Esta semana jogamos contra a África do Sul, um jogo particular de preparação para o mundial do ano que vem. Este jogo vem em muito boa hora. Porque, pelo andar da carruagem, vamos ficar de fora do próximo mundial e tão cedo não teremos outra oportunidade de jogar contra os sul-africanos.
Mas, bem vistas as coisas, não é nenhuma calamidade ficar de fora de um mundial. Afinal, já aconteceu a todos (ou quase). A Inglaterra ficou de fora em 1994, a Holanda ficou de fora em 2002, a França ficou de fora em 1990 e 1994 (e veio a sagrar-se campeã em 1998), e por aí fora.
As selecções com melhor historial acabam por ser a Itália (o último mundial em que não esteve presente foi 1958, mas falhou a qualificação para os europeus de 84 e 92), a Alemanha que esteve em todos os mundiais (excepto 1930 em que não participou e 1950 em que foi banida) mas falhou o apuramento para o euro de 1968; e até a Argentina falhou a qualificação para o mundial de 1970. A excepção notável é o Brasil, que marcou presença em todos os mundiais, sem excepção.
Por isso, não é nenhuma desgraça nem vergonha ficar de fora. É pena, e havia a obrigação de conseguir a qualificação, mas não é nenhuma vergonha. Sobretudo num país que até há 10 anos atrás comemorava as qualificações para fases finais com dia feriado (ou quase). Há que lembrar que a história da selecção portuguesa de futebol fez-se com um mundial em 1966 e outro em 1986, um europeu em 1984 e outro em 1996. Depois, a partir de 2000, estivémos em todos e com muito bons resultados (só por uma vez ficámos na primeira fase, no mundial de 2002). Estamos mal habituados, sem dúvida. Pelo caminho convém não esquecer que falhámos a qualificação para 11 mundiais e 8 europeus!!!
Também não acho que seja uma tamanha desgraça a contratação do Carlos Queirós. Qualquer seleccionador, tal como qualquer treinador, precisa de tempo para fazer uma equipa. Claramente Queirós não o está a conseguir, mas já que está contratado, acho que é de ficar com ele até final do apuramento. A coisa há-de melhorar. Ou então não, e Queirós consegue a estranha acumulação de "honras" de ser o único treinador a ter ganho títulos com as selecções nacionais de futebol e por outro lado ter conseguido falhar apuramentos em mais de uma ocasião (era ele o treinador na qualificação para o mundial de 1994 nos Estados Unidos).
A reclamar de alguma coisa nem é do jogo de sábado. A bola estava enguiçada, não entrava nem por nada. 24 remates, alguns bem perigosos e ou ia ligeiramente ao lado, ou ao poste, ou Izaksson fazia uma excelente defesa. Reclamemos com a falta de eficácia dos nossos avançados (três jogos em branco, dois deles em casa), mas não é um jogo que estraga as contas. É uma sucessão de jogos com golos marcados a menos e, admito, algum azar à mistura.
Mas o que é mesmo digno de reclamação, é a atitude de Queirós no final do jogo. A primeira coisa de que falou é dos 4 penalties que ficaram por assinalar a nosso favor na qualificação. Nota-se logo que é sportinguista. Para já, o lance em questão no sábado não era penalty. A bola já tinha partido há que tempos. Se Cristiano a tivesse atirado à baliza o Izaksson teria provavelmente defendido e não era penalty. Só não lhe tocou porque foi 1 km ao lado. Além disso, uma equipa que em 5 jogos só conseguiu marcar em 2 deles (e um dos jogos foi contra Malta, terra de épicas cabazadas), só tem de se queixar de si própria, não dos árbitros. Não foi por o árbitro não ter marcado penalty naquele lance que não ganhámos. Foi por termos feito outros 23 remates que foram ao lado, ao poste ou encontraram o guarda-redes pela frente.
Mas pronto, nem estou particularmente chateado com os resultados. São coisas que acontecem.
E, claro, ainda há esperança! Ganhando ambos os jogos à Hungria (o que começo a duvidar) conseguimos ultrapassá-los; ganhando fora à Albânia ficamos em terceiro, atrás de suecos e dinamarqueses (supondo que a Suécia ganha o jogo que tem a menos). Ganhando à Dinamarca ficamos a 4 pontos da Dinamarca e estaremos a 3 da Suécia. Como Suécia e Dinamarca ainda têm de jogar entre si duas vezes, dependemos apenas de nós para nos apurarmos e até podemos chegar ao primeiro lugar, se suecos e dinamarqueses empatarem ambas as vezes (supondo que ganhamos por 2 de diferença na Dinamarca)
Por isso, acho que mais vale esperar pelos próximos jogos e evitar histeria colectiva.
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5 comentários:
nunca vi tanta desculpa junta :DDD se portugal ganhar pede desculpa ao adversário tá bem?
O Queirós também tem uma coisa interessante no currículo... menos títulos de séniores ganhos como treinador principal do que o Paulo Bento. Sim, o Queirós tem um grande total de UM título de séniores ganho como treinador principal, a Supertaça de Espanha com o Real Madrid, Supertaça em que conseguiu perder a primeira mão com aquele plantel fraquinho, fraquinho que o Real tinha na altura.
O Queirós é um bluff, pelo amor de Deus. Quando até o Paulo Bento, um treinador assim assim na melhor das alturas, tem em 3 anos melhor palmarés do que o Queirós em 20...
Sim, o rapaz lá ganhou os tais Mundiais de Esperanças há 20 anos. Mas considerando que na altura lhe calhou nas mãos um conjunto tal de jogadores que vieram a ser conhecidos como a "Geração de Ouro" - nem os de 66 nem os de 84 receberam tal título - e depois disso conseguiu sucessivos insucessos em colossos do futebol mundial como os EUA, os EAU (os árabes), o Japão e a África do Sul... o homem é uma desgraça como treinador principal. Acredito que seja bom assistente, mas não dá uma para a caixa como treinador principal de séniores nem nunca deu.
Depois dá nisto; a equipa contra a África do Sul tem 1 ponta de lança e 5 centrais... e o ponta de lança fica no banco para jogar no lugar dele um tipo de 1.78m que nunca foi ponta de lança na sua vida e aqui d'El Rei peixe frito que não marcamos golos.
Nunca pensei que fosses apologista da mediocridade, Nelson. E sim, é certo que não temos propriamente grande história nas competições Europeias, mas também é certo que nesta década tinhamos - até agora - primado pela melhoria, e que temos jogadores nos melhores clubes mundiais. O Queirós tem tudo para pelo menos assegurar a qualificação. Acho que esse é o mínimo que se deve exigir. Com muito menos que isso outros treinadores conseguem muito mais - olha o Couceiro na Lituânia, que nem é grande treinador e está no segundo lugar do grupo dele à frente da França...
não pá, não defendo a mediocridade. E não estou contente com o andar da carruagem. Mas também não acho que seja caso para queimar o homem em praça pública. Pelo menos não para já. A qualificação espera-se, mas não é nenhuma desgraça não a conseguir.
O "falhanço" da qualificação para o Mundial de 1994 em que se disputou até ao último jogo, que era na casa do concorrente directo a Itália...
Por favor!!!
Gostos são gostos, o Paulo Bento deveria ser uma solução de transição, como tem conseguido ganhar uma "latas" vai-se aguentando. Prefiro o Queirós mil vezes, preocupa-me a converso porque o Scolari está disponível.
Em 94 não tinhamos equipa - tinhamos uns putos promissores e uma ideia de que em 86 até lá conseguimos chegar. Agora é completamente diferente; temos qualificações consecutivas há vários anos (para Europeus e Mundiais) e bons resultados nas duas competições. Temos jogadores com Champions no currículo - mais do que alguma vez tivemos -, temos o melhor jogador do mundo em título, enfim, temos muito mais equipa hoje do que em 94.
Entre o P. Bento e o Queirós, prefiro um treinador que ganhe troféus, e o Bento ganhou em 3 anos 3 vezes mais troféus de séniores como treinador principal do que o Queirós em 20. É triste mas é verdade.
O Queirós pode ser o mestre do futebol no papel, mas no campo não dá uma para a caixa.
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