29 dezembro 2008
Nevoeiro
Lisboa acordou no meio de um nevoeiro cerrado. Assim que fui à janela e vi como estava o tempo fui a correr para o computador e abri o site do Público. Mas não, nenhuma notícia sobre o nevoeiro... acho que ainda não foi desta que D. Sebastião voltou...
23 dezembro 2008
Politicamente correcto
Feliz _______________! (inserir festividade de acordo com a religião praticada/filosofia de vida/preferência pessoal - riscar o que não interessa)
Salvemos o planeta!!!
AVISO 1: Os avisos seguintes contêm spoilers. Caso pretenda ler o post sem receber de antemão informação sobre o seu conteúdo, não deve ler os avisos.
AVISO 2: Este post é sobre o Papa. Se é devoto da Igreja Católica Apostólica Romana este post pode provocar reacções adversas.
AVISO 3: Este post pode ser interpretado como defendendo orientações sexuais distintas da heterossexual e não é aconselhado a homofóbicos sem a supervisão de adultos responsáveis.
AVISO 3.14: Este post contém piadas geek dissimuladas. Não se aceitam pedidos de explicação das mesmas.
AVISO 6.28: A numeração dos avisos não é uma piada geek dissimulada. É até bastante explícita.
AVISO 7: Este post é fornecido sem qualquer garantia, expressa ou implícita. Não se aceitam reclamações ou trocas.
/**** OS AVISOS TERMINAM AQUI ****/
Feitos os avisos, aqui vai disto!
/**** O POST COMEÇA AQUI ****/
O Papa Bento XVI comparou a defesa da heterossexualidade à protecção das florestas tropicais. Assim, de chofre! Sem mais nem menos resolve pôr em pé de igualdade uma orientação sexual e uma medida ecológica.
Sem querer entrar em análises técnicas profundas, que percebo pouco de religião (já não vou à catequese há uns bons 200 milhões de anos) nem de ecologia (a última vez que plantei uma árvore foi no dia 21 de Março já não sei de qual ano, mas de certeza em meados dos anos 80, tava eu na primária), queria explorar um pouco esta comparação.
Ora, comparar a protecção da heterossexualidade à das florestas tropicais é como comparar um cozido à portuguesa com uma máquina de costura Singer. Um gajo até pode alegar que há pontos de contacto (decerto que muitos de vós têm avós que fazem um excelente cozido e possuem extrema destreza com a máquina de costura), mas 99,99999998% da população humana (façam as contas para ver quantos faltam) responde a esta comparação com um sonoro "Han?", acompanhado com um olhar esbugalhado a manifestar o mesmo tipo de surpresa que o do primeiro gajo a quem Picasso mostrou os seus quadros cubistas.
Mas, pior que isso, a comparação é TOTALMENTE ERRADA!!! Sim, errada! Factual e objectivamente errada. O Para errou. Ora, o Para é apenas um mensageiro de Deus, pelo que ou ouviu mal ou Deus errou. Espero que tenha sido a primeira, porque caso tenha sido um erro divino lá vem o Apocalipse. E acredito que tenha sido mesmo por ter percebido mal. O Para já é velhote, de certeza que tem problemas de ouvido e nesta idade tão avançada não me admirava que tivesse já sinais de doença de Alzheimer.
Mas em que me baseio eu para dizer que o Papa errou? Numa dedução lógica como a do queijo suiço. Conhecem a dedução do queijo suiço? A coisa funciona assim: o queijo suiço tem buracos; quanto mais queijo, mais buracos; mas quanto mais buracos, menos queijo. Logo, quanto mais queijo, menos queijo. A única conclusão para evitar este paradoxo é que não existe queijo suiço.
Neste caso, a argumentação é mais ou menos esta: A população humana precisa de alimento; logo, quanto mais pessoas, mais alimento; nomeadamente, mais vacas. Mas quanto mais vacas, maior a área de pastagens necessária para as alimentar. E a área de pastagem é roubada sobretudo às florestas tropicais. Logo, quanto mais área de pastagens, menos florestas tropicais. Logo, quanto mais pessoas, menos florestas. Por isso, a protecção das florestas tropicais é, quanto muito, comparável à diminuição da natalidade.
O que me leva à questão da paneleiragem. É que se há coisa que os homossexuais não conseguem fazer é reproduzir-se! Quanto muito podem adoptar crianças, mas isso não contribui para o aumento da população, limita-se a reciclar crianças já existentes (e estamos sempre a ouvir dizer na televisão que devemos reciclar mais, por causa do ambiente e do Gervásio). Além disso, casais rabetas (ou gajas camionistas) com putos adoptados têm menos probabilidade de vir a adoptar um labrador, o que também irá contribuir para a diminuição dos cães (que também consomem carne de vaca ou produtos derivados dela, logo, contribuem para a destruição da floresta tropical). Além de que, a fazer fé nas opiniões de alguns opositores à adopção por homossexuais, aquilo pega-se, o que irá fazer aumentar a população gay e alimentar o ciclo. Mais homossexuais, menos reprodução, menos necessidade de comida, mais floresta tropical!
Nota final: a minha argumentação pode parecer profundamente imbecil, desprovida de qualquer sentido, irracional, disparatada, absurda, ignóbil, ofensiva, estúpida, mal informada, ilógica, contraditória, falsa. Até pode ser. Mas não mais que a sucessão de dislates lógicos emanados por Sua Santidade.
AVISO 2: Este post é sobre o Papa. Se é devoto da Igreja Católica Apostólica Romana este post pode provocar reacções adversas.
AVISO 3: Este post pode ser interpretado como defendendo orientações sexuais distintas da heterossexual e não é aconselhado a homofóbicos sem a supervisão de adultos responsáveis.
AVISO 3.14: Este post contém piadas geek dissimuladas. Não se aceitam pedidos de explicação das mesmas.
AVISO 6.28: A numeração dos avisos não é uma piada geek dissimulada. É até bastante explícita.
AVISO 7: Este post é fornecido sem qualquer garantia, expressa ou implícita. Não se aceitam reclamações ou trocas.
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Feitos os avisos, aqui vai disto!
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O Papa Bento XVI comparou a defesa da heterossexualidade à protecção das florestas tropicais. Assim, de chofre! Sem mais nem menos resolve pôr em pé de igualdade uma orientação sexual e uma medida ecológica.
Sem querer entrar em análises técnicas profundas, que percebo pouco de religião (já não vou à catequese há uns bons 200 milhões de anos) nem de ecologia (a última vez que plantei uma árvore foi no dia 21 de Março já não sei de qual ano, mas de certeza em meados dos anos 80, tava eu na primária), queria explorar um pouco esta comparação.
Ora, comparar a protecção da heterossexualidade à das florestas tropicais é como comparar um cozido à portuguesa com uma máquina de costura Singer. Um gajo até pode alegar que há pontos de contacto (decerto que muitos de vós têm avós que fazem um excelente cozido e possuem extrema destreza com a máquina de costura), mas 99,99999998% da população humana (façam as contas para ver quantos faltam) responde a esta comparação com um sonoro "Han?", acompanhado com um olhar esbugalhado a manifestar o mesmo tipo de surpresa que o do primeiro gajo a quem Picasso mostrou os seus quadros cubistas.
Mas, pior que isso, a comparação é TOTALMENTE ERRADA!!! Sim, errada! Factual e objectivamente errada. O Para errou. Ora, o Para é apenas um mensageiro de Deus, pelo que ou ouviu mal ou Deus errou. Espero que tenha sido a primeira, porque caso tenha sido um erro divino lá vem o Apocalipse. E acredito que tenha sido mesmo por ter percebido mal. O Para já é velhote, de certeza que tem problemas de ouvido e nesta idade tão avançada não me admirava que tivesse já sinais de doença de Alzheimer.
Mas em que me baseio eu para dizer que o Papa errou? Numa dedução lógica como a do queijo suiço. Conhecem a dedução do queijo suiço? A coisa funciona assim: o queijo suiço tem buracos; quanto mais queijo, mais buracos; mas quanto mais buracos, menos queijo. Logo, quanto mais queijo, menos queijo. A única conclusão para evitar este paradoxo é que não existe queijo suiço.
Neste caso, a argumentação é mais ou menos esta: A população humana precisa de alimento; logo, quanto mais pessoas, mais alimento; nomeadamente, mais vacas. Mas quanto mais vacas, maior a área de pastagens necessária para as alimentar. E a área de pastagem é roubada sobretudo às florestas tropicais. Logo, quanto mais área de pastagens, menos florestas tropicais. Logo, quanto mais pessoas, menos florestas. Por isso, a protecção das florestas tropicais é, quanto muito, comparável à diminuição da natalidade.
O que me leva à questão da paneleiragem. É que se há coisa que os homossexuais não conseguem fazer é reproduzir-se! Quanto muito podem adoptar crianças, mas isso não contribui para o aumento da população, limita-se a reciclar crianças já existentes (e estamos sempre a ouvir dizer na televisão que devemos reciclar mais, por causa do ambiente e do Gervásio). Além disso, casais rabetas (ou gajas camionistas) com putos adoptados têm menos probabilidade de vir a adoptar um labrador, o que também irá contribuir para a diminuição dos cães (que também consomem carne de vaca ou produtos derivados dela, logo, contribuem para a destruição da floresta tropical). Além de que, a fazer fé nas opiniões de alguns opositores à adopção por homossexuais, aquilo pega-se, o que irá fazer aumentar a população gay e alimentar o ciclo. Mais homossexuais, menos reprodução, menos necessidade de comida, mais floresta tropical!
Nota final: a minha argumentação pode parecer profundamente imbecil, desprovida de qualquer sentido, irracional, disparatada, absurda, ignóbil, ofensiva, estúpida, mal informada, ilógica, contraditória, falsa. Até pode ser. Mas não mais que a sucessão de dislates lógicos emanados por Sua Santidade.
19 dezembro 2008
Crónica de uma morte anunciada
Como se esperava, o Benfica foi eliminado da Taça UEFA. Precisava de ganhar por 8 golos de diferença e ainda dependia do resultado do Olimpiacos-Hertha, que teria de acabar empatado.
Como se esperava, não ganhámos por 8 golos; como se esperava também, no outro jogo não houve empate, o Olimpiacos ganhou 4-0; logo, como se esperava, fomos eliminados.
O que não se esperava é que tendo a "obrigação" de ganhar 8-0, ou pelo menos a obrigação de tentar, tenhamos passado 90 minutos sem marcar um golo sequer e ainda tenhamos sofrido um.
E o resumo desta participação na Taça UEFA faz-se em quatro momentos, que podem ser ordenados cronologicamente ou do melhor para o pior, o que vai dar ao mesmo:
1º momento: a ganhar por 1-0 na Alemanha frente ao Hertha, deixámo-nos empatar a 15 minutos do fim; podíamos ter logo ali somado 3 pontos muito importantes para assumir a candidatura à liderança do grupo e perdemos a oportunidade.
2º momento: jogando em casa com o Galatasaray tínhamos a oportunidade de nos assumirmos como principais candidatos ao apuramento; mas perdemos 2-0 e ficámos em sérias dificuldades.
3º momento: sendo obrigados a ganhar fora ao Olimpiacos para poder continuar com aspirações ao apuramento, já que as contas estavam a correr mal, levámos uma cabazada e perdemos 5-1.
4º momento: como conclusão de uma época medíocre a nível europeu, recebemos o Metalist e tivémos a oportunidade de salvar a face e pelo menos mostrar que os jogos com Olimpiacos e Galatasaray foram infortúnios; não tivémos engenho para o fazer, e ainda fomos perder o jogo ao cair do pano, como se empatar não fosse já mau o suficiente.
Em suma, acabámos o grupo com 1 ponto em 4 jogos; perdemos ambos os jogos em casa, onde nem conseguimos marcar um golo; o único jogo que não perdemos foi contra o Hertha que também não tem razões para se orgulhar da sua campanha (2 empates e 2 derrotas, 1 golo marcado, 6 sofridos). E de caminho ainda levámos uma abada para mais tarde recordar.
Eu sei que jogar na Taça UEFA não é tão motivante como jogar na Champions, mas... era preciso frisar isso tão enfaticamente?
Como se esperava, não ganhámos por 8 golos; como se esperava também, no outro jogo não houve empate, o Olimpiacos ganhou 4-0; logo, como se esperava, fomos eliminados.
O que não se esperava é que tendo a "obrigação" de ganhar 8-0, ou pelo menos a obrigação de tentar, tenhamos passado 90 minutos sem marcar um golo sequer e ainda tenhamos sofrido um.
E o resumo desta participação na Taça UEFA faz-se em quatro momentos, que podem ser ordenados cronologicamente ou do melhor para o pior, o que vai dar ao mesmo:
1º momento: a ganhar por 1-0 na Alemanha frente ao Hertha, deixámo-nos empatar a 15 minutos do fim; podíamos ter logo ali somado 3 pontos muito importantes para assumir a candidatura à liderança do grupo e perdemos a oportunidade.
2º momento: jogando em casa com o Galatasaray tínhamos a oportunidade de nos assumirmos como principais candidatos ao apuramento; mas perdemos 2-0 e ficámos em sérias dificuldades.
3º momento: sendo obrigados a ganhar fora ao Olimpiacos para poder continuar com aspirações ao apuramento, já que as contas estavam a correr mal, levámos uma cabazada e perdemos 5-1.
4º momento: como conclusão de uma época medíocre a nível europeu, recebemos o Metalist e tivémos a oportunidade de salvar a face e pelo menos mostrar que os jogos com Olimpiacos e Galatasaray foram infortúnios; não tivémos engenho para o fazer, e ainda fomos perder o jogo ao cair do pano, como se empatar não fosse já mau o suficiente.
Em suma, acabámos o grupo com 1 ponto em 4 jogos; perdemos ambos os jogos em casa, onde nem conseguimos marcar um golo; o único jogo que não perdemos foi contra o Hertha que também não tem razões para se orgulhar da sua campanha (2 empates e 2 derrotas, 1 golo marcado, 6 sofridos). E de caminho ainda levámos uma abada para mais tarde recordar.
Eu sei que jogar na Taça UEFA não é tão motivante como jogar na Champions, mas... era preciso frisar isso tão enfaticamente?
18 dezembro 2008
Ordens
Eu detesto ordens profissionais. Acho que são instituições corporativas e inúteis e, sobretudo, carregadas de mofo, restos de uma sociedade de há muito tempo em que a sua existência era justificada pela necessidade de uma regulação de uma profissão. Mas, na verdade, uma ordem profissional é apenas uma associação de profissionais de uma determinada área. Que procuram, naturalmente, defender os interesses dos seus membros.
Por essa razão, porque são associações de profissionais que procuram defender os interesses dos seus membros, não consigo perceber porque é que em pleno século XXI lhes damos o poder de regular a actividade profissional que esses mesmos membros desempenham! Seria como ter a Associação Socio-Profissional de Polícia a investigar irregularidades dentro da PSP, ou ter os representantes dos operadores de telecomunicações a regular o seu sector em vez da Anacom (bom, neste caso até seria melhor: a Anacom é uma espécie de representante do grupo PT, se o sector fosse regulado por representantes dos vários operadores assegurava-se alguma pluralidade...). Ou, melhor ainda, ter as inspecções sanitárias aos restaurantes reguladas pela associação de estabelecimentos de restauração, em vez de ser por um organismo independente, neste caso a ASAE.
Não se compreende como é que compete à ordem dos médicos decidir quem pode, ou não, exercer medicina. Como é que a Ordem dos Advogados pode fazer depender de um exame criado por si o exercício da advocacia. Como é que a Ordem dos Engenheiros é que decide, segundo critérios que não se dá ao trabalho de pôr à discussão, quem pode, ou não, ser engenheiro. E, pior que tudo, como é que compete a estas mesmas ordens profissionais o direito a decidirem ou a influenciarem as decisões dos vários governos sobre os moldes nos quais podem ou devem exercer a sua actividade.
Mas isso sou eu, que não gosto de ordens profissionais. Talvez por defeito de carácter, mas tenho dificuldades em gostar de associações corporativas, caducas e feudais. Acredito que muita gente goste das ordens profissionais ou concorde com a sua existência e veja nela alguma relevância, com muito boas razões para tal, e não me quero meter nessa discussão (quer dizer, até quereria, mas não há tempo...).
Este post não quer ser sobre ordens profissionais em geral, mas sobre uma em particular: a Ordem dos Dentistas. É que os senhores da Ordem dos Dentistas resolveram impor preços mínimos para os serviços praticados pelos dentistas. E vai daí, a Autoridade da Concorrência multou-os! E eles recorreram. E o tribunal não lhes deu razão. Mas, insatisfeitos com o resultado,resolveram recorrer para as instâncias europeias!
Ora bem, vamos lá por partes: a Ordem dos Dentistas decide quem pode ou não exercer a profissão (não sei se o seu poder é tão absoluto como o da Ordem dos Médicos, dos Advogados ou dos Engenheiros, mas não deve andar muito longe). Deve regular a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais seus membros. E como querem eles regular a qualidade? Impondo preços mínimos, preocupados com o aparecimento de clínicas dentárias "low-cost" que, segundo eles, sacrificam a qualidade do serviço para poderem baixar os preços.
A ideia é excelente! Se não conseguem, ou não querem, competir com dentistas e clínicas que praticam preços inferiores, que tal, para não serem obrigados a abdicar dos elevados honorários que praticam, impor preços mínimos? Assim resolve-se o problema de uma vez e ninguém pode depois reclamar que os dentistas são caros, porque é a Ordem dos Dentistas, formada pelos próprios, que a tal obriga! É tão espectacular que não sei como é que as restantes ordens não se tinham lembrado disto antes!!!
De facto eu também estou preocupado com o aparecimento de clínicas low-cost! A diferença de preços é de tal ordem (eu paguei 60 euros por sessão para tratar um dente no meu dentista anterior e agora pago 30 num outro; pago 35 para uma limpeza, 25 para tratar um dente, 30 por um raio X) que das duas uma: ou os serviços low-cost têm qualidade duvidosa, ou os dentistas "standard" estão a meter-nos a mão ao bolso.
Ora, não faz sentido dizer que os dentistas, pessoas sérias, idóneas e, sobretudo, altruistas, andam a meter a mão ao bolso dos utentes! Afinal, eles não marcam consultas com 15 minutos de intervalo para garantir que caso falte um doente já está outro na sala de espera e evitar assim um intervalo em que não estão a facturar; eles não aumentaram os preços em 200% nos últimos 10 anos apesar de a tendência natural seja a da diminuição dos custos de produção de todas as matérias primas; e eles não organizam conferências dedicadas ao tema "rendimento por minuto", uma expressão muito querida dos dentistas. É assim que eles determinam a eficácia do seu consultório: quanto conseguem ganhar por minuto? Se um dentista ganha mais por minuto que um outro é mais eficiente. E fazem conferências (sim, houve uma há pouco tempo) dedicadas ao tema, tentando ajudar-se mutuamente a conseguir aumentar a rentabilidade! O que pode ser feito de duas maneiras: aumentando o preço do serviço cobrado ou diminuindo a quantidade de minutos necessários para o realizar. Hmmmm... onde é que entram as preocupações com a qualidade de serviço quando os dentistas andam a ensinar truques uns aos outros para poderem fazer as coisas mais à pressa?
Viva a qualidade dos serviços dos dentistas e viva a Ordem dos Dentistas, grande baluarte da defesa dos direitos dos utentes!
Preocupado com estas questões, e com as dificuldades que os dentistas enfrentam, o Ó faxavor! vai iniciar uma campanha intitulada "Este Natal, ajude o seu dentista a sorrir!". E o que proponho é o seguinte: porque os dentistas estão preocupados com a qualidade dos serviços prestados e porque necessitam de fixar preços mínimos de modo a conseguirem pagar as avultadas despesas inererentes ao exercício da sua actividade, este Natal ajudem o vosso dentista. Marquem uma consulta, mesmo que não necessitem, e deixem-lhe uma nota de 50 euros na caixa das gorjetas. Pode não ser muito, e de certeza que não vos faz falta, mas se todos contribuirmos podemos fazer a diferença. Retribuam a dedicação do vosso dentista e, neste Natal, sejam vocês a melhorar o seu sorriso!
Por essa razão, porque são associações de profissionais que procuram defender os interesses dos seus membros, não consigo perceber porque é que em pleno século XXI lhes damos o poder de regular a actividade profissional que esses mesmos membros desempenham! Seria como ter a Associação Socio-Profissional de Polícia a investigar irregularidades dentro da PSP, ou ter os representantes dos operadores de telecomunicações a regular o seu sector em vez da Anacom (bom, neste caso até seria melhor: a Anacom é uma espécie de representante do grupo PT, se o sector fosse regulado por representantes dos vários operadores assegurava-se alguma pluralidade...). Ou, melhor ainda, ter as inspecções sanitárias aos restaurantes reguladas pela associação de estabelecimentos de restauração, em vez de ser por um organismo independente, neste caso a ASAE.
Não se compreende como é que compete à ordem dos médicos decidir quem pode, ou não, exercer medicina. Como é que a Ordem dos Advogados pode fazer depender de um exame criado por si o exercício da advocacia. Como é que a Ordem dos Engenheiros é que decide, segundo critérios que não se dá ao trabalho de pôr à discussão, quem pode, ou não, ser engenheiro. E, pior que tudo, como é que compete a estas mesmas ordens profissionais o direito a decidirem ou a influenciarem as decisões dos vários governos sobre os moldes nos quais podem ou devem exercer a sua actividade.
Mas isso sou eu, que não gosto de ordens profissionais. Talvez por defeito de carácter, mas tenho dificuldades em gostar de associações corporativas, caducas e feudais. Acredito que muita gente goste das ordens profissionais ou concorde com a sua existência e veja nela alguma relevância, com muito boas razões para tal, e não me quero meter nessa discussão (quer dizer, até quereria, mas não há tempo...).
Este post não quer ser sobre ordens profissionais em geral, mas sobre uma em particular: a Ordem dos Dentistas. É que os senhores da Ordem dos Dentistas resolveram impor preços mínimos para os serviços praticados pelos dentistas. E vai daí, a Autoridade da Concorrência multou-os! E eles recorreram. E o tribunal não lhes deu razão. Mas, insatisfeitos com o resultado,resolveram recorrer para as instâncias europeias!
Ora bem, vamos lá por partes: a Ordem dos Dentistas decide quem pode ou não exercer a profissão (não sei se o seu poder é tão absoluto como o da Ordem dos Médicos, dos Advogados ou dos Engenheiros, mas não deve andar muito longe). Deve regular a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais seus membros. E como querem eles regular a qualidade? Impondo preços mínimos, preocupados com o aparecimento de clínicas dentárias "low-cost" que, segundo eles, sacrificam a qualidade do serviço para poderem baixar os preços.
A ideia é excelente! Se não conseguem, ou não querem, competir com dentistas e clínicas que praticam preços inferiores, que tal, para não serem obrigados a abdicar dos elevados honorários que praticam, impor preços mínimos? Assim resolve-se o problema de uma vez e ninguém pode depois reclamar que os dentistas são caros, porque é a Ordem dos Dentistas, formada pelos próprios, que a tal obriga! É tão espectacular que não sei como é que as restantes ordens não se tinham lembrado disto antes!!!
De facto eu também estou preocupado com o aparecimento de clínicas low-cost! A diferença de preços é de tal ordem (eu paguei 60 euros por sessão para tratar um dente no meu dentista anterior e agora pago 30 num outro; pago 35 para uma limpeza, 25 para tratar um dente, 30 por um raio X) que das duas uma: ou os serviços low-cost têm qualidade duvidosa, ou os dentistas "standard" estão a meter-nos a mão ao bolso.
Ora, não faz sentido dizer que os dentistas, pessoas sérias, idóneas e, sobretudo, altruistas, andam a meter a mão ao bolso dos utentes! Afinal, eles não marcam consultas com 15 minutos de intervalo para garantir que caso falte um doente já está outro na sala de espera e evitar assim um intervalo em que não estão a facturar; eles não aumentaram os preços em 200% nos últimos 10 anos apesar de a tendência natural seja a da diminuição dos custos de produção de todas as matérias primas; e eles não organizam conferências dedicadas ao tema "rendimento por minuto", uma expressão muito querida dos dentistas. É assim que eles determinam a eficácia do seu consultório: quanto conseguem ganhar por minuto? Se um dentista ganha mais por minuto que um outro é mais eficiente. E fazem conferências (sim, houve uma há pouco tempo) dedicadas ao tema, tentando ajudar-se mutuamente a conseguir aumentar a rentabilidade! O que pode ser feito de duas maneiras: aumentando o preço do serviço cobrado ou diminuindo a quantidade de minutos necessários para o realizar. Hmmmm... onde é que entram as preocupações com a qualidade de serviço quando os dentistas andam a ensinar truques uns aos outros para poderem fazer as coisas mais à pressa?
Viva a qualidade dos serviços dos dentistas e viva a Ordem dos Dentistas, grande baluarte da defesa dos direitos dos utentes!
Preocupado com estas questões, e com as dificuldades que os dentistas enfrentam, o Ó faxavor! vai iniciar uma campanha intitulada "Este Natal, ajude o seu dentista a sorrir!". E o que proponho é o seguinte: porque os dentistas estão preocupados com a qualidade dos serviços prestados e porque necessitam de fixar preços mínimos de modo a conseguirem pagar as avultadas despesas inererentes ao exercício da sua actividade, este Natal ajudem o vosso dentista. Marquem uma consulta, mesmo que não necessitem, e deixem-lhe uma nota de 50 euros na caixa das gorjetas. Pode não ser muito, e de certeza que não vos faz falta, mas se todos contribuirmos podemos fazer a diferença. Retribuam a dedicação do vosso dentista e, neste Natal, sejam vocês a melhorar o seu sorriso!
17 dezembro 2008
Fans
Quando um gajo é mundialmente conhecido tem, naturalmente, uma legião de fans histéricas. Mulheres que desatam aos gritinhos com a possibilidade de estarem cara a cara com o seu ídolo. Que são capazes de tudo para o ver mais de perto, que sonham acordadas com a personagem que idolatram, chegando a, em fantasias sexuais mais ou menos explícitas, ser infiéis aos seus respectivos namorados ou esposos. E quando acontece, quando conseguem ver o indivíduo famoso que adoram, tentam por vezes dar-lhe uma qualquer recordação sua, imaginando que esse indivíduo a irá guardar com ele, como recordação daquela fan especial. Por exemplo, um artista está no palco e de repente alguém lhe atira uma peça de roupa interior. Acontece com bastante frequência.
Com esta introdução até pode parecer que o post é sobre mim. Bom, não é. Eu sei que tenho fans que seriam capazes de tudo para me agradar, mesmo atirar-me roupa interior (curiosamente, nunca aconteceu... porque será?), mas não é disso que se trata.
Este post é sobre George W. Bush. É um homem mundialmente famoso, líder da maior potência mundial e da (ainda) maior economia mundial, mesmo em tempo de crise, comandante das maiores forças armadas do planeta, um dos homens mais influentes, capaz de decidir o destino de um país com uma simples assinatura autorizando uma qualquer invasão ou bombardeamento. Decerto tem milhões de fans no mundo inteiro, homens e mulheres, e entre estas decerto muitas ficariam histéricas com a possibilidade de chegar à fala com ele. Imagino que em diversas ocasiões muitas mulheres se tenham sentido tentadas a atirar-lhe a sua roupa interior, num gesto de completa histeria, de total adoração.
O problema é quando não há roupa interior para atirar. Aí há um problema. Como é que uma fan atira a GWB a roupa interior que não usa? Bom, quem não tem cão caça com gato e quem não tem roupa interior... atira sapatos!
De certeza que este arremesso do sapato foi uma prova de amor ao (ainda) presidente dos Estados Unidos da América, e não uma acção de protesto, como os media liberais (e com claras simpatias comunistas) tentam noticiar. O homem é adorado no Iraque, aliás, como poderia não o ser, já que libertou o país do jugo do tirano Saddam Hussein e trouxe democracia, paz, prosperidade e segurança a uma das mais antigas regiões da civilização humana?
Esses esquerdistas de meia tigela é que aproveitam tudo para noticiar protestos imaginários contra o grande líder do mundo livre... shame on you!
PS: quem atirou os sapatos por acaso foi um homem; mas a história faz muito mais sentido se se tratasse de uma mulher, por isso tomei a liberdade de alterar alguns factos; afinal, não devemos deixar que a verdade estrague uma boa história...
Com esta introdução até pode parecer que o post é sobre mim. Bom, não é. Eu sei que tenho fans que seriam capazes de tudo para me agradar, mesmo atirar-me roupa interior (curiosamente, nunca aconteceu... porque será?), mas não é disso que se trata.
Este post é sobre George W. Bush. É um homem mundialmente famoso, líder da maior potência mundial e da (ainda) maior economia mundial, mesmo em tempo de crise, comandante das maiores forças armadas do planeta, um dos homens mais influentes, capaz de decidir o destino de um país com uma simples assinatura autorizando uma qualquer invasão ou bombardeamento. Decerto tem milhões de fans no mundo inteiro, homens e mulheres, e entre estas decerto muitas ficariam histéricas com a possibilidade de chegar à fala com ele. Imagino que em diversas ocasiões muitas mulheres se tenham sentido tentadas a atirar-lhe a sua roupa interior, num gesto de completa histeria, de total adoração.
O problema é quando não há roupa interior para atirar. Aí há um problema. Como é que uma fan atira a GWB a roupa interior que não usa? Bom, quem não tem cão caça com gato e quem não tem roupa interior... atira sapatos!
De certeza que este arremesso do sapato foi uma prova de amor ao (ainda) presidente dos Estados Unidos da América, e não uma acção de protesto, como os media liberais (e com claras simpatias comunistas) tentam noticiar. O homem é adorado no Iraque, aliás, como poderia não o ser, já que libertou o país do jugo do tirano Saddam Hussein e trouxe democracia, paz, prosperidade e segurança a uma das mais antigas regiões da civilização humana?
Esses esquerdistas de meia tigela é que aproveitam tudo para noticiar protestos imaginários contra o grande líder do mundo livre... shame on you!
PS: quem atirou os sapatos por acaso foi um homem; mas a história faz muito mais sentido se se tratasse de uma mulher, por isso tomei a liberdade de alterar alguns factos; afinal, não devemos deixar que a verdade estrague uma boa história...
15 dezembro 2008
Feliz Natal, são os votos dos nossos patrocinadores
Chateia-me que o Marquês de Pombal e a Praça do Comércio estejam carregados de logótipos da TMN. Chateia-me à brava. Tá bem, eles pagaram a iluminação, mas não dava para lhes sacar o guito sem encher as principais praças de Lisboa com publicidade que entra pelos olhos dentro?
Será que isto não incomoda a presidência da câmara de Lisboa? Já se sabe que a CML tá nas lonas e precisa de guito para poder pagar facturas e juros de empréstimos. Mas não dava para fazer algum dinheiro, mesmo que fosse menos, com algo menos invasivo? Algo menos declaradamente publicitário? É que "iluminação patrocinada" e "anúncio comercial" são coisas bastante distintas! Um patrocínio é um pequeno logótipo em posição secundária, a lembrar quem pagou as contas. Num anúncio a mensagem da empresa ou a sua imagem estão em primeiro plano e procuram a máxima visibilidade para criar no destinatário a predisposição para a aquisição dos bens ou serviços. É precisamente isto que se passa nas principais praças de Lisboa. O facto de serem iluminações de Natal tornou-se completamente secundário. As luzes ali presentes não têm estrelas, nem anjos, nem mensagens de "feliz Natal". Só mesmo o gigantesco (e feio) logótipo da TMN.
Mas, sobretudo, chateia-me o patrocínio da Samsung à iluminação do Cristo-Rei. Tá iluminado (e de forma bem pirosa, diga-se) com leds a fazer um qualquer desenho que supostamente é uma representação de um anjo, e na base do monumento, a estátua de Cristo de braços abertos a olhar sobre Lisboa, um gigantesco logótipo da Samsung!
Que a CML está falida, já se sabe. Mas a Câmara de Almada está assim a precisar tanto de dinheiro que corrompa tão facilmente o seu principal monumento, figura omnipresente da travessia do Tejo pela 25 de Abril? Para a Samsung, está-se bem a ver, é um excelente negócio. O tempo necessário para a travessia da ponte cresce à medida que o Natal se aproxima e não dá para estar parado na ponte sem ver em permanência a sua mensagem publicitária, ali aos pés do Cristo-rei.
Espero que o negócio tenha sido volumoso. Muito volumoso. Que as câmaras municipais em causa tenham conseguido, pelo menos, sanear as suas delicadas situações financeiras, a bem dos seus munícipes. Que esta promiscuidade entre Natal e publicidade seja, pelo menos, um mal necessário para a continuação de serviços públicos de qualidade em duas das maiores cidades do país. Fico muito menos ofendido se me disserem "eh pá, nós também não gostamos, mas estamos um bocado de mãos atadas". Porque se foi por uma ninharia (e umas dezenas de milhar de euros são uma ninharia), sinceramente meus senhores, tenham vergonha na cara.
Ah, e porque vem a propósito: o Natal é, sobretudo, a festa da família. Reunimo-nos na noite de 24, trocamos presentes com as pessoas de quem mais gostamos, lembramo-nos da razão porque estamos juntos e recarregamos baterias para voltar ao mundo real dois ou três dias depois. Não é pelos presentes, seja pelo seu valor ou pelo símbolo de sucesso que representam, não é pelos doces, não é pelo subsídio de Natal. No Natal o subsídio é pago para permitir um maior conforto material na quadra festiva, os doces servem para confortar o estômago (e o conforto do estômago conforta a alma) e os presentes são um gesto para com as pessoas mais próximas a dizer que gostamos delas. Mas... experimentem um Natal carregado de presentes e doces e subsídios passado sozinho em casa a ver se é a mesma coisa. Ou então experimentem um Natal com uma refeição banal e uma qualquer sobremesa instântanea, sem presentes e com a conta a zeros mas junto das pessoas que importam. Continua a ser Natal, mesmo sem um telemóvel novo ou um plasma de 42".
Será que isto não incomoda a presidência da câmara de Lisboa? Já se sabe que a CML tá nas lonas e precisa de guito para poder pagar facturas e juros de empréstimos. Mas não dava para fazer algum dinheiro, mesmo que fosse menos, com algo menos invasivo? Algo menos declaradamente publicitário? É que "iluminação patrocinada" e "anúncio comercial" são coisas bastante distintas! Um patrocínio é um pequeno logótipo em posição secundária, a lembrar quem pagou as contas. Num anúncio a mensagem da empresa ou a sua imagem estão em primeiro plano e procuram a máxima visibilidade para criar no destinatário a predisposição para a aquisição dos bens ou serviços. É precisamente isto que se passa nas principais praças de Lisboa. O facto de serem iluminações de Natal tornou-se completamente secundário. As luzes ali presentes não têm estrelas, nem anjos, nem mensagens de "feliz Natal". Só mesmo o gigantesco (e feio) logótipo da TMN.
Mas, sobretudo, chateia-me o patrocínio da Samsung à iluminação do Cristo-Rei. Tá iluminado (e de forma bem pirosa, diga-se) com leds a fazer um qualquer desenho que supostamente é uma representação de um anjo, e na base do monumento, a estátua de Cristo de braços abertos a olhar sobre Lisboa, um gigantesco logótipo da Samsung!
Que a CML está falida, já se sabe. Mas a Câmara de Almada está assim a precisar tanto de dinheiro que corrompa tão facilmente o seu principal monumento, figura omnipresente da travessia do Tejo pela 25 de Abril? Para a Samsung, está-se bem a ver, é um excelente negócio. O tempo necessário para a travessia da ponte cresce à medida que o Natal se aproxima e não dá para estar parado na ponte sem ver em permanência a sua mensagem publicitária, ali aos pés do Cristo-rei.
Espero que o negócio tenha sido volumoso. Muito volumoso. Que as câmaras municipais em causa tenham conseguido, pelo menos, sanear as suas delicadas situações financeiras, a bem dos seus munícipes. Que esta promiscuidade entre Natal e publicidade seja, pelo menos, um mal necessário para a continuação de serviços públicos de qualidade em duas das maiores cidades do país. Fico muito menos ofendido se me disserem "eh pá, nós também não gostamos, mas estamos um bocado de mãos atadas". Porque se foi por uma ninharia (e umas dezenas de milhar de euros são uma ninharia), sinceramente meus senhores, tenham vergonha na cara.
Ah, e porque vem a propósito: o Natal é, sobretudo, a festa da família. Reunimo-nos na noite de 24, trocamos presentes com as pessoas de quem mais gostamos, lembramo-nos da razão porque estamos juntos e recarregamos baterias para voltar ao mundo real dois ou três dias depois. Não é pelos presentes, seja pelo seu valor ou pelo símbolo de sucesso que representam, não é pelos doces, não é pelo subsídio de Natal. No Natal o subsídio é pago para permitir um maior conforto material na quadra festiva, os doces servem para confortar o estômago (e o conforto do estômago conforta a alma) e os presentes são um gesto para com as pessoas mais próximas a dizer que gostamos delas. Mas... experimentem um Natal carregado de presentes e doces e subsídios passado sozinho em casa a ver se é a mesma coisa. Ou então experimentem um Natal com uma refeição banal e uma qualquer sobremesa instântanea, sem presentes e com a conta a zeros mas junto das pessoas que importam. Continua a ser Natal, mesmo sem um telemóvel novo ou um plasma de 42".
10 dezembro 2008
Equívocos
Hoje cheguei ao carro e dei com um papelito preso no pára-brisas. Detesto papelitos no pára-brisas, irrita-me este meio de promoção de serviços. Obriga-me a tirar o cinto de segurança e sair do carro para tirar o papel (em geral só reparo que tenho algo preso nas escovas depois de me ter instalado devidamente) ou, pior, se apanha chuva fico com papel derretido colado ao vidro.
Saio do carro para tirar o papel e olho para a mensagem publicitária. O título dizia: "Farto de gastar dinheiro? Venha ao Papoxeyo". Isto em maiúsculas, com a palavra "dinheiro" em letras maiores que o resto. Desconhecendo o que raio é o Papoxeyo, continuo a ler. De relance olho para os produtos em promoção e vejo: Coelho: 1,40€, Cão: 4,80€, Gato: 2,10€, Peixe: 2,50€.
Digam-me: pensaram imediatamente no mesmo que eu? É que quando li "coelho", pensei imediatamente num talho; depois, lendo "cão" e "gato" assustei-me. Eu sei que a crise anda aí, mas se a coisa já estivesse assim tão mal nem sei o que pensar...
Afinal, não, não é um talho. Lendo as letras pequenas, descobri que os preços referidos são para a ração dos ditos animais. A loja vende alimento para bichos, não vende bichos como alimento... Confesso que fiquei aliviado.
Na parte de trás, uma tentativa algo incipiente de mensagem humorística tinha um desenho do Garfield a dizer "Eu até aproveitava se lá servissem lasanha". Pois, lasanha, não. À primeira vista parece que servem coelho, gato, cão e peixe. Mas não falam em lasanha.
Saio do carro para tirar o papel e olho para a mensagem publicitária. O título dizia: "Farto de gastar dinheiro? Venha ao Papoxeyo". Isto em maiúsculas, com a palavra "dinheiro" em letras maiores que o resto. Desconhecendo o que raio é o Papoxeyo, continuo a ler. De relance olho para os produtos em promoção e vejo: Coelho: 1,40€, Cão: 4,80€, Gato: 2,10€, Peixe: 2,50€.
Digam-me: pensaram imediatamente no mesmo que eu? É que quando li "coelho", pensei imediatamente num talho; depois, lendo "cão" e "gato" assustei-me. Eu sei que a crise anda aí, mas se a coisa já estivesse assim tão mal nem sei o que pensar...
Afinal, não, não é um talho. Lendo as letras pequenas, descobri que os preços referidos são para a ração dos ditos animais. A loja vende alimento para bichos, não vende bichos como alimento... Confesso que fiquei aliviado.
Na parte de trás, uma tentativa algo incipiente de mensagem humorística tinha um desenho do Garfield a dizer "Eu até aproveitava se lá servissem lasanha". Pois, lasanha, não. À primeira vista parece que servem coelho, gato, cão e peixe. Mas não falam em lasanha.
09 dezembro 2008
X rated
A pornografia existe na internet desde que existe internet. Aliás, há até quem diga que a internet só serve para ver porno.
Mas agora há o Magalhães! E o Magalhães é patrocinado pelo Governo e começaram logo a aparecer opiniões mostrando a preocupação com o facto de o Magalhães permitir ver pornografia. Bom, eu lamento desapontar os mais conservadores, mas os computadores não conseguem distinguir entre a Linda Lovelace e a Vivian Leigh, tal como não conseguem distinguir entre o Garganta Funda e o E tudo o vento levou.
Só que... não temam, ó pais preocupados, tementes a Deus e que receiam que este instrumento do demo colocado pelas ímpias mãos do Governo ao alcance das vossas crianças os lance no caminho da perdição e do pecado! Não temam, porque o Magalhães tem funções avançadas de controlo parental!!! Sim, é possível impedir as crianças de ver pornografia!
Nota: para quem não percebeu o tom irónico, aqui fica a exlicação mais detalhada: não há controlo parental que torne inacessível toda a pornografia. Com trabalho suficiente qualquer computador acede a qualquer site porno. Além disso, o controlo parental não impede as inocentes crianças de andarem a copiar AVIs porno de um disco para o outro, nem impede os DVD porno. Dêm as voltas que derem. Mas também o leitor de DVD lá de casa não tem controlo parental, por isso não percebo qual é a histeria. Tá bem, os putos querem ver gajas de mamas grandes. É chato, mas querem fazer o quê? Ah, e o tal controlo parental avançado... existe em todas as versões do windows. Claro que ninguém alguma vez se preocupou com isso e os putos andam há anos a ver pornografia no computador dos pais, mas mais vale tarde que nunca, não é?
Mas agora há o Magalhães! E o Magalhães é patrocinado pelo Governo e começaram logo a aparecer opiniões mostrando a preocupação com o facto de o Magalhães permitir ver pornografia. Bom, eu lamento desapontar os mais conservadores, mas os computadores não conseguem distinguir entre a Linda Lovelace e a Vivian Leigh, tal como não conseguem distinguir entre o Garganta Funda e o E tudo o vento levou.
Só que... não temam, ó pais preocupados, tementes a Deus e que receiam que este instrumento do demo colocado pelas ímpias mãos do Governo ao alcance das vossas crianças os lance no caminho da perdição e do pecado! Não temam, porque o Magalhães tem funções avançadas de controlo parental!!! Sim, é possível impedir as crianças de ver pornografia!
Nota: para quem não percebeu o tom irónico, aqui fica a exlicação mais detalhada: não há controlo parental que torne inacessível toda a pornografia. Com trabalho suficiente qualquer computador acede a qualquer site porno. Além disso, o controlo parental não impede as inocentes crianças de andarem a copiar AVIs porno de um disco para o outro, nem impede os DVD porno. Dêm as voltas que derem. Mas também o leitor de DVD lá de casa não tem controlo parental, por isso não percebo qual é a histeria. Tá bem, os putos querem ver gajas de mamas grandes. É chato, mas querem fazer o quê? Ah, e o tal controlo parental avançado... existe em todas as versões do windows. Claro que ninguém alguma vez se preocupou com isso e os putos andam há anos a ver pornografia no computador dos pais, mas mais vale tarde que nunca, não é?
08 dezembro 2008
Bola
6-0. Aliás, 0-6. Soube bem! Ainda por cima porque o Leixões perdeu e agora sim, estamos em primeiro lugar! Finalmente, acabaram-se as pernas ao pessoal de Matosinhos, já andavam a chatear...
Note-se que refiro a derrota do Leixões como boa notícia, nada dizendo sobre os resultados de Porto e Sporting; a razão é simples: só me preocupo com os resultados dos adversários directos na luta pelo título, não me dizendo respeito os jogos que envolvem equipas mais pequenas.
Note-se que refiro a derrota do Leixões como boa notícia, nada dizendo sobre os resultados de Porto e Sporting; a razão é simples: só me preocupo com os resultados dos adversários directos na luta pelo título, não me dizendo respeito os jogos que envolvem equipas mais pequenas.
05 dezembro 2008
Pub
Não há tempo. Vamos para intervalo! Um intervalo precisamente sobre... publicidade! (MC2 = Malaysian Creative Circle)
(obrigado Tânia)
(obrigado Tânia)
03 dezembro 2008
UEFA
Estão agora a acabar os jogos do grupo do Benfica para a Taça UEFA. Hertha de Berlin contra Galatasary e Metalist contra Olimpiacos. Até há um minuto atrás, o empate entre Olimpiacos e Metalist colocava o Benfica fora da próxima fase, sem qualquer hipótese matemática de passar.
Como o Hertha de Belin vai perdendo, caso o Olimpiacos ganhasse, que seria o cenário ideal, ao Benfica "bastava" ganhar por 3 golos ou mais ao Metalist e que o Hertha de Berlim não ganhasse ao Olimpiacos na última jornada (para a semana).
Caso ganhe o Metalist, o que tudo indica que venha a acontecer (marcou o 1-0 perto do fim da partida, já estamos nos descontos), continua a haver uma esperança de apuramento. Para tal, "basta" que: Olimpiacos e Hertha empatem; e o Benfica ganhe ao Metalist por uns módicos... 9 golos de vantagem!!!
Sinceramente, não sei que cenário é pior: se ter de ganhar por 3 e depender de resultados alheios, o que ainda dá uma réstia de esperança aos mais crentes, se ter de ganhar por 9 e mesmo assim depender de resultados de terceiros, o que elimina qualquer esperança mesmo aos mais fanáticos e sonhadores adeptos, ou se arrumar de vez com a questão e ir para a última jornada sabendo que é o último jogo europeu da época.
Mas, em face das exibições e resultados deste ano, o melhor mesmo seria conseguir uma dispensa da UEFA e não jogar a última ronda.
Como o Hertha de Belin vai perdendo, caso o Olimpiacos ganhasse, que seria o cenário ideal, ao Benfica "bastava" ganhar por 3 golos ou mais ao Metalist e que o Hertha de Berlim não ganhasse ao Olimpiacos na última jornada (para a semana).
Caso ganhe o Metalist, o que tudo indica que venha a acontecer (marcou o 1-0 perto do fim da partida, já estamos nos descontos), continua a haver uma esperança de apuramento. Para tal, "basta" que: Olimpiacos e Hertha empatem; e o Benfica ganhe ao Metalist por uns módicos... 9 golos de vantagem!!!
Sinceramente, não sei que cenário é pior: se ter de ganhar por 3 e depender de resultados alheios, o que ainda dá uma réstia de esperança aos mais crentes, se ter de ganhar por 9 e mesmo assim depender de resultados de terceiros, o que elimina qualquer esperança mesmo aos mais fanáticos e sonhadores adeptos, ou se arrumar de vez com a questão e ir para a última jornada sabendo que é o último jogo europeu da época.
Mas, em face das exibições e resultados deste ano, o melhor mesmo seria conseguir uma dispensa da UEFA e não jogar a última ronda.
02 dezembro 2008
Tiro no pé
A expressão usa-se correntemente sempre que alguém age de forma contrária aos seus interesses, mas... raramente é aplicada no sentido literal!
Notável é a forma como o tipo não dá de si e continua como se nada tivesse acontecido!
(obrigado Mariana)
Notável é a forma como o tipo não dá de si e continua como se nada tivesse acontecido!
(obrigado Mariana)
Tá um frio que não se pode!
Hoje de manhã estão 5 graus em Lisboa. Porra, que tá frio!!!
E escusam de me vir dizer que "ah, em Bragança estão 2 negativos", ou "na Áustria estão 8 abaixo de zero", ou ainda que "Em Montreal caiu um nevão e a cidade está isolada", que eu tou-me a cagar. O frio de Bragança, Viena ou Montreal não me faz gelar os tornozelos. Os 5 graus de Lisboa até podem ser amenos, quando comparados com o resto do hemisfério norte, mas esses sinto-os nos ossos.
Tá frio, merda!!!
E escusam de me vir dizer que "ah, em Bragança estão 2 negativos", ou "na Áustria estão 8 abaixo de zero", ou ainda que "Em Montreal caiu um nevão e a cidade está isolada", que eu tou-me a cagar. O frio de Bragança, Viena ou Montreal não me faz gelar os tornozelos. Os 5 graus de Lisboa até podem ser amenos, quando comparados com o resto do hemisfério norte, mas esses sinto-os nos ossos.
Tá frio, merda!!!
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