14 fevereiro 2008

Dar é melhor que receber

Há dois tipos de pessoas que nos abordam na rua (tirando as pessoas que conhecemos, claro!). São os que estão a pedir alguma coisa (geralmente dinheiro, e por regra com a justificação que têm fome) e as que estão a dar alguma coisa (jornais de distribuição gratuita, panfletos...).

A reacção típica quando uma pessoa é abordada por alguém que está a pedir qualquer coisa é ignorá-la. Ou então dizer-lhe que não. A reacção típica quando alguém está a dar alguma coisa é aceitar. Mesmo que não nos interesse. Podem ser folhetos de uma loja de móveis ou de mais um astrólogo/vidente diplomado, pode ser uma promoção a uma qualquer exposição ou peça de teatro, podem ser amostras de perfume ou os tais jornais de distribuição gratuita. Aceita-se tudo.

Aborrecem-me uns e outros. Não aceito os jornais gratuitos porque não tenho tempo para os ler, não aceito panfletos de coisas que não me interessam (já aconteceu receber o panfleto, olhar para ele, ver que não me interessava e voltar para trás para o devolver. "Ou lho devolvo ou mando-o para o lixo" disse-lhe eu). Também não tenho o hábito de dar dinheiro a pedintes. Se me querem enganar vão ter de ser mais imaginativos. Dizer que têm fome, ou apresentar uma criança pequena e dizer que não a conseguem alimentar já não pega (e no que diz respeito à exploração de crianças para a mendicidade, não só não me impressiona, como a pouca boa vontade que poderia ter desaparece).

Mas devo dizer que me aborrecem ainda mais os que dão do que os que pedem. É que eu gosto mais de dar do que de receber (sou assim, pá! o que querem, sou praticamente um santo...). Além disso, é muito mais fácil explicar a alguém que não quero dar do que não quero receber. Para dizer que não quero dar, basta fazer cara de mau e mostrar-me insensível. Mas para dizer que não quero receber alguma coisa é mais complicado. Às vezes quando encontro alguém a distribuir amostras de sei lá do quê e digo que não quero dizem-me "Mas é de borla" (grande poder de argumentação! É de borla, logo toda a gente deve querer; um pontapé nos tomates também é de borla!) ao que eu respondo "Sim, e depois? Não quero, nem dado. Se insiste, eu levo um e ponho-o no lixo logo a seguir". Invariavelmente a pessoa aproveita e diz que quer que eu leve um exemplar à mesma e eu deito-o no primeiro caixote do lixo disponível, preferencialmente à frente da pessoa. Deixei de usar esta técnica porque não dava o resultado pretendido.

4 comentários:

Magucha disse...

E depois há os que dão coisas a pedir dinheiro, tipicamente nos semáforos. Dão-te um panfleto de fazer chorar as pedras da calçada e um isqueiro, e voltam a passar para recolher as coisas e o dinheiro.

Há uns anos aconteceu-me uma gira na baixa ao fim do dia. Um rapaz que estava a distribuir panfletos abordou-me com a frase mais original que já ouvi. "Não quer uns panfletos para deitar no caixote de lixo mesmo ao seu lado? Eu não os posso deitar fora, mas se for a senhora não há problema..." Desmanchei-me a rir, e obviamente que lhe deitei fora uns quantos panfletos.

Anónimo disse...

e ainda há os que estão a dar mas não dão: já me aconteceu ver umas moçoilas a darem pacotes amostra de uma marca de cereais que gosto de comer...e ter m feito quase ao encontrão com elas para que elas partilhassem uma caixinha... (devia estar a guardar tudo para elas)

e depois os pedintes que não pedem: que andam de mão estendida... mas nem se dão ao trabalho de vir ter com quem lhes quer dar... não costumo dar... mas quando me dá na cabeça de dar uma moeda ao primeiro que me aparece à frente... lá tenho eu de andar atrás do pedinte para lhe dar a moeda.

Ó gentinha complicada!

Teté disse...

Ai, Nelson, realmente és praticamente um santo... :)

Não dou (a não ser para o Banco Alimentar ou para peditórios do Cancro ou da Tuberculose), nem recebo. E telefonemas em casa, para ir buscar um prémio para o qual fomos especialmente seleccionados??? Não, obrigada, não quero!, parece que deixou de ser português puro e vernáculo...

Sun Iou Miou disse...

Ó, Nelson, prova a levar contigo um cego. Falo a sério. É infalível. Até se apartam para te deixar passar sem abrirem a boca.