tão impositivo como aprovação de moratórias na ONU e outro tipo de acções de diplomacia agressiva e que colocam estados entre a espada e a parede.

O último parágrafo da notícia é alarmante: China, EUA, Paquistão, Sudão, Irão e Iraque são responsáveis por 90% das execuções a nível global. É preocupante porque não é justo que recaia sobre apenas 6 estados a responsabilidade de livrar o mundo de criminosos que, toda a gente sabe, não podem ser regenerados e que constituem uma séria ameaça à liberdade dos outros. Assim de repente lembro-me de dois ou três casos: as mulheres adúlteras do Irão, os opositores políticos da China e os atrasados mentais que assassinaram alguém no Texas. Que será deste mundo se deixarmos gente desta laia viva?!?!

Numa altura em que tanto se fala de aquecimento global e alterações climáticas, se alerta tanto para as emissões de CO2, se alerta contra a destruição de florestas que produzem o tão precioso oxigénio, queremos mesmo deixar esse tipo de pessoas viver e contribuir para a produção de CO2 e consumo de O2? Que mundo é este que deixamos aos nossos filhos?

Cambada de comunas fascistas é o que são estes intelectuaizecos de meia tigela da UE e da ONU.

1 comentário:

Ana disse...

Não sei se percebi lá muito bem a tua posição...às vezes é difícil distinguir a ironia da verdade, qd não se conhecem as pessoa pessoalmente!
Li a notícia e tive a mesma reacção que tu, no que respeita aos EUA: caguei-me a rir!!! Os EUA a acusar a UE de impôr valores??? UH Lá lá!!! LOLOLOLOL!! Pois, porque todos nós sabemos que os EUA não impõem nada a ninguém!! Seja oficiosa, seja oficialmente! Coitadinhos dos EUA, páh!! Estão-lhes a ser impostos valores!!! Oh páh, isso não se faz, UE! Ora agora a tentar incutir alguns valores num País que escolheu não os ter??? Maus, maus, tautau!!

Estas cenas de política internacional são sempre complicadíssimas. Como objectora de consciência no que respeita à pena de morte, só posso aplaudir a iniciativa. Pelo menos poupam-se inocentes, se a pena de morte for mesmo abolida.
Por outro lado, penso que cada País deverá fazer o que muito bem entender, internamente. Agora, quando são países que passam a vida a chagar o juizo dos outros que se queixam de haver interferencia externa...calam-se e comam!

Estou para ver no que é que isto vai dar. É que, na verdade, não estou a ver a China ou os EUA a suspenderem seja o que for...