08 maio 2006

Os paradoxos de um Call Center

Vamos fazer um supônhamos: supônhamos que um funcionário de um call center ganha 1000 euros por mês para um horário completo (eu sei, eu sei, se calhar não ganham nem metade disso; mas isto é um supônhamos!). Ora, 1000 por mês, dá cerca de 45 euros por dia (notem que nem sequer estou a descontar o IRS e a segurança social; mas isto é só um supônhamos); o que dá cerca de 5,7 euros por hora, ou seja, um pouco menos de 10 cêntimos por minuto.

Agora, olhem para o preço das chamadas para os números 707 (e todos os call center do grupo PT, por exemplo, têm números 707). O custo é de, pelo menos 12 cêntimos por minuto, chegando aos 30 cêntimos por minuto nalguns casos. Isto, claro, com IVA. Descontando o IVA, dá um custo de 10 a 24,8 cêntimos por minuto, mais coisa, menos coisa.

Vocês também já perceberam o paradoxo? Ou sou só eu que acho estranho que o custo da chamada seja superior ao custo da mão-de-obra, chegando a ser 2,5 vezes superior. O paradoxo é mais gritante se olharmos para empresas do grupo PT! A PT factura mais com a vossa chamada para o call center do que paga de mão-de-obra a quem trabalha no call center. E para embelezar ainda mais o quadro, já de si bonito, os funcionários do call center são pagos através de empresas de trabalho temporário!

Moral da história: quando a PT quiser aumentar os lucros, só tem de facturar o dobro a todos os seus clientes e depois aguardar calmamente pelos telefonemas para o call center a reclamar do montante facturado!

Eu adoro a PT...

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