01 junho 2006

O estado da Educação

Deu anteontem um debate muito importante sobre a o estado da educação, incidindo sobretudo nas questões que se prendem com a violência contra alunos, funcionários e professores.

O programa até começou bem, com montes de cenas de porrada entre alunos e de alunos a professores e funcionários (acredito que tenha sido o pico de audiências), mas rapidamente descambou e começaram a falar de questões completamente irrelevantes e que pouco interessavam aos espectadores como integração social ou o insucesso escolar. Eh pá, mas o que é que essa merda interessa? Obviamente que quando começaram com as queixinhas do costume, tipo "Ah, e tal, são miudos de classes desfavorecidas" ou então "Temos de combater o insucesso escolar", eu mudei de canal e fui ver o que tava a dar na TVI. Tive azar, era uma telenovela. Então fui à net sacar videos do Van Damme e do Steven Segal. Mas será que só quem tem TV cabo tem direito a ver violência na TV? Será que tenho de pagar para ver alguém pregar um valente par de lachetas noutra pessoa, a não ser nas raras ocasiões em que os seguranças do Benfica resolvem espancar empresários de determinados guarda-redes de fuetebol? (caso Moretto, para os mais distraídos; não me apetece falar disso agora, procurem nos arquivos e comecem a ler mais jornais desportivos, tipo o Público ou o DN; errr... perdão, tipo a A Bola ou o Record; por momentos tava a tomar o todo pela parte e a julgar esses orgãos de comunicação social de referência pelo conteúdo dos seus suplementos desportivos)

Bom, antes de ter mudado de canal, cheguei à conclusão de uma coisa:
  • O Ministério da Educação acusa os professores pelo insucesso;
  • Os pais acusam os professores pelo insucesso;
  • Os alunos acusam os professores pelo insucesso;
  • Os Conselhos Executivos das escolas (constituidos por professores) acusam os pais pelo insucesso (acusam-nos, vejam lá, de responsabilização do processo educativo dos filhos!)
  • Os sindicatos de professores (representados por professores) acusam o Ministério (vejam só o ridículo: falam em falta de condições para trabalhar!)
  • Os professores (esses poucos, isolados, sem representação sindical) encolhem os ombros e dizem que os alunos não têm interesse.

Portanto, o resultado tá assim: TODA A GENTE ACUSA OS PROFS, EXCEPTO OS PROFS QUE ACUSAM OS OUTROS TODOS!

Eu não quero saber de quem é a culpa, mas garanto-vos uma coisa: se toda a gente acusa os professores, é porque eles merecem!

É como o caso dos judeus: vocês acreditam mesmo que um povo que anda a levar porrada há 4 mil anos é assim tão bonzinho? Os Egípcios deram-lhes porrada; os Árabes também; os Católicos expulsaram-nos e queimaram os que não quiseram sair; os Nazis tentaram exterminá-los. As únicas pessoas que eu vejo a defender os judeus são os próprios judeus, que acusam toda a gente de os perseguir. Por exemplo o Spielberg, que ultimamente só faz filmes a promover a máxima "Ser judeu é muito fixe e se não nasceste judeu és um porco sem direito à vida!".

Chego portanto às seguintes conclusões:
  1. Os professores são os judeus do sistema educativo português; queixam-se de toda a gente e ninguém gosta deles.
  2. Os alunos actuais são, obviamente, o Hamas; e estão a conseguir chegar ao poder!
  3. Os alunos de há 20 anos são a OLP; já fizeram merda, agora têm a mania que são bonzinhos, abanam a cabeça e dizem que no seu tempo não era nada assim.
  4. Os pais são uma espécie de Liga árabe. Com uma mão condenam a insolência e violência dos filhos, por outro lado justificam a sua insatisfação e pelas costas apoiam-nos com playstations e merdas no género.
  5. Os sindicatos de professores são os lobbies judeus espalhados pelo mundo. Falam, falam, não mudam a cassete, já ninguém lhes liga.
  6. Os funcionários são uma espécie de observadores da ONU: andam por lá a controlar o que se passa, mas assim que a coisa aquece metem as mãos nos bolsos e olham para o lado a assobiar; quando alguém lhes pergunta dizem logo "ah!, não vi nada!".
  7. O Ministério da Educação é uma espécie de grupo neo-nazi. Não lhe interessa qual é o problema, a culpa é de certeza dos profs.
  8. A escola é uma espécie de Faixa de Gaza, ou Líbano, onde a lei é a das ruas e a justiça faz-se com pedras.

A única coisa que não há nesta história toda é um Jimmy Carter ou uma ONU. Também dava jeito que em cada escola existisse um Arafat e um Rabin.

8 comentários:

ToBru disse...

Não sei bem porquê... mas pressinto isto:

A culpa do estado da Educação em Portugal, deve ter algo a ver com o Manuel Maria Carrilho.

Anónimo disse...

Qual quê, é tudo uma conspiração dos jornais para culpar o Carrilho =P

Nelson disse...

Hmmm... um acusa o Carrilho, outro defende-o. Está lançado o debate!

Anónimo disse...

Coitadinho do Carrilho - ele só queria ser o Santana Lopes da esquerda Portuguesa, aparecer nas festas com a mulher atrás (enfim, o Santana ainda tinha a liberdade de variar de rapariga, o Carrilho nem isso, coitado), ser entrevistado para as revistas cor de rosa na câmara de Lisboa e tal, e os malvados dos jornalistas não o deixaram. Não há direito! Já não se pode ser um playboy a viver à custa do estado hoje em dia!

kanjas disse...

Este post se não tivesse sido escrito só agora, merecia o primeiro lugar de entre todos os posts que já escreveste!!! Está genial.

Pois tá claro que sou estudante ;P

Nelson disse...

Quando chegar ao post 1000 faço outro top 20 (ou 30, ou 50, sabe-se lá!). Ou então crio um link para posts seleccionados. Os mais intemporais, os mais surreais, os mais fenomenais, os mais outra-coisa-qualquer-terminada-em-ais.

Anónimo disse...

Gostei muito deste. Está simplesmente fenomenal...
Conheço colegas que se tornaram professores e acho que vão adorar :P (sim, cultivo a impopularidade)

Vou ter o cuidado de divulgar apenas o link ou o texto com os respectivos direitos de autor salvaguardados. Depois do problema que tiveste naquele post do mundial, não quero ser origem de novas "modas" :P

Nelson disse...

lol :)