29 março 2007

Civismo ou a falta dele

Fui a Coimbra. E já voltei. Acordei às 6 da manhã (CREDO!!!), fiz os 200 km, estive lá 4 horas e vim embora. Tou com sono, doem-me os olhos, tou rabugento (mais que o habitual, cuidado!) e com vontade de sacrificar pequenos mamíferos. Mas prontes, são ossos do ofício.

No caminho de regresso fiz uns quilómetros pela Nacional 1 até encontrar um sítio bom para almoçar (os melhores restaurantes são os da Nacional 1) e notei que já havia peregrinos a calcorrear a estrada a caminho de Fátima. Bem, é um bocado cedo para o 13 de Maio e mesmo para a Páscoa, pelo que presumo que seja qualquer coisa assim do género ir a Fátima para a semana santa ou coisa assim. Enfim, promessas.

E também havia putas (tcham! Chegámos ao assunto importante. O resto foi só para dar o ambiente), sentadas à beira da estrada. A Nacional 1 está cheia delas, numas zonas mais que noutras.

Reparei numa característica distintiva fabulosa entre uns (os peregrinos) e outras (as putas). Além do facto de uns irem (provavelmente) à missa todos os domingos e as outras se alguma vez entram numa igreja será para ir directamente à sacristia (tou só a conjecturar...). Esse tipo de características não são visíveis quando se passa por eles a 90 ou a 100 à hora. Não vou parar o carro para perguntar "olhe, a senhora vai à missa todos os domingos?" para perceber a que grupo pertence.

Tou a falar de algo que se nota à distância: é que TODOS os peregrinos usam colete reflector. As putas não. O que está mal, embora dê jeito, que um gajo escusa de perguntar a uma peregrina quanto leva por um broche, evitando assim um pontapé nos dentes pregado pelo marido da peregrina (o peregrino).

Está mal porque os coletes fluorescentes permitiriam ver as putas a maior distância. Se um gajo quer ir às putas arrisca-se a ter de fazer uma travagem brusca e provocar um acidente ou parar o carro 200m à frente o que obriga a uma caminhada desnecessária ou a uma perigosíssima marcha-atrás. Tudo isto porque só repara na puta mesmo em cima do acontecimento.

Se as putas usassem colete reflector promoviam melhor o seu negócio, ajudavam à prevenção rodoviária (quem sabe se num regime de troca de favores a Prevenção Rodoviária Portuguesa não começava a distribuir catálogos de serviços de putedo entre os condutores), e podiam usar cores diferentes para assinalar o tipo de serviços disponíveis. Um determinado nível de serviço correspondia ao colete amarelo, outro nível ao colete cor-de-rosa e um terceiro nível ao cor-de-laranja (a propósito: porque raio se chama cor-de-laranja e não cor-de-cenoura? Eu acho que devia ser cor-de-cenoura, sem desprimor pelas laranjas, apenas pelo facto de as laranjas estarem irremediavelmente ligadas ao Cavaco Silva que não só é do PSD como é do Algarve; tão a ver onde quero chegar?).

Com os coletes reflectores um gajo podia evitar parar à beira da estrada para seguir viagem imediatamente após perguntar o preço porque o achou caro, ou evitar dissabores por procurar uma oferta com mais nível (conceito estranho quando se fala de prostituição à beira da estrada) e sair-lhe a fava do bolo-rei (mais um conceito irremediavelmente ligado ao nosso PR). Colete amarelo para quem tem muito pouco dinheiro e não se importa com eventual falta de alguns dentes, de uma perna ou de cabelo, colete cor-de-rosa para quem não é muito esquisito mas também não precisa de se sujeitar a fulanas que parecem acabadas de desenterrar, e colete cor-de-laranja para a malta sofisticada (novamente, conceito estranho considerando o assunto em discussão).

E pronto, é assim que se consegue misturar num único post os temas prostituição, religião, segurança rodoviária e órgãos de soberania. Não achavam possível? Pois é, pois é...

9 comentários:

Anónimo disse...

No meio de isto tudo, onde é que enfias o Paulo Portas

Anónimo disse...

Ao anterior comentador: claramente no Parque Eduardo VII.

Ó Nélson, tu não percebeste muito bem que ali eram todas peregrinas. Repara que qualquer uma, a dada altura, vai de joelhos...

Bruno

Filipe Moura disse...

http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/player/frameset.php?opcao=umamusica&nomeplaylist=005491-4_08

A sério, ouve. Lê em http://chico-buarque.letras.terra.com.br/letras/86076/

Anónimo disse...

LOL
nem brinques, que eu aqui no Porto já apanhei duas ou três que usavam mesmo coletes desses, eheh
A malta aqui é visionária, lol
Abreijo

Anónimo disse...

e ai no Porto já está implementada a escala de cores em função de precos?!

Redus Maximus disse...

Dos melhores que te tenho lido ultimamente. Muito bom. As putas inspiraram-te.

Nelson disse...

eh pá, com comentadores destes dá mesmo gosto ter um blog! ;)

Pseudo disse...

Post explanatório que deveria ser lido por qualquer estudante de qualquer área, a fim de aprenderem como se relacionam assuntos!

Nelson disse...

obrigado pseudo! Conseguiste escrever a palavra "explanatório" num comentário a um post meu, coisa que eu ainda não tinha conseguido.