14 novembro 2005

Autocarros relativistas

Depois de ter concluido que o 16 anda a cerca de 287 mil km por segundo (ver post anterior sobre a Relatividade Restrita no quotidiano), agora observei uma coisa ainda mais curiosa: cheguei à paragem e dizia que faltava 1 minuto para vir o 16. Passados uns minutos, aparece um 46 e falta 1 minuto para chegar o 16. Depois passa um 58 (e ainda falta 1 minuto para chegar o 16). Passado um bom bocado (mais ou menos um quarto de hora), aparece um 16 e o écran continua a dizer que falta 1 minuto para chegar o 16. A conclusão, meus amigos, é só uma: o 16 agora levou um upgrade e já anda à velocidade da luz.



Ora, isto tem consequências muito sérias:

  1. um objecto à velocidade da luz anda sempre segundo uma geodésica, ou seja, com as devidas aproximações ao caso concreto em questão, em linha recta! Ainda estou para ver como raio é que eles conseguem fazer as curvas...
  2. Se anda à velocidade da luz, o relógio do autocarro (e o dos passageiros) está parado. Por isso é que parece que quando andamos de autocarro não saímos do mesmo sítio.
  3. Qualquer distância exterior medida do autocarro parece infinita (o que vem reforçar a ideia de as viagens de autocarro parecerem intermináveis).
  4. É preciso uma força infinita para travar o autocarro (o que é perigosíssimo quando há peões nas passadeiras)

Senhores da Carris: eu sei que 2005 é o Ano Internacional da Física e tal, mas voltem a pôr o 16 a andar a velocidades abaixo da velocidade da luz, sff! Já chega de relatividade para uma semana



Pronto, vou arrumar as minhas tralhas e vou "acampar" para a Semana da Física do IST.

3 comentários:

Goncas disse...

Peço desculpa pela alarvice, mas não podemos ter geodésicas rectas porque estamos no campo de uma distribuição de matéria esfericamente simétrica, que, pelo teorema de Birkhoff, implica que a métrica exterior é do tipo Schwarzschild. Lamento. Só no limite r -> (infinito), em que r é a coordenada de Schwarzschild usual para o raio (coordenadas esféricas).

Quanto ao facto de o tempo não passar, a coisa fia mais fino. Esse tempo é do referencial da paragem. Está visto que o tempo próprio não "anda" mais devagar! Se sabes que o tempo dos outros não está a passar e daí pensas que o autocarro está a c(velocidade da luz), como é que te chegou o sinal, se esse só pode vir tão depressa como a luz? Então não estaria a vir na geodésica para ti!

Nelson disse...

Pronto, tinha de vir a explicação séria! És mesmo cromo de física! :P
Eu devia ter posto a mesma nota de rodapé neste post que pus no anterior: tou-me nas tintas para as incoerências físicas da coisa!

Mas já que tamos numa de falar de física, dada a massa da terra e o seu raio, as geodésicas podem perfeitamente ser aproximadas por rectas. Quanto à questão do tempo próprio, sim, eu sei! Mas não teria muita piada assim, pois não?

Que mania que estes físicos têm... ;)

Goncas disse...

Pronto, pronto, prometo não estragar mais as piadas das pessoas... Sempre tem mais graça que a treta da física!