23 maio 2008

Educação e Matemática

Andava eu à procura de uma determinada demonstração de um determinado teorema feita por uma determinada pessoa1, e eis senão quando encontro um texto que merece uma leitura atenta por quem:
a) aprende matemática e gosta
b) aprende matemática mas não gosta
c) não gosta de matemática e nem sabe bem porquê
d) ensina matemática
e) ensina como se ensina matemática
f) decide sobre como se ensina matemática
g) todas as anteriores

O autor é V. I. Arnold, um dos matemáticos mais influentes do Séc. XX, talvez o mais conhecido da "escola russa". E contraria o vulgar preconceito2 que o conjunto das pessoas que fazem investigação em matemática e o conjunto das pessoas que sabe ensinar matemática não têm elementos em comum.

E a propósito lembrei-me de uma frase, cujo autor desconheço: "Quem sabe faz. Quem não sabe ensina", em cuja veracidade me senti tentado em acreditar por diversas vezes enquanto estudava. Agora, a pouco e pouco, consigo imaginar a existência de contra-exemplos.


1 A demonstração do V. I. Arnold do teorema de existência e unicidade de Picard-Lindelöf, que usa só aspectos geométricos do campo de declives.

2 Teorema: Seja P um preconceito; então existe E, uma excepção, tal que E viola P. Corolário: Seja G uma generalização. Então existe P, um preconceito, tal que G é um subconjunto de P. Demonstração: Deixa-se como exercício para o leitor.

5 comentários:

Ana disse...

o-O eu costumo vir aqui para descansar a massa cinzenta...não para a forçar a trabalhar mais... :p

=D

Anónimo disse...

Anti-bourbakismo fundamentalista de quem tem alguns (muito menos) telhados de vidro.

Quem lêr o livro do Arnold sobre métodos geométricos da mecância clássica e lêr qual a defininição de estrutura galileana percebe do que estou a escrever.

Nelson disse...

O estilo Bourbaki tem piada, mas não para ensinar. Entre Bourbaki e Arnold prefiro Bourbaki. Mas o que preferia mesmo eram livros inspirados por exemplos de edição recente, os livros do Arnold têm o problema de já serem demasiado antigos.

Anónimo disse...

«Mas o que preferia mesmo eram livros inspirados por exemplos de edição recente»

O que é que isto quer dizer?

E qual o problema de serem antigos? Os assuntos de que tratam estavam completamente definidos e os avanços que existiram desde então talvez tornem os apêndices obsoletos mas não os livros. E eu nem sequer sou grande fã...

Nelson disse...

não tem a ver com o conteúdo, mas sim com a forma de o expor. Os livros mais antigos são, em regra, mais difíceis de ler. O tipo de linguagem utilizada nalguns casos já caiu em desuso.

Exemplo: Gasiorowicz versus Cohen-Tahnoudji na mecânica quântica. Ignorando as diferenças de conteúdo, a forma como está escrito o Cohen-Tahnoudji torna-o muito mais acessível.