09 outubro 2008

Expectativa...

Depois dos campeonatos do mundo de atletismo de 2003 e dos jogos olímpicos de 2004 em que se veio a descobrir substâncias dopantes à posteriori, desta vez a coisa pia mais fino: as amostras são guardadas e podem ser re-analisadas quando se descobrir um novo agente dopante indetectável na altura.

No final dos anos 90 e até se tornar conhecida pelas agências anti-doping a droga da moda era a THG (Tetrahidrogestrinona), sobretudo em modalidades de sprint, que requerem poder de explosão e grande massa muscular.

Já no ciclismo ou noutras modalidades de endurance, há muito que se conhece a preferência pela EPO (Eritropoitina), que premite aumentar os números de glóbulos vermelhos e consequentemente a oxigenação dos músculos.

Agora a droga da moda é uma coisa chamada CERA (Continuous erythropoitin receptor activator), também referida como EPO de terceira geração. Permite efeitos mais prolongados e é menos susceptível de detecção.

Menos susceptível, mas não impossível: houve 3 análises positivas no Tour deste ano e agora o COI vai re-analisar 5000 amostras recolhidas durante os Jogos Olímpicos. Fico à espera dos resultados com muita, mas mesmo muita curiosidade...

25 comentários:

Ana disse...

Beeeem...querem ver que há uma desclassificação massiva??

Alargando a "discussão" (sem querer fazer uma discussão, tá?) e fazendo de advogado do diabo, se cada vez mais nos socorremos de melhores equipamentos externos, como melhores piscinas, fatos de natação que diminuam o atrito com a água...depilar os pêlos corporais para diminuir o atrito com a água (no caso de nadadores) ou ou com o ar (no caso de ciclistas ou corredores), melhores ténis, whatever... se é tudo concebido no sentido de melhorar a perfomance do desportista...então, ipso facto, porque não dopá-los, melhorando a perfomance interna (do próprio organismo)? Sem atender aos riscos que reportam para a saúde, obviamente. Será a mesma coisa?

Anónimo disse...

Legalizem isto e acabem com a discriminação de género nestas provas.

Quem for tiver melhor performance ganha.

Caso contrário, quando vamos ter provas de natação com os atletas nús?

Nelson disse...

E onde traças a fronteira? A maior parte (ou quase totalidade) dos dopantes têm efeitos adversos. Não é expectável que os desportistas ponham em causa a sua própria saúde pelos resultados desportivos. Quem o faz deve ser penalizado, não colocado num pedestal.

Ana disse...

No entanto, muitos fazem-no (põem em risco a própria saúde) mesmo sem dopantes. Por exemplo, no futebol. As correrias de 90 minutos são uma bomba para o coração. Se tens o azar de ter um pequeno sopro indetectavel...

Mas é verdade, onde seria traçada a fronteira. E, não é a mesma coisa, né. Uma coisa é um fato de natação, outra coisa é a CERA.

Mas por acaso concordo com o anónimo. Se o objectivo é qual a melhor performance, quaisquer artificios que ajudem estão a mais.

Anónimo disse...

"A maior parte (ou quase totalidade) dos dopantes têm efeitos adversos."

So what? OS atletas têm o direito a colocar a sua saúde em risco caso seja essa a sua vontade. Não como acontecia na Europa de Leste aquando da Guerra-Fria.

"Não é expectável que os desportistas ponham em causa a sua própria saúde pelos resultados desportivos."

Expectável para ti. Para mim é irrelevante.

"Uma coisa é um fato de natação, outra coisa é a CERA."

Ambos dão uma vantagem a quem os utiliza em relação aos restantes.

Acabem com estas farsas.

Ana disse...

Anónimo, é um bocadinho diferente vestir-se um fato que diminui o atrito com a água e tomar-se um fármaco que actua internamente ao nível muscular...
Seria tão diferente quanto, por exemplo, vestir-se um casaquinho para se estar mais confortável na sala de aula em pleno inverno a fazer um exame final contrapondo a ter um chip na cabeça com a matéria toda lá enfiada...

Ana disse...

"OS atletas têm o direito a colocar a sua saúde em risco caso seja essa a sua vontade." Não, não têm. Mas cada um sabe de si.

Ana disse...

Uma coisa é verdade, ambas as perspectivas têm como finalidade dar vantagem a quem as utiliza. Mas umas dão uma pequena vantagem, outras dão uma grande vantagem e de tal ordem que põem em risco a vida do atleta. Se o atleta se fina a meio da prova, de que lhe serviu essa vantagem?...

Anónimo disse...

«"OS atletas têm o direito a colocar a sua saúde em risco caso seja essa a sua vontade." Não, não têm. Mas cada um sabe de si.»

Responder com estas duas frases juntas é quase de morrer a rir.

Aposto que a/o Van nem se apercebe porquê.

Anónimo disse...

Portanto segundo a Van eu não tenho o direito a fumar, ter relações sexuais desprotegido, comer pezinhos de coentrada, beber café...

Este nível de falta de consistência, auto-respeito e honestidade intelectual demonstrado no último comentário da Van é absolutamente impressionante.

A estas "pessoas" deve-lhes faltar um circuito sináptico qualquer para não conseguirem ver a inanidade duma coisa destas. Não vejo alternativa plausivel, mas aposto que são felizes assim sem se aperceberem sequer de que algo está errado.

Nelson disse...

vai uma grande diferença entre vestir um fato que diminui o atrito da água ou desenhar uma bicicleta mais leve e carregar o corpo com hormonas que estimulam a produção de glóbulos vermelhos ou esteroides anabolizantes.

E quem não vê isso, da próxima vez que tiver os pulmões carregados de uma bactéria qualquer, limite-se a vestir uns agasalhos em vez de tomar um antibiótico, a ver se é a mesma coisa.

Sobre o perigo para a própria saúde: não tenho nada a ver com os riscos que alguém corre. Mas se quero chamar a isso competição não posso esperar que todos estejam dispostos a fazê-lo. O objectivo do ban ao doping não é para proteger a saúde de cada um. Quem quer esteroides continua a tomá-los para aumentar a sua massa muscular. Mas não venha é fingir que é mérito seu a grande marca que fez nos 100m. A proibição do doping fez-se para proteger os outros, os que querem competir sem se encharcarem nessas merdas.

Ana disse...

Nelson, "Nunca discutas com um idiota, pois ele arrasta-te para o seu nivel e depois ganha-te em experiencia"...

Anónimo disse...

Assim está muito mais coerente, mas agora pergunto, e aqueles que por motivos de saúde têm níveis anormalmente elevados de glóbulos vermelhos (policitemia) não podem concorrer?

E se alguém crescer (sem influências deliberadas) até aos 3m e devido a isso conseguir vantagens significativas em algumas provas também não pode concorrer?

E quem necessite de drogas consideradas dopantes para levar uma vida sem sofrimento (estes casos existem e não são raros), também não pode concorrer?

Ana disse...

Anónimo, por acaso, mas só por acaso, no teu último ponto até que apresentas questões interessantes. Mas, sabes, é melhor não te fiares muito no que eu escrevo, pois a minha "falta de consistência, auto-respeito e honestidade intelectual" são "impressionantes"!

Quanto ao comentário que achaste ter falta de coerência, olhado de forma superficial assim pode parecer. Contudo (há sempre um senão, não há?), a questão é muito mais profunda, como tu próprio mostras nos argumentos que esgrimes (os que não se limitam a insultar pessoas que não conheces de lado nenhum, claro, e os que não estão carregados de verborreia pseudo-intelectual). Mas, sabes, ganhavas-me em experiência, por isso, remeto-me à minha insignificância e não me atrevo sequer a desenvolver/explicar/reformular os polémicos ditos, não vá ser ofuscada pelo brilho de tal estonteante sapiência...

Ana disse...

ps - vês, vês, tambémsei consultar um dicionário!!! IUPIIII! ;-p

Anónimo disse...

Van, os maiores insultos contra ti estão nos teus posts, não nos meus.

Adeus.

Ana disse...

Anónimo, não são posts, são comentários. Hasta la vista, babyyy!!! E gracias, parece que me conheces melhor que eu me conheço a mim mesma...LOOOOOOOOOL! Ai, filhinho, obrigada pela barrigada de riso de hoje!!! =DDDDDDDDDDD

Nelson disse...

Anónimo: seria bom que antes de começar a mandar postas de pescada como se fosses senhor de uma qualquer moral superior, pelo menos te informasses um pouco sobre os assuntos que comentas.

1. O nível de glóbulos vermelhos é analisado tendo em conta, entre outras coisas, o historial de análises do atleta. Não é o número de glóbulos vermelhos que mais importa, mas sobretudo a forma como esse número cresceu entre uma análise e outra.

2. Se alguém crescer até aos 3m pode competir. Nenhuma competição tem esse tipo de limites impostos. Um exemplo é o peso de uma fulana do halterofilismo, já não me lembro de onde é, que pesava à vontade o dobro das suas concorrentes. Quando começou o seu concurso já as outras tinham sido todas eliminadas, só para que vejas a discrepância. O Phelps tem uma anatomia que é particularmente adequada à natação, com braços longos e tronco alto em comparação com as pernas e não é banido nem suspenso por isso. O Miguel Indurain tinha uma capacidade pulmonar 2x superior à média da espécie humana e ninguém contestou as suas vitórias no tour por ele ter uma vantagem anatómica.

3. Se alguém precisa de drogas para viver pede autorização ao COI, no caso dos Jogos Olímpicos. Caso a caso a situação é analisada e a autorização pode, ou não, ser dada. Exemplo: o Sérgio Paulinho é asmático e pediu autorização para tomar o medicamente para a asma (costico-esteróides). A autorização não foi dada, provavelmente porque existem outros medicamentos disponíveis que não implicam tomar esse tipo de substâncias, ou porque o caso dele não é particularmente grave. Lá terão as suas razões; nuns casos a utilização é permitida, noutros é proibida.

Mas esperar que alguém que ainda por cima nem assina os seus posts que pesquise antes de começar a atirar alarvidades é exigir demasiado.

Olha, mas e que tal esperar que, se não tens nada de útil para dizer, não digas nada? Se calhar já funcionava...

Anónimo disse...

http://www.w3.org/Protocols/rfc2616/rfc2616-sec9.html#sec9.5

Quando não se sabe duma coisa, ou se estuda ou então devemos estar calados.

Para estudar pode ser utilizando o primeiro link, para estar calado o seguinte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmelitas

Espero não ter sido demasiado erudito.

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Quanto ao dono do blog.

Depois de um conjunto de POSTs decentes vem este...

1) As pessoas com policitemia normalmente não nascem com a doença.
Num momento podem estar bem e passados poucos meses (ou mesmo menos de um mês) ter um aumento por vezes brutal dos eritrócitos.

Este aumento ocorre por vezes sem aumento dos níveis de eritropoetina (vera) mas na secundária os niveis por vezes disparam tipicamente devido a problemas renais.

http://www.rice.edu/~jenky/sports/epo.html

Até recentemente (2004 nos jogos olímpicos segundo a referência anterior) o diagnóstico de doping por EPO era feito de forma muito indirecta pelo hematócrito. Se este estivesse acima de 50% o atleta era desclassificado.

Já conheci pessoalmente pessoas com o hematócrito superior a 53% e não tomavam garantidamente EPO. Esses não iam poder competir.

2) Também não conheço esses limites caso existam. A questão continua a ser, porque é que uma vantagem inata como por exemplo no Idurain (vamos assumir que era inata) deve ser aceite mesmo não dependendo do treino enquanto que as mesmas vantagens atingidas com métodos químicos ou físicos não?

3) Estava perfeitamente a par desse caso de que tomei conhecimento neste entre outras "fontes". O facto é que foi impedido de participar.

Por fim:

"Mas esperar que alguém que ainda por cima nem assina os seus posts que pesquise antes de começar a atirar alarvidades é exigir demasiado."

Sim, realmente é demais esperar que pesquise os critérios objectivos sobre a EPO e a policitemia antes de atirar com tretas como o primeiro ponto.
É realmente demais.

Quanto ao insulto velado sobre não assinar os meus POSTs vou utilizar as suas palavras:

http://faxavor.blogspot.com/2008/08/jo2008-parte-v-natao.html?showComment=1219835160000#c1563881436487858549

"E sobre os anónimos: comentários de anónimos são permitidos no blog. Quem não quer assinar, não assina."

T. disse...

Caro anónimo:

Obrigada pela informação, e pelos links (vou lê-los). Foi pena não começar pelos argumentos antes de expor de forma incompleta a sua opinião. É que assim a discussão teria começado logo por ser interessante. (Na minha modesta opinião, discussões com argumentos são mais interessantes).

Quanto a ser permitido comentar anonimamente neste blogue, de facto é (isso é algo que só ao autor cabe decidir). Mas o autor nunca disse que trataria sempre de forma igual um comentador anónimo e um que não o é.

Ana disse...

LOOOOOOOOOL,o anónimo espera não ter sido demasiado erudito só porque utilizou a palavra "estudar"...

Sabes, anónimo, não vou ver os links que indicaste, nem dar-me ao trabalho de "estudar" a matéria que tão eruditamente te dignaste a partilhar com estes pobres seres humanos que nunca terão a tua execelsa e vasta experiência. Não vou, precisamente por isso: és demasiado experiente e mestre em esgrimir alarvidades antes de apresentar um único e mísero argumento ponderado e assertivo. Os links e as explicações que envias, vieram tarde, muito tarde (aliás, demoraram o dia todo...essa googlada não devia estar a dar frutos, pois não?) e já quando nada do que escrevesses iria,pelo penos por mim, ser levado a sério. A discussão que levantas e alguns dos argumentos que dás poderiam ter sido mote de uma discussão engraçada, poder-se-ia ter aprendido alguma coisa, poderia ter sido divertida (quer dizer, até foi, LOOOOOOOOOOOL), poderiamos todos ter lucrado com os conhecimentos que possuimos (ou não...). Mas, preferiste entrar a matar, agressivamente, auto-proclamando-te detentor da erudição e da razão.
Portanto, manda os links que quiseres, atira os argumentos que te lembrares, esgrime as postas de pescada que googlares, que, por mim, é igual ao litro (como se costuma dizer)...ou seja, em linguagem brejeira: cagando e andando.

Nelson, desculpa ter iniciado a pseudo-discussão. Apenas queria fazer de advogado do diabo, levantando a mesma questão que o anónimo tão mimosamente esgrimiu. Não pensei que desse nisto... e desculpa também não ser capaz de seguir o meu proprio conselho... ;-p ;D (bem prega frei tomás...).

Quanto ao tal de comentário hipoteticamente incoerente, apenas quis dizer que, como decerto a maioria deve ter percebido, que não acho que esteja no direito de cada um dar cabo da sua saúde, uma vez que não vivemos sozinhos e isolados e que as nossas acções, incluindo a de nos maltratarmos, afectam sempre os que nos rodeiam. Mas, cada um sabe de si, ou seja, cada um tem a sua opinião. Ou cada um faz aquilo que quer, egoisticamente ou não, não significando isso que está no pleno direito de o fazer. Por exemplo, um assassino lá saberá se quer matar. O que não lhe dá o direito de tirar uma vida (exemplo um bocado exagerado, mas era para não haver interpretações erróneas).

Ana disse...

execelsa = excelsa ; erro de digitação, para alguns (argumento a favor de fraca erudição, para outros...).

Anónimo disse...

Espero que tanta ansiedade não te provoque uma desilusão com os resultados.

Nelson disse...

Anónimo: lá porque permito comentários anónimos não quer dizer que leve em grande consideração quem os faz, ou pelo menos em tão elevada consideração como quem assina os comentários.

Sobre a EPO vs. número elevado de glóbulos vermelhos por causas naturais: como o próprio link indica, desde 2004 o que é testado é a presença de EPO sintética (EPO recombinante, obtida de fontes externas ao corpo) e não a contagem de glóbulos vermelhos. Uma pessoa com policitémia pode competir. A frase onde o link refere os tais 50% é: "The only previously [NT: anterior a 2003] available route (...) was to ban an athlete if the hematocrit level was too high (e.g., above 50%)". 50% é dado como exemplo, não como critério rigoroso. O critério usado era referente ao historial do próprio atleta, não um critério objectivo, fixo e cego em relação às condicionantes de cada um.


Sobre as vantagens, sejam inatas ou adquiridas: qualquer vantagem inata é permitida. Qualquer vantagem adquirida com o recurso a treino é permitida. Qualquer vantagem dada pelo consumo de drogas é proibida. É um critério assim tão estapafúrdio? O que não se pode aceitar é que, porque uns estão dispostos a encharcar o corpo com qualquer esteróide, os outros não tenham uma hipótese justa de competir.


Sobre a utilização de medicamentos: os critérios para obtenção de regime de excepção terapêutico são:
"¨The athlete would experience significant health problems without taking the prohibited substance or method,
¨The therapeutic use of the substance would not produce significant enhancement of performance, and
¨There is no reasonable therapeutic alternative to the use of the otherwise prohibited substance or method."; fonte: http://www.wada-ama.org/en/dynamic.ch2?pageCategory.id=373

Ana disse...

"O que não se pode aceitar é que, porque uns estão dispostos a encharcar o corpo com qualquer esteróide, os outros não tenham uma hipótese justa de competir."

ora aí está!!!!

"Sobre as vantagens, sejam inatas ou adquiridas: qualquer vantagem inata é permitida. Qualquer vantagem adquirida com o recurso a treino é permitida. Qualquer vantagem dada pelo consumo de drogas é proibida. É um critério assim tão estapafúrdio?"

Para alguns parace que é...