23 março 2006

Diálogo com um funcionário público

É típico. Telefono para uma escola e peço para falar com o prof. X. E o diálogo é qualquer coisa como isto:

Funcionário: Escola Y, boa tarde
Eu: Boa tarde, eu queria falar com o Prof. X, se faz favor
Funcionário: Ah, mas eu não sei onde ele está.
Eu: Então, podia procurar? (nesta altura penso: pois, eu é que devo saber!)
Funcionário: Olhe, eu não sei se ele estará a dar aula
Eu: Então podia confirmar no horário dele? (e penso: claro, eu é que sei se ele está em aulas ou não, eu tenho aqui um dossier com os horários de todos os professores, de todas as escolas)
Funcionário: Olhe, um momento, eu vou ver se ele está no gabinete.
Fico em espera, a ouvir música; Duas "Für Elise" depois...
Funcionário: Escola Y, boa tarde
Eu: Boa tarde, eu queria falar com o Prof. X, se faz favor.
Funcionário: Ah, mas eu não sei onde ele está
... a história repete-se.

Outro diálogo típico:
Funcionário: Escola Y, boa tarde
Eu: Boa tarde, queria falar com o Prof. X
Funcionário: olhe, eu não sei se ele tem aulas hoje.
Eu: Então podia ver?
Funcionário: Ah, pois, mas é que eu não tenho aqui os horários
Eu: Então, podia ir procurá-los, se faz favor, ou passar o telefone a alguém que saiba?
Depois deixam-me em espera, passam-me à secretaria, repete-se o diálogo, e dizem-me que não têm ali os horários dos professores, que na portaria é que têm, tão lá os horários todos! Passam-me novamente para a portaria e eu volto a falar com a mesma pessoa que me diz a mesma coisa. Depois:
Eu: Mas olhe, na secretaria disseram-me que você tem aí os horários todos
Funcionário: Ah, não sei. Um momento
Desta vez não fico em espera, e ouço a fulana a perguntar à funcionária que está a 3 metros de distância:
Funcionário: Oh fulana, tens aí os horários dos professores?
Fulana: Tão aí, na primeira gaveta
Funcionário: Ah, tá bem
De volta ao diálogo comigo
Funcionário: Ora... deixe cá ver... como se chama o professor?
Eu: Professor X (começo a ter pouca pachorra neste ponto)
Funcionário: Olhe, ele hoje não tem aulas. Mas eu já o vi cá hoje, deixe ver se ele está na sala de professores. (e eu penso: Se já o viu antes, porque não passou logo para a sala dos professores? Penso que é demasiado complicado para o pobre funcionário a quem não pagam para fazer esse tipo de recados. O seu trabalho é apenas atender o telefone, não é necessáriamente encetar conversas que façam sentido ou esclarecer quem, do outro lado, pretende esclarecimentos)
Fico em espera, volto a ouvir o "Für Elise". Passado um pouco atendem da sala de profesosres:
Professor: Sim?
Eu: Boa tarde, eu queria falar com o Prof. X.
Professor: Ó X! Tens aqui uma chamada pá!
E o Prof. X vem ao telefone. Depois de 20 minutos ao telefone, consigo falar 2 minutos com o homem, resolvo o que queria resolver e pronto. Isto é o que eu chamo eficiência!

Vou voltar a ligar para uma escola, para falar com a Prof. X. O funcionário não sabia onde ela estava (duh!) ficou de a procurar. Vamos a ver se já a encontrou... Já encontrou. Afinal, a Prof X tava na sala 5 a dar teste. Mas a pobre funcionária obviamente não sabe isso. Não dá para saber o horário a menos que efectivamente o procure, não é? Tou em espera (desta vez não ouço o "Für Elise"). Voltei à funcionária. Não encontrou a prof. Vai voltar a tentar para o mesmo sítio onde tentou há pouco e ninguém tinha atendido. E novamente, ninguém atendeu. Mas, milagre dos milagres... a professora apareceu mesmo ali à frente! Eficiência, meus senhores, eficiência!

1 comentário:

ana rita disse...

ahahahahaha!