06 julho 2006

Deverei tornar-me pessimista?

Ando desde o início do Mundial a apregoar cabazadas. Tinha confiança que iríamos ganhar a Angola e ao Irão. Depois da segunda jornada, convenci-me que ganharíamos ao México. Nos oitavos tinha a forte convicção que íamos ganhar à Holanda. Depois à Inglaterra. Ontem acreditava que íamos ganhar à França. E tenho a convicção que vamos ganhar à Alemanha. Sou assim, prefiro acreditar que vamos ganhar em vez de começar a antecipar derrotas ou a evitar prognósticos positivos para depois não ter de ouvir "Eu bem avisei". Mas os pessimistas tinham razão (têm sempre razão) e depois vêm dizer que não é bom cantar vitória antes de tempo; que não se pode embandeirar em arco. Se eu não acredito que podemos ganhar porque raio vejo os jogos? Para aguardar a inevitável derrota? Claro que não, estou à espera da certa, justa e saborosa vitória!

Há quem prefira posturas mais moderadas. "Ah, vamos a ver se conseguimos". Eu continuo a preferir antecipar vitórias a derrotas. Para derrotas bem chega quando elas acontecem de facto, não preciso de as temer antes de tempo.

Mas ser pessimista tem as suas vantagens: os pessimistas de 31 dos participantes no Mundial têm razão! Até ao momento os pessimistas de 30 dos 32 países já puderam ter o seu gozo pessoal de dizer que tinham razão. Faltam os pessimistas franceses ou italianos virem a posteriori dizer que tinham previsto a derrota. No fim, os pessimistas de 31 países estarão correctos e os optimistas de apenas 1 país poderão dizer o mesmo. É mais vantajoso ser pessimista, portanto.

A mim não me interessa. Continuo a acreditar que no sábado vamos ganhar. O que não é o mesmo que dizer que temos de ganhar ou que não irei apoiar a selecção se perder. A Selecção é nossa quando ganha, mas acima de tudo é nossa quando perde. Mas também tem de ser nossa a confiança nas vitórias da Selecção. A mesma confiança com que queremos que os jogadores entrem em campo, dispostos a ganhar, mentalizados para a vitória, imbatíveis na sua moral. Mesmo que percam. Se ontem perdemos foi apenas porque os franceses estavam mais moralizados que nós para ganhar, mais motivados e não porque estavam com mais receio que nós.

Quando um jogador parte para um penalty (como partiu ontem o Zidane) não pode pensar "Não vou falhar". Tem de pensar "Vou marcar". E se lhe alguém lhe perguntar ele responde isso mesmo em voz alta. O Gerard no sábado teria dito "Vou marcar" se lhe perguntassem. Falhou. Azar. Não venham depois (ou antes) dizer que fez mal em cantar vitória antes de tempo. Não se trata de cantar vitória. Trata-se de acreditar nas suas capacidades. Porque duvidar delas é meio caminho andado para o fracasso.

A Selecção vai ganhar no sábado. Vai jogar melhor que a Alemanha, vai marcar mais golos, vai estar mais coesa e vai ficar em terceiro lugar. E mesmo que perca o jogo (o que não acredito), vai continuar a ter tido uma boa prestação. Mas não podemos é, a 2 dias do jogo, começar já a justificar a honra do 4º lugar, como se não esperássemos que eles dêem o litro e ganhem no sábado.

5 comentários:

Nelson disse...

E é por isto tudo que não voto na última opção da sondagem ali ao lado. Concordo com a primeira, com a segunda e com a terceira. Mas a última, é reservada para os pessimistas e cautelosos crónicos. Disfrutem dela.

Goncas disse...

Até agora podemos dizer que foi sempre o mesmo, o que não quer dizer que o seja para o futuro. Ainda assim, a mensagem que deixas aplica-se aos actores, intervenientes, eu só assisto, e posso ficar fulo com os maus resultados, que são na prática dos que os obtêm. Como não estava lá, não sei se podiam ter feito mais, ou se foi o máximo o que deram. Devo respeitá-los como representantes do país na modalidade. Posso tirar ilações para a minha vida e devo evitar assumir em mim uma derrota que é de outros e de somenos importância. Perdendo ou ganhando, fica tudo o mesmo um curto lapso depois. É efémero. Pugnemos pelo que dura mais, de preferência para sempre.

No entanto, eu posso afirmar que o não chegarmos lá é fruto do jogo, que é financeiro, mais que futebol puro e duro e jogado dentro do campo. Não porque somos vítimas de perseguição, mas porque somos fracos nesse jogo. E somos 10 milhões, não podemos ter em média uma melhor selecção que a dos países maiores e mais ricos. Nem os instrumentos de jogo de bastidores. Esse é que é o jogo. Dinheiro. Os nossos são os nossos, quer ganhem ou percam.
Jogamos com as nossas armas, que são mais fracas, mas sempre há David e Golias.

Goncas disse...

Esqueci-me: eu votei "puta que os pariu".

kanjas disse...

Mas nós não estamos na final?

É que eu ontem só vi uma selecção a jogar e quando isso acontece costuma-se ganhar por falta de comparência...

T. disse...

Eu também votei "puta que os pariu". Mas deu que eu já tinha votado hoje! E não tinha! Puta que os pariu!