Este vídeo está a gerar uma enorme polémica em França:
(vídeo também disponível no site do Público)
A contestação lembrou-me uma história: há muito, muito tempo, num país muito, muito distante, vivia um rei muito, muito feio. Um dia o rei chamou à sua presença um artista e encomendou-lhe um retrato. O artista assim o fez e pintou o retrato do rei. Terminado o projecto o artista mostrou o seu trabalho ao rei. Este ficou furioso com o retrato da sua fealdade e mandou matar o pintor. E ninguém teve a coragem de dizer ao rei que o retrato era bastante fiel e que o rei era mesmo muito feio. Contesta-se o retrato realista das coisas feias e pune-se o seu autor, mas encolhe-se os ombros perante a fealdade que é retratada.
20 maio 2008
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9 comentários:
E tens muita razão Nelson...
Chiça...é a realidade dos gangs...dos putos que são pescados para os gangues. Da falta de ocupação e alternativas dos que são pescados para os gangues...dentro dos gangues são alguém, e podem manisfestar a sua raiva contra o mundo q os esqueceu. Mas eles próprios acabam por esquecer que supostamente são seres humanos, com a sede de mostrar que mandam, e de intimidar. Só assim são alguém...caso contrário, não são mais do que um caso de assistencia social como muitos outros...
Mas está a fazer polémica porque?...Porque mostra que por lá as realidades sociais tb são azedas?
quando é que sai o 2º episódio?!
é o k eu faço mais ou menos aqui. na maior parte dos casos,há múltiplos factores k poderão explicaçr estas atitudes .
Tens de ver que isto não é um documentário ou coisa que se pareça. Isto é um videoclip dos Justice. O símbolo nos casacos do gang é o símbolo da banda.
As críticas ao filme têm a ver com vários factores:
1. É uma glorificação gratuita da violência que corre o ricos de ser muito mal interpretada pelos putos que são fans da banda.
2. Vai buscar imagens tipo "O ódio" ou "Laranja Mecânica" e descontextualiza-as, criando um efeito de choque fácil para promover a controvérsia e como tal a banda.
3. Paradoxalmente alimenta a retórica do Sarkozi da demonização dos "Banlieue" e dos imigrantes.
Fora isso tenho que dizer que a realização é brutal e de grande qualidade, os actores mais que convincentes, e que funciona como um murro no estômago. Mas afinal de contas isso e vender CDs era o objectivo principal.
Joao
é verdade, como videoclip é algo discutível. Irá aparecer em programas de música e não sob a forma de documentário. Contudo, não me parece que a violência esteja glorificada no filme, antes pelo contrário.
O filme não tem crítica ou referências, apenas mostra a violência sem contexto.
Isso leva a pessoas fazerem interpretações diferentes das mesmas imagens. Pessoas como tu e eu sentem as imagens como ameaçadoras, assustadoras e brutais (o que não deixa de ser uma exploração comercial do medo, e por aí também discutível), mas se vires os comentários a este filme no youtube ou noutro sítios onde foi colocado vês que muita gente acha o filme divertido.
E pessoas que já estão perto desta realidade sabe-se lá o que pensarão...
É uma questão de identificação. Eu vejo o filme e identifico-me com as vítimas, mas muita gente identificar-se-á com o gang e nesse sentido verão o filme como glorificando a violência aleatórea.
Joao
bom ponto.
mas independentemente do contexto haverá sempre quem interprete as coisas de forma idiota, apenas porque é idiota. Quero acreditar que a esmagadora maioria da população não é completamente idiota. E ao menos o video teve a virtude de pôr as pessoas a falar novamente sobre questões de exclusão social e violência urbana.
Não sei se partilho o teu optimismo em relação à "esmagadora maioria da população". :)
De qualquer forma só estava a tentar explicar o outro lado da polémica, porque achei que estavas a simplificar um pouco demais. Se há coisa que não falta em França neste momento é discussão sobre a violência urbana. Tem sido explorada até à exaustão por todo o tipo de agendas políticas populistas, e este vídeo só explora essa discussão de um modo simplista com objectivos comerciais.
Não penso que o realizador tenha tido algum objectivo concrecto de crítica social, mas também não acho que tenha querido incentivar a violência. Fez o videoclip para ter impacto e conseguiu-o.
Se a polémica tem ou não razão de ser não sei, mas tem mais a ver com questões de política interna francesa do que com alguma tentativa de censura moral, como o teu post fazia entender.
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