Aviso: este post é sobre bola.
Em tempos imemoriais as tribos andavam à porrada. Os guerreiros preparavam as armas, faziam as suas pinturas de guerra para intimidar o adversário, vestiam-se para o combate e após todos estes preparativos procuravam os seus adversários e começava a batalha. A excitação da tribo ia aumentando à medida que os preparativos avançavam e atingiam o seu auge nos instantes antes do embate.
Hoje em dia a guerra tem muito pouco que ver com estas guerras ancestrais. Os uniformes são standardizados, as armas são hi-tech, as pinturas têm como objectivo a camuflagem e a tribo moderna, o país, pouco se importa que esteja prestes a começar uma batalha. Vêem-se as notícias na televisão lê-se sobre isso nos jornais e pouco mais.
O herdeiro das batalhas tribais do antigamente é o futebol. Bom, é o desporto em geral, mas neste cantinho à beira-mar plantado, além de futebol pouca coisa importa (sabiam que já começou o Estoril Open? Um dos grandes eventos desportivos que têm lugar em Portugal, contando com a presença do nº1 mundial, tem honras de página 47 nos jornais desportivos, ao passo que o campeonato da III divisão de futebol ocupa páginas mais ou menos centrais). Quando há um jogo grande a excitação vai crescendo entre a tribo que se vai preparando para essa grande batalha. Vestem-se a rigor, alguns pintam-se, e, porque há transmissões televisivas de todos os jogos, quem não pode assistir in loco procura uma daquelas caixinhas que mudaram o mundo (ou então tenta uma ligação pirata à Sport TV através do computador) para assistir ao confronto.
Eu também sou um bocado assim. Em vésperas de jogo grande vou contando as horas que faltam para o jogo começar, planeio o sítio onde vou ver o jogo com alguma antecedência, faço prognósticos, leio nos jornais o que dizem os entendidos sobre as duas equipas e, à medida que a hora do jogo se aproxima, a excitação cresce, cresce, até que, no momento do apito inicial, só tenho olhos e ouvidos para o que se passa em campo, cada jogada é uma questão de vida ou morte, cada falta do adversário um crime que merece castigo exemplar, cada falta contra a minha equipa (é o Benfica, caso não se lembrem) uma tremenda injustiça do senhor do apito que prontamente merece insultos que não me atreveria a pronunciar contra o meu pior inimigo.
Hoje há jogo grande. É um Sporting-Benfica para as meias-finais da Taça de Portugal. O vencedor irá defrontar o Porto, já campeão, no estádio nacional, tentando impedi-lo de chegar à dobradinha e salvar a época conquistando um trofeu.
E no fim de semana que vem há jogo grande outra vez: é um Porto-Benfica, o Porto joga pelo brio profissional, o Benfica joga para salvar a honra e tentando ainda atingir o 2º lugar do campeonato.
Em apenas 4 dias há dois jogos grandes, os maiores, daqueles jogos que me fariam, em situações normais, tremer em antecipação com as emoções que experimentaria à medida que a bola rola.
Mas, por alguma razão que me ultrapassa de momento, nem por isso. Não sinto nenhuma excitação pelo jogo de hoje à noite nem pelo jogo de domingo. Se pudesse ia dormir e só acordava segunda-feira, com a esperança que os resultados não fossem muito maus ou, caso o tivessem sido, que ninguém se lembrasse.
Há razões que a razão desconhece...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Quado se está de férias é assim!!!
O jogo de hoje foi frustrante. 6-3 é que era!
Boa sorte na luta pelo 4º lugar. Depois do próximo fim de semana vai ser renhida.
ao autor e ao comentario do filipe moura: de facto só faltou 1...
:-)
não respondo. amuei.
Enviar um comentário