Há telefones com fios e sem fios. E há vantagens na escolha de um e de outro. Por exemplo, os telefones sem fios permitem-nos maior liberdade de acção e até, dependendo do alcance da transmissão, ir ao café com o telefone fixo no bolso e não perder as chamadas do telefone lá de casa. Geralmente todos têm uma lista telefónica que nos facilita o trabalho de fazer chamadas. Não precisamos decorar ou ter papelinhos com os números de telefone mais importantes. Por outro lado os telefones com fios têm duas grandes vantagens, a meu ver: nunca ficam sem bateria nem sem sinal e são muito mais baratos. Tão baratos que em geral o operador de telefones oferece-nos (aliás, empresta!) um.
Mas há uma diferença que faz toda a diferença, passe a expressão. E que me faz optar por telefones sem fios em detrimento dos telefones com fios: é o fio do telefone. Esta frase pode parecer bastante estúpida (e provavelmente é), mas tem razão de ser. O fio do telefone, aquele que liga o telefone ao auscultador, acaba sempre por ficar amarfanhado. Cheio de voltas e mais voltinhas. O meu telefone no escritório está sempre assim. E não vale a pena desenrolar o fio do auscultador, porque uns dias depois volta à mesma. Acho que já é a posição natural do fio deste telefone: amarfanhado.
O amarfanhamento de fios de telefone é como os nós que aparecem num rolo de fio de nylon. Aparecem por geração espontânea e o máximo que podemos fazer é, após constatar o seu aparecimento, encolher os ombros em resignação e desatá-los. Seria de esperar que, em 2008, com tanta tecnologia disponível, já tivessem sido inventados fios de telefone anti-amarfanhamento e rolos de fio de nylon anti-nós. Mas não, a malta que inventa coisas prefere inventar esquemas para poder ver um jogo de futebol multi-câmaras, mesmo que só se tenha uma televisão, o que só faz com que a malta esteja permanentemente a perder lances por andar a brincar aos realizadores. Inventar um fio de telefone que não se amarfanhe? Não, isso não tem jeito nenhum, não vai servir para nada. E então inventar um esquema para pôr a malta a fingir que sabe realizar um jogo de futebol? Eh pá, isso é que é uma grande ideia!
Foi por razões profundas como esta que decidi deixar de ser cientista. E não me arrependo. Sou contra o amarfanhamento de fios de telefone e a favor dos jogos de futebol com realização feita por profissionais e em canais de sinal aberto.
27 fevereiro 2008
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3 comentários:
Ui, se te contasse o que sei sobre fios de telefone amarfanhados...
Sobre o JOGO, que suponho que é nesse que te estás a embalar, é isso sim - transmissão em canal aberto! Para ninguém sair de lá com um olho negro ou uma inconveniente facadita... ;)
Fios de telefone amarfanhados lembram-me o gabinete do Brotas (http://cfif.ist.utl.pt/~brotas/) onde tudo era amarfanhado. Talvez la houvesse uma distorcao do espaco-tempo... hmm...
A condição natural dos fios é essa: amarfanhar. Se não fossem assim já não seriam fios, seriam carros de bois, máquinas de escrever, clarinetes, que sei eu! De bóla, já não digo nada, mas isso deve de ser um bocado amarfanhado também.
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