07 outubro 2008

Satisfação pessoal

Há já algum tempo que isto não acontecia: o prémio Nobel da Física foi atribuido pela descoberta de uma coisa de que eu até percebo um bocadinho! É só um bocadinho muito pequeno, mas já não acontecia desde 1999 (supostamente eu deveria perceber um bocadinho do assunto premiado em 2004, mas era a última parte da cadeira, já não percebi nada daquilo).


Nota: perceber um bocadinho quer dizer que fiz uma cadeira sobre o assunto, fiz um ou outro exercício sobre isso e passei à cadeira; não quer dizer que tenha gostado nem sequer que consiga explicar o assunto a outros. Se têm curiosidade, perguntem a um físico de partículas teórico. Eu só fiz duas cadeiras disso e não gostei particularmente de nenhuma.

31 comentários:

Grafonola disse...

rotura? não é ruptura?

Grafonola disse...

Parece que viemos todos da sopa...é a sopa densa e quente, é a sopa primordial...
O adágio deveria ser "da sopa viemos e à sopa voltamos".

Grafonola disse...

"O Modelo unifica os "blocos de construção" mais pequenos de toda a matéria e três das quatro forças da Natureza numa única teoria", indicou o Comité Nobel. "

Primeira calinada (até nem é assim muito grande): não há ainda nada que indique que estes quarks são os blocos de construção mais pequenos da matéria. Quando se descreveu o átomo, pensou-se que era este o bloco mais pequeno da matéria. Aliás, "átomo" quer dizer precisamente "indivisivel".

Se tivessem acrescentado blocos de construção mais pequenos conhecidos, ou descritos até hoje, já aceitava. Eu sei, preciosismos...

Segunda calinada: "três das 4 forças da natureza"??? forças da natureza?...não seria, forças do universo? do mundo subatómico? ou algo assim? e, novamente, 4 forças, que se saiba/conheçam...

Grafonola disse...

(ps - it's me, Van)

Grafonola disse...

Porra Nelson, tantas calinadas num texto tão pequeno...reparei noutra, mas essa já outro reparou: física subatómica???? LOOOOOOL!

Mas isto digo eu, e física de partículas não é propriamente o meu forte...

Este público é o riso nosso de cada dia...

Nelson disse...

Vamos por partes, tá bem?

1. Rotura vs. Ruptura
Citando o ciberdúvidas, "Na variante europeia do português, costuma-se utilizar as duas palavras com sentidos distintos, apesar de aparecerem no dicionário como sinónimos – a versão rotura é considerada preferencial pelo dicionário da Porto Editora, de Portugal, enquanto o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, brasileiro, prefere ruptura. Em Portugal, usa-se rotura no sentido físico – canos, calças, ligamentos, mecânica – e ruptura aparece no psicológico, afectivo (casamento ou relacionamento). No Brasil, não há essa distinção. "

Em boa verdade, nem uma coisa nem outra. Em inglês é "spontaneous symmetry breaking" e em português devia ser "quebra espontânea de simetria".


2. 1ª alegada calinada
Não é uma calinada porque são os mais pequenos conhecidos não havendo sequer indícios que possa haver algo ainda mais pequeno. Tal como quando é descoberto um calhau errante muito longe do Sol se diz que é o calhau "mais longínquo". Até ser descoberto algo mais pequeno os quarks e os leptões são os tijolos fundamentais do universo. A notícia está bem dada.


3. 2ª alegada calinada
A calinada é tua!

As quatro forças referidas são: electromagnética, fraca, forte e gravítica.

A electrómagnética e a gravítica são tudo menos sub-atómicas. Só duas destas 4 é que interagem somente a distâncias muito curtas: a fraca e a forte.

A quebra espontânea de simetria diz respeito a três destas: fraca, forte e electromagnética.

Quanto à distinção entre natureza e universo, Natureza é uma palavra usada para englobar tudo o que existe sem acção do homem. Universo engloba tudo. Tendo em conta que a acção do homem se limita a este pequeno calhau que orbita o sol, podemos dizer com alguma segurança que o Universo é todo ele natural (com uma pequena excepção que é o nosso planeta e o lixo espacial que o rodeia).

Nelson disse...

3ª alegada calinada:
A física subatómica é a área da Física que estuda os objectos que são mais pequenos que um átomo. Por exemplo, protões, neutrões e electrões. E os protões e neutrões são compostos por quarks.

A expressão usa-se e é correcta.

Nelson disse...

Concordo contigo numa coisa: a física de partículas não é o teu forte. :P

Grafonola disse...

Quanto à rotura. Ok. Mas não se utiliza o termo rotura de simetria em fisica, penso que é quebra, como indicou alguém. Exacto, como dizes a seguir: quebra (ou clivagem, mas clivagem é um termo mais utilizado em ligações intermoleculares) espontânea.

Quanto à alegada 1ª calinada, eles dão a entender que são os blocos mais pequenos. Não acrescentaram "conhecidos" ou "descritos". Mas, como eu disse, trata-se de um preciosismo aos olhos de muitos, mas uma calinada aos meus.
"Até ser descoberto algo mais pequeno os quarks e os leptões são os tijolos fundamentais do universo." Não concordo. São os tijolos do universo, que se saiba. Ou são considerados os tijolos do universo. Não há indicações que sejam mesmo e efectivamente os tijolos do universo, só porque ainda não se descobriu nada mais pequeno.

Continuo a não concordar com "forças da Natureza", um termo muito mais utilizado para descrever fenómenos climáticos Terrestres, actividades sismicas ou toda e qq outra actividade dita natural, sem acção do homem, neste 3º calhau a contar do sol.
São as forças que imperam em todo o universo. Usar o termo Natureza, que é utilizado maioritariamente para descrever o que é terreno e natural, é circunscrever a acção das 4 forças à Terra. Não houve qq calinada aqui.

Ok. Como eu disse, não entendo particularmente a fisica de particulas, mas tenho ideia que as forças fraca, forte e electromagnetica são geradas a nivel sub-atómico. Mas como em ultima análise quase tudo se gera a nivel sub-atomico...

Nunca ouvi chamarem fisica sub atómica à fisica de particulas, nelson. Só se isso é algum tipo de gíria ou calão...Ouvi sim, particulas sub-atómicas. Não fisica sub-atómica. Os fisicos chamam-lhe fisica de particulas.

Nunca disse q era o meu forte.

Ah, gluóns?...parece que o acordo ortográfico está a ser levado demasiado à letra.

Filipe Moura disse...

"A quebra espontânea de simetria diz respeito a três destas: fraca, forte e electromagnética."

Desta vez a calinada é tua, Nelson. A quebra espontânea de simetria diz respeito... somente à fraca! :)OK, o fotão é metido ao barulho, mas a força electromagnética sobrevive após quebra espontânea de simetria. Lá por isto envolver os quarks, não diz respeito à interacção forte.

(Li com mais atenção o que escrevias do que o que escrevia a grafonola - não tenho paciência. Posso estar a ser injusto. Desculpa.)

Filipe Moura disse...

Grafonola, desculpa lá mas acho que falas demais para quem (supostamente) entende tão pouco. Mas não me leves a mal - ando sem grande paciência para blogues e comentários...

Grafonola disse...

A força/interacção forte é sub-atómica. A força/interacção fraca é sub-atómica.
A força electromagnética é gerada por correntes electicas, que são correntes orientadas de electrões, ou não? E os electrões, não são particulas sub-atómicas?

Onde está a calinada?...em eu recusar chamar-lhes forças da natureza? :-p E só por isso já não percebo nada de fisica?...

Grafonola disse...

Filipe, se nem sequer leste ou percebeste o que eu disse/escrevi, então é porque só tens mesmo vontade de xingar alguém.

Grafonola disse...

E, infelizmente, levo a mal sim. Levo a mal que dês bitaites e tires conclusões afirmando ap mesmo tempo que não estavas com paciencia e não leste com atenção. Ou seja, baseaste as tuas impressões nas impressões pessoais do Nelson, que também não leu com atenção :-p.

Nelson disse...

A questão de serem os blocos mais pequenos, sim, é um preciosismo.

A expressão "quatro forças da natureza" é usada pelos próprios físicos.

Quanto às partículas subatómicas e consequênte física subatómica, sim, é uma expressão usada. Tal como se usa física atómica como sinónimo de física nuclear.

Em relação à origem das forças: TODAS as forças são geradas a nível subatómico. Mas isso é quase uma redundância.

E sim, chamam-se gluões. Mas esta calinada é a primeira vez que referes.

Grafonola disse...

Parece já ser tendência xingar só por não concordar...a tendência torna-se tal que o sentido que é dado às coisas é perdido.

a.i. disse...

Este Nelson és tu? :) «7.10.2008 - 14h06 - Nelson, Lisboa
Resposta ao Poveiro: O "Nobel da Economia" não é, em rigor, um Prémio Nobel. Os Prémios Nobel são os 5 originais: Física, Química, Medicina, Literatura e Paz. O prémio para a Economia chama-se "Prémio do Banco da Suécia em Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel".»

Nelson disse...

Grafonola: E a gravidade? É gerada pela presença de massa, consequência da presença de partículas sub-atómicas. Todas as forças são geradas por partículas sub-atómicas. Por algumas ou por todas. Se não há partículas há vácuo (Filipe: ler em sentido lato), não há interacções.

Filipe: sim, tens razão. Como disse, limitei-me a fazer uma cadeira sobre o assunto e nem gostei particularmente dela (E já foi há uns anos).

Nelson disse...

a.i: talvez. não confirmo, nem desminto. :P

Grafonola disse...

Ah, agora parece que já estás a perceber o que eu estava a dizer... onde é que eu disse alguma vez que os quarks não eram os tijolos mais pequenos da matéria? Eu disse, desde o inicio, que era uma questão de preciosismo e rigor.

Quanto à expressão "4 forças da natureza", estava, como é óbvio, a contestá-la. Seja ou não usada por físicos. Não concordo com o seu uso e considero-a incorrecta, e esta, hem?...Terei de aceitar cegamente tudo o que é dito por físicos ou afins só porque sim?...

Então se todas as forças são geradas a nivel sub-atómico, onde é que está a calinada quanto a eu afirmar isso mesmo ao referir "forças sub atómicas" como um termo mais adequado e rigoroso?

Sim, gluões é a primeira vez que refiro, por isso é que inclui "Ah" na frase.

Mais uma vez, não percebo nada e falo demais para o pouco que sei, não é? E tudo porque me recuso a aceitar a expressão "forças da natureza" por ser demasiado generalista...

Grafonola disse...

Sim, esqueci-me de referir a gravidade pq entretanto li o comentário do filipe.

Grafonola disse...

E digo mais uma vez, leste por alto, ou com pouca atenção. Não percebeste onde eu queria chegar. Pegaste pelo lado errado. E tiraste conclusões prepotentes e injustas.

Nelson disse...

Grafonola: permite que sejam os profissionais da área a decidir a própria nomenclatura, pode ser? Já agora, também queres contestar o uso da palavra átomo? Ou da expressão "força fraca", já que não é a mais fraca das 4?

O termo "forças sub-atómicas" não é rigoroso porque nem todas se limitam ao próprio átomo. A força forte e a fraca têm um raio muito pequeno mas a electromagnética e a gravítica são macroscópicas, com a gravítica a sentir-se à escala cosmológica. Chamar "sub-atómico" a uma coisa que se sente no universo todo é esticar um bocado.

Ana disse...

Ok, eles que decidam e as ovelhas que sigam cegamente sem nunca contestar nada...
E foste logo pegar no exemplo de "átomo", o mais fácil de contestar! :-p

A electromagnética e a gravitica fazem-se sentir a nível macroscópico. Mas originam-se a nivel sub-atomico. Mas, eu utilizei algures a expressão "em última análise"...referindo que "em ultima análise" todas as forças são sub-atómicas.

Filipe Moura disse...

Caro Grafonola, por não gostar de ser injusto dei-me ao trabalho de ler o que escrevias. Continuo a achar que deverias ter mais poder de síntese, ser mais objectivo e escrever menos (e evitar fragmentar os teus comentários em textos tão pequenos). Mas adiante.

"Continuo a não concordar com "forças da Natureza", um termo muito mais utilizado para descrever fenómenos climáticos Terrestres, actividades sismicas ou toda e qq outra actividade dita natural, sem acção do homem, neste 3º calhau a contar do sol.
São as forças que imperam em todo o universo. Usar o termo Natureza, que é utilizado maioritariamente para descrever o que é terreno e natural, é circunscrever a acção das 4 forças à Terra. Não houve qq calinada aqui."

Desculpa, mas isto é um disparate. Desde o tempo do Gallileu e do Newton se sabe que física é só uma, e "natureza" é o que ela descreve. Há manifestações diferentes dessa física a escalas diferentes, mas a natureza é só uma. As interacções de partículas, nucleares, subatómicas, como lhes queiras chamar, são naturalíssimas.

Nelson disse...

Grafonola, para acabar de vez com a questão das nomenclaturas:

E que tal a palavra Vitamina? Assim escolhida porque a primeira era uma amina, mas a maior parte delas não o é.

Ou que tal a utilização da palavra cancro para referência a doenças deslocalizadas como linfoma ou leucemia?

A nomenclatura é escolhida pelos prifissionais da área. É a eles que compete a escolha de nomes usados para se referirem aos objectos. E os outros têm duas hipóteses: gostar da escolha de palavras ou não. E a discussão acaba aí.

Não sou eu que vou contestar, por exemplo, o facto da IUPAC ter baptizado um elemento em homenagem a Einstein (Einsténio) ANTES de ter feito o mesmo em relação a Bohr (Bohrio) ou Roentgen (Roentgénio), qualquer um deles muito mais importante para a descoberta da estutura atómica que o Einstein.

Ana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana disse...

Nelson, podia-te falar das vitaminas... :-p mas não vou por aí, é redundante e não acrescenta nada à discussão.

Filipe, fui sintéticA o suficiente?...:-p

Goncas disse...

Aqui bate-se mais do que em Itália. É que neste país andam a clamar por justiça: o Cabibbo não recebeu nada e o Kobayashi e o Maskawa receberam. Para quem sabe existe uma matriz de mistura chamada CKM, dos nomes dos senhores, e parece que o C tem tanto direito ao prémio como os outros dois. Quanto ao Nambu também ouvi dizer que os USA reclamam pelo Goldstone, um dos proponentes de bosões sem massa resultantes da quebra espontânea de simetria (QES). E os de cordas contentes por um Nobel para um "cordista"... Cada um tem a sua telha. E para acalmar as hostes, a Física é em si mesma muito interessante e ao mesmo tempo uma tanga, por isso não se matem por causa dela. Já basta a política...

Ana disse...

Gonçalo, ora aí está: é das coisas mais interessantes, mas também a que tem mais tangas... :-p :D e ainda nos há-de matar a todos!! :D

T. disse...

Não é preciso que a Física nos mate a todos... A Biologia já se encarrega disso! ;)