A União Europeia é um bocado chata com essas coisas de direitos alfandegários. Há sempre quem ache que o interesse dos seus clientes sobrepõe-se a questões como taxas aduaneiras. E volta e meia consegue-se arranjar forma de contornar as regras, prestando um serviço valioso que é o fornecimento de material de contrabando e, ao mesmo tempo, ganhando uns trocos para alimentar a família.
Pelo menos presumo que seja para alimentar a família, e não por pura ganância.
Todos conhecemos as histórias dos barcos semi-rígidos com 800 biliões de cavalos que cruzam os mares a uns 3000 à hora para descarregar fardos de substâncias psico-trópicas de origem vegetal (e não só) nas praias de um qualquer estado membro da UE. Também conhecemos as histórias das pessoas que tentam contrabandear produtos nas viagens de avião, usando frequentemente o forro das malas de viagem ou do estômago para dissimular a carga. E histórias de pessoas a atravessar as fronteiras por meios cada vez mais criativos de forma a ludibriar as autoridades.
Só que todas estas estratégias têm um grande defeito: é preciso que alguém passe a fronteira acompanhado da mercadoria, e é aí que a coisa costuma dar para o torto.
Houve uns gajos na fronteira Rússia-Estónia (convém lembrar que como a Estónia é um estado-membro, transportar qualquer coisa para a Estónia com sucesso abre as portas a um mercado de 500 milhões de habitantes) que pensaram numa forma mais segura de fazer o seu contrabando. Neste caso, era de vodka, que na Rússia custa menos que água mas na Estónia é um nadita mais cara (p'raí umas 20 vezes mais). Ora como dá um bocado de cana passar a fronteira terrestre com um camião cheio de vodka de segunda ou terceira qualidade, o que pode trazer problemas, e como nas malas do avião não dá para levar quantidades grandes o suficiente que compensem o risco, o que é que os gajos pensaram?
Vá, dou-vos um minuto para pensar... e até dou uma dica: ao contrário do haxixe ou cocaína, a vodka é, por natureza, um líquido. À semelhança, por exemplo, do petróleo.
E deve ter sido mais ou menos este o raciocínio dos homens. Ora se o petróleo é líquido e é transportado através de longas distâncias por oleadutos, porque não construir um pipeline de vodka através da fronteira? Bravo, Melga! Brilhante!!!
Foram apanhados, mas acho que quando forem julgados e a sua sentença for lida a originalidade da ideia deve ser tomada em conta. Afinal, não é todos os dias que se descobre um pipeline clandestino numa fronteira com o intuito de fazer contrabando, pois não?
(obrigado Gonçalo)
22 setembro 2008
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4 comentários:
LOOOL, mais original era a "Rainha do Sul"... :-p (uma narcotraficante que a policia só conseguiu apanhar há coisa de uns dois anos... penso que o livro do Perez Reverte, A rainha do sul, é capaz de ser inspirado nela)
Devias ver como eles traficavam Vodka nos campos de trabalhos forçados e prisões em "Cadernos da Casa Morta". Ninguém pára os russos mesmo...
em abono da verdade convém esclarecer que parte dos suspeitos é russa e a outra parte é estónia. E não são só eles a traficar bebidas alcoólicas, acontece um pouco por todo o mundo, praticado por praticamente todos os povos.
Na altura do livro em questão, os estados bálticos faziam parte do Império Russo e pelo que é apresentado pelos livros da época nem parecia haver grande separatismo por parte dessas províncias que não eram especificadas de forma concreta ao contrário por exemplo da Polónia ou da Finlândia também integrantes do Império embora tivesse sido sempre uma zona de disputa entre os impérios russo e germânico.
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