09 junho 2006

Provavelmente, o post mais ordinário do mundo

Ó faxavor! Não leiam este post. É profundamente ordinário.

Andei a pensar (coisa que acontece algumas vezes por ano), e cheguei a uma conclusão muito séria: a língua portuguesa (refiro-me ao idioma, não ao orgão) não favorece o sexo. As várias palavras utilizadas para descrever os orgãos (tenho sempre a tendência para escrever esta palavra com acento no O) genitais e os vários actos sexuais ou são demasiado cirúrgicos ou demasiado ordinários. Não existe um meio termo aceitável. (Eu já aqui tinha posto este link e repito o que disse na altura: não conheço a maior parte daquelas expressões; aliás, algumas delas acho que ninguém conhece...)

Por exemplo, o coito: tirando "fazer amor", não existe outra expressão que possa ser usada. Não dá para dizer à namorada "queres copular comigo", ou "bora praticar o coito". Pior ainda seria dizer "bora mandar uma foda". Já para não falar das pérolas "a la trolha", do tipo "arrebento-te toda" e coisas no género. Quanto muito, pode usar-se a palavra "queca". Aqui ainda dá para safar a coisa.

Mas quando se pretende descrever a genitália, a coisa piora. Se no que diz respeito à genitália masculina, "pila" ainda safa a coisa (livrem-se de dizer "caralho" ou "pixota"!), não há o equivalente no feminino! Ninguém diz, em pleno acto, "vagina". Mas muito pior será usar o enorme palavrão "cona". Credo! Isso é razão para ser corrido da cama a pontapé. E para o clitoris nem conheço sinónimos de jeito.

E no sexo oral? Ninguém no seu perfeito juizo diz "felatio" ou "cunilingus", sob pena de perder a tesão, mas dizer "broche" ou "minete" é bem capaz de estragar igualmente o ambiente. Então, em que é que ficamos? Ficamos sem vocabulário.

É por isso que o sexo é tabu.

Ah, não! Não venham reclamar da linguagem! Eu avisei para não lerem!

7 comentários:

T. disse...

Isso é falta de imaginação...

Quanto aos orgãos sexuais externos, qualquer criança de 2 anos que se preze, desde que os pais não lhe tenham martelado com os nomes cirúrgicos e anódinos, inventa designações que nem são ordinárias nem cirúrgicas.

Quanto aos actos em si, é questão de olhar para eles sem pensar nos nomes que conheces (nos ordinários e nos técnicos). Se os actos não tivessem nome, de certeza que éramos capazes de lhes inventar um, não éramos? Então...

P.S.1: é a segunda vez que escrevo isto. Da primeira vez, o browser resolveu fazer censura :P e crashou.

P.S.2: Com que então só ias falar de futebol?

T. disse...

Uma pergunta, já agora: Não achas que "cunilingus" soa bem mais ordinário que "minete"?

Filipe Moura disse...

O "Nelson" sem acento ainda passa, mais por respeitar a tua vontade de ser inglês do que outra coisa. (Mas repito que "Nélson" em português leva acento.) Agora essa dos "órgãos" é grave demais, até porque é uma palavra portuguesa. Rapaz, "órgão" é uma palavra grave. Se não levasse acento era aguda. OK?

Filipe Moura disse...

Se querias uma definição deste teu amigo, aqui a tens: é um gajo que lê um texto sobre caralhadas e está sobretudo preocupado com a ortografia.

Nelson disse...

Ok, deixei-me levar por aquela regra que diz que as palavras em português só têm um acento.

Mas não te esqueças, Filipe, que o que não falta em português são excepções à regra. Há bardas bem piores.

Filipe Moura disse...

Há palavras e regras que são difíceis porque raras (é o caso das palavras terminadas em n...). Mas não há nenhuma excepção nas regras de acentuação da língua portuguesa. Nomeadamente nenhuma palavra tem mais de um acento, e quando isso acontece é na sílaba tónica. "Órgão", "orégão", "sótão" só têm um acento... o til não é um acento! É um sinal gráfico que indica nasalização. É equivalente à cedilha. Na língua portuguesa há dois acentos (o agudo e o circunflexo). Mesmo o grave tem um estatuto discutível (em palavras como "àquele" não é tónico, pelo que se o quisermos considerar como acento temos que o suprimir excepto em "à" e "às"). Eu prefiro dizer que só há dois acentos (o grave usa-se tão pouco...). Mas o til não é um acento. Vê em qualquer boa gramática moderna.

Nelson disse...

mea culpa que não tenho nenhuma gramática moderna...

A última vez que consultei uma gramática foi... em..... errr..... acho que o primeiro ministro ainda era o Soares. :P