O referendo faz um ano, mais ou menos. E o "holocausto do século XXI" já tem números: 6000 abortos legais realizados em 2007. Extrapolando dá cerca de 12 mil ao ano. Não é, nem de perto nem de longe, o cenário catastrófico que se augurava quando em plena campanha havia quem alertasse para os perigos de uma corrida desenfreada ao aborto (chegou a parecer que se alegava que haveria mulheres a engravidar de propósito só para poder fazer um aborto).
Como comparação, porque um número destes assim solto diz pouco, há cerca de 110 mil nascimentos por ano em Portugal (fonte: Wikipedia). Visto assim o número é um bocado grande. Quer dizer que mais ou menos 1 em cada 10 concepções é indesejada.
E para evitar comentários a dizer que 6000 é pouco ou que 6000 é muito, convém lembrar que abortos sempre se fizeram. Legal ou ilegalmente. Ao menos estes 6000, que teriam sido feitos de qualquer maneira, não foram feitos em vãos de escada. Foram feitos sob supervisão médica e sem riscos desnecessários.
08 fevereiro 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Clap clap clap. Subscrevo. Integralmente.
No referendo só me perguntaram se deveria ser legalizado ou não.
Ninguém me pediu opinião sobre se eu queria pagar pelos erros dos outros.
Aqui falo dos casos em que não existe violação (que já estava consagrada na lei e deve ser paga realmente por todos).
Agora eu ter de pagar porque à maria e ao manel não lhes basta a televisão e não querem usar contraceptivos já acho mal.
Querem abortar, paguem.
≃10% das concepções parece-me muito mas isso é subjectivo.
também ninguém te perguntou se queres pagar os internamentos das mulheres que vão parar ao hospital à conta de abortos de vão de escada. E pagas.
E se vamos por aí, ninguém te perguntou, nem a mim, nem a ninguém, se queríamos pagar os tratamentos da malta que se despista de carro por estar bêbada, ou da malta que se tenta suicidar, dos fumadores inveterados que apanham cancro do pulmão, etc...
10% das concepções também me parece muito alto. demasiado alto...
Tu tens jeito, Nelson. Assim, quando fores às consultas por causa do câncaro do pulmão, já podes dizer a toda a gente "também estás a pagar os abortos" :P
ROFL! Mas concordo. E tira-me um peso do coração pensar que tenho mais uma chance legal de resolver um acidente aborrecido...
Não vou tecer longos argumentos aqui, simplesmente porque não acho que dê para argumentar como deve ser aqui.
Muitos dos que lêem este blogue, e também o autor, conhecem-me e já conversámos muitas vezes sobre este tema e sobre o que cada um de nós acredita.
Deixo apenas duas perguntas.
1) Nelson: Ao menos estes 6000, que teriam sido feitos de qualquer maneira, não foram feitos em vãos de escada.
Pergunto: O que te leva a afirmar que o facto de anteriormente ser ilegal não dissuadia nenhuma mulher, ou apenas dissuadia uma mão-cheia de mulheres? É uma afirmação muito forte, gostava de saber em que a baseias.
2) Meg: E tira-me um peso do coração pensar que tenho mais uma chance legal de resolver um acidente aborrecido...
Meg: [e pergunto-te isto como irmã mulher (tua "irmã" no sentido em que posso imaginar uma situação dessas na minha carne, tal como tu podes imaginar na tua), e como conhecida/amiga.] Não me costumáveis dizer que o aborto era "um último recurso, desagradável e triste, a que as mulheres recorriam, com sofrimento, apenas quando não havia nenhuma outra hipótese"? Não acabas por descrever o aborto como se fosse quase um método "anti-conceptivo" como qualquer outro?
1) Efectivamente, não se pode afirmar com segurança. Mas se não fossem todos feitos em vão de escada, seriam quase todos. Não acredito que se aborte apenas porque se pode.
2) "pensar que tenho mais uma chance", disse a Meg. A palavra "mais" indique que é outra hipótese além das anteriormente existentes. O aborto não é contraceptivo, é para quando o contraceptivo falha.
Enviar um comentário